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Os dois chi’s

por Crisolino Filho

O Brasil deveria se espelhar em dois CHI´s: “Chi” de China e “Chi” de Chile. Os sino-asiáticos deram mais uma demonstração do poderio de sua economia. O PIB deles cresceu em 2019, com toda recessão mundial daquele ano, nada mais nada menos do que 6,3%. Um colosso mundial, que vinha crescendo havia mais de 20 anos consecutivos na casa dos dois dígitos.

Não somos de maneira alguma favoráveis ao regime político chinês, muito pelo contrário, entendemos que, apesar de todo esse progresso, existe ainda prisão de presos políticos, falta de liberdade na imprensa e limitação das liberdades pessoais e individuais. Mas, mesmo com toda essa dicotomia, a China já assumiu o posto de segunda maior economia do planeta, e, se continuar no mesmo ritmo de crescimento econômico, ameaça destronar e em menos de vinte anos superar a maior economia do mundo, a dos Estados Unidos da América.

Para entender melhor a relação Brasil/China em termos geográficos: enquanto o Brasil tem uma área de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, a China tem um território um pouco maior, 9,5 milhões de km2, uma diferença equivalente a dois estados de Minas Gerais a favor deles. A maioria da população chinesa se concentra na costa leste, no Oceano Pacífico, onde vive aproximadamente 1/6 da população da terra.

As terras agricultáveis não são tão abundantes como no Brasil. Sua região oeste, pouco povoada, e a região central, que correspondem juntas a 2/3 de sua área, recebem pouca chuva e são dominadas por imensos planaltos e montanhas com altitude superior a 1.000 metros. A região norte é fria, o inverno rigoroso, neva muito. O país tem ainda vários desertos. Com uma população gigantesca, de 1,5 bilhão de habitantes, a China tem contra si a adversidade de seu relevo. No entanto, cresce espantosamente, enquanto o Brasil, com tudo a seu favor, como clima, inexistência de vulcões, furacões, terremotos e com imensa quantidade de terra para se desenvolver, dorme.

Já o pequeno Chile, com uma população aproximada de 16 milhões de habitantes, é um país sul-americano que se estende por mais de 4 mil quilômetros ao longo da costa do Pacífico. Embora seja o de mais longo território, não é grande por ser muito estreito. Em nenhuma parte chega a atingir 400 km, ou seja, pouco mais do que a distância entre Governador Valadares e Belo Horizonte.

Como na China, a natureza foi prodigiosa. Na região elevada, no Norte do país, existe o imenso deserto de Atacama, que está longe de ser um paraíso. Em alguns locais não chove durante anos. A região ao sul do grande vale central é fria e úmida. De quando em vez, o Chile é violentamente sacudido por tremores de terra.

Mas as adversidades naturais daquele país não impediram que ele se tornasse a economia mais competitiva da América Latina. Se continuar se desenvolvendo no mesmo ritmo dos últimos 15 anos, com taxas de crescimento anual entre 5% e 10%, vai ser o primeiro país da região a entrar para o clube dos países do primeiro mundo. Que angústia aos brasileiros de bem causa esta informação! Por que o Brasil continua travado? Por que esse gigante adormecido patina?

Apesar de ser uma nação politicamente dividida entre os que são contrários e os que ainda apoiam as políticas implementadas pelo ex-ditador Augusto Pinochet, os políticos chilenos colocaram o futuro da nação acima de seus interesses pessoais. Podem até divergir sobre diversas concepções, mas a CONCERTACIÓN, o pacto celebrado, prevê que tudo pode acontecer, mas a estabilidade e o desenvolvimento do país são prioritários.

Para atingir seu atual quadro de desenvolvimento, o Chile promoveu reformas de base, principalmente a da Previdência, e abriu seu mercado para o mundo. Além do cobre, exporta frutas, vinho de qualidade e pescado. Fez acordo econômico com os Estados Unidos e se mantém distante do Mercosul, liderado pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, já incorporados por novos sócios, entre os quais a Bolívia e a Venezuela de Maduro, representados pela velha e anacrônica esquerda latino-americana.

Com o estado reformado, economia moderna, povo orgulhoso da nação que está construindo, os chilenos caminham a longos passos para o mundo desenvolvido. E nós? Vamos continuar assistindo aos escândalos de corrupção? Do poder pelo poder? Quando este país vai passar a ter apenas orgulho de seu potencial? Que angústia!!!

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

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