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“Você deveria se envergonhar”: conheça o shamming

(*) Ricardo Dias Muniz

Já deve ter percebido que ultimamente os embates políticos focam mais em atacar adversários que propor soluções para o bem público. Chato, né? Pois é, vai piorar! Conheça a era das narrativas.

“Shamming” é uma palavra de origem inglesa que deriva de seu radical “shame” vergonha. Na política a expressão significa uma tática de manchar a reputação de um adversário, onde apoiadores terão vergonha de defendê-lo em um debate, simples na vida cotidiana. Esse apoio de pessoas comuns, é o que produz o convencimento dos indecisos em uma democracia, que são sempre maioria. Sem esse apoio, a derrota é certa. Por isso o foco em rotular quem apoia o adversário como sendo uma pessoa ruim. Ninguém quer ser considerado ruim, concorda? Ainda mais por questões políticas.

Mas não se faz algo tão engenhoso da noite para o dia, é preciso criar o ambiente mais adequado. Em resumo, a estratégia mais usada hoje consiste em criar um ambiente de patrulhamento extremo de comportamentos que sejam indesejáveis.

Por exemplo: ninguém gosta de conviver com racistas, machistas, preconceituosos; então, tudo que vem do adversário se torna racismo, machismo, preconceito. O que se habituou em chamar de “politicamente correto”. Em seguida, transforme tudo, tudo mesmo, que os adversários disserem, ou fazerem, como um ato de intolerância. Com as pessoas comuns temendo a repreensão social, terão medo de defender o candidato tachado como intolerante. Mesmo que na vida real a pessoa não consiga lembrar de nem um ato imoral ou intolerante que o candidato tenha feito.

Assim, se for defendido pelo lado “certo” um candidato imoral, vencerá um com moral ilibada; um ladrão terá vantagem contra o juiz que o prendeu; o corrupto terá vantagem contra o honesto. O embate político moderníssimo não se trata de confronto de ideias, trata-se quase totalmente de embate de narrativas.

Narrativa é como disse Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista, consiste em repetir uma mentira tanto que ela passa a ser verdade no imaginário da opinião pública. O nazismo alemão usou muito as técnicas de destruição de reputação, pregou a imagem que os adversários eram inimigos do partido e país, técnica executada perfeitamente por Goebbels resultando milhões de mortos. Posteriormente, a técnica foi replicada por cada ditadorzinho nesse planetinha, matando em um século cerca de 200 milhões de pessoas.

Que a verdade prevaleça. Não se pode ter vergonha da verdade, criminalizá-la é flertar com a morte.

(*) Ricardo Dias Muniz
Especialista em Gestão Estratégica, Engenheiro de Produção, estuda Direito e Ciências Políticas. Contato: munizricardodias@gmail.com

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

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