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SONHANDO COM DIAS MELHORES

Luiz Alves Lopes (*)

Felizes foram aqueles que vivenciaram um futebol clássico,  romântico, cheio de malabarismos e individualidades, irresponsável mesmo, em detrimento do que ocorre nos dias de hoje com a exacerbação do conjunto e que tem na formação e composição de equipes ‘craques’ medíocres.

Como desgraça pouca é bobagem, a transformação do esporte rei em ‘negócio’, a beleza, a exuberância e o prazer de sua prática, mesmo sob a égide do profissionalismo, o conduziu para um mundo irreal, elitizando-o e reduzindo-o a ínfimo percentual de países e clubes para as disputas maiores. Assistimos a uma minoria de clubes onde não falta dinheiro, desinteressados e descompromissados com e na formação de atletas.

De forma irresponsável, por aqui no Brasil, não foram e não são poucos os clubes de maior tradição que se aventuraram irresponsavelmente na formação de grupos de atletas com salários incompatíveis para nossa realidade (e da América do Sul também). Ainda que alguns títulos tenham sido alcançados, a quebradeira aí está…

Ainda que sob desconfiança e se sujeitando a estudos de profissionais liberais, a Lei da Sociedade Anônima no Futebol, recentemente aprovada e em vigor no Brasil, aparentemente se apresenta como solução única para grande parte de nossos clubes, atolados em dívidas gigantes e até então impagáveis.

Numa análise inicial, pode-se aventar algumas possíveis vantagens na implantação ou adesão ao modelo em tela, não menos verdade admitir que desvantagens também existem. Todavia, acredita-se que o saldo seja altamente positivo.

0 Bragantino, de Bragança Paulista, clube médio de nosso futebol, foi o primeiro a adotar a LSAF e parece que se deu ou está se dando muito bem. Claro que, por sua dimensão e tradição, poucos foram os obstáculos surgidos e afastados por ocasião das negociações.

Mais recentemente, dois gigantes ‘falidos’ sucumbiram à ideia, certamente após constatarem a inexistência de solução diferente para saírem da fossa em que se encontravam, voltando a sonhar com novos dias, ainda que tenham pela frente uma longa caminhada. Mas já estão respirando… um ar puro, sem a podridão que imperava.

Afastar dirigentes políticos e amadores, não lhes permitindo tomar decisões que interfiram diretamente nos resultados esportivos, criando mecanismo objetivando a quitação de dívidas, oportunizando deixar o futebol livre do risco de penhoras e execuções de dívidas, com a SOCIEDADE nascendo zerada de dívidas, são expectativas criadas.

Porém, o passivo do clube não pode ser esquecido. 20% da receita da SAF será suficiente para atender aos credores? Se hoje um clube de futebol não pode falir, aderindo à SAF, sujeitando-se a novas regras, poderá ir à FALÊNCIA.

Certo é que será questão de tempo a opção generalizada de nossos clubes, maiores, médios e menores, na adoção e implantação dos métodos e critérios preconizados pela lei 14.193/2.021, ainda que para tristeza de muitos apaixonados. Não há outra saída. O glamour deixou de fazer parte do futebol das multidões.

E o efeito cascata? No púbico e no privado, não gostamos de copiar as coisas boas? Por analogia (relação de semelhança) e moldagem (para dar forma), ainda que em questões menores, podemos inovar. Basta querer. Vale a pena tentar.

Aqui na terrinha, dentre tantas, temos duas situações desafiadoras: a da Liga de Futebol Amador e a do Coopevale Futebol Clube. Ambas a exigir de seus atuais e recentes gestores eleitos dedicação acima da média, acompanhadas de medidas que certamente desagradarão. Não há como evitá-las.

Em relação à entidade mater do futebol amador, dirigentes de clubes devem se compenetrar de suas obrigações para que tenhamos neste 2022 um mínimo de competições oficiais. Sacrifícios devem ocorrer. Não se ‘arruma’ uma casa da noite para o dia. Um passo de cada vez. Mas há uma necessidade de leitura, de conhecimento de normas para se evitar um aglomerado de fake news (notícias falsa), em moda nos dias atuais. Fala-se muita bobagem. Quanto ao Coopevale, o atual grupo gestor acena com a proposta de muito trabalho, muita dedicação, acenando ainda com muita inovação. Lá de cima, Serafim Leiteiro, Adonis Lara, Pedrão, Zé Moura, Jazi Boi, Lino Alves, Roberto Felipe e inúmeros outros acompanham com atenção o andamento das ações. Eles merecem coisas boas.

* Ex-atleta

N.B.- Gerir e administrar são coisas sérias. Ingerência incabível, indesejada, inoportuna, imprevista e desqualificada provocam um odor insuportável, trazendo descontentamento e desânimo. Quando praticadas sob olhares complacentes, permitem deduções, constatações e conclusões. Fazer o quê? Quem tem desconfiômetro, que vá plantar batatas em outras plagas. Certamente acontecerá… Tudo na vida tem limites. O direito de um termina quando começa o direito de outro. Simplesmente apontar o dedo é deprimente…

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de
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