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NADA SERÁ COMO ANTES

por Marcius Túlio (*)

   Não sou vidente, certamente que não. Sou apenas mais um observador que, na verdade, torce para que nada seja como antes, sobretudo, porque o antes e o agora são desanimadores. Mas sou brasileiro, e o brasileiro não desiste nunca!

A pandemia apocalíptica alardeada teima em não chegar em solo brasileiro, em que pese o hercúleo esforço de alguns malfazejos cavaleiros, do apocalipse, visionários de boas oportunidades que seus instintos extravagantes lhes intui.

   A verdadeira pandemia, não apocalíptica, mas real, que requer cuidados; aliás, qualquer doença epidêmica o requer, provavelmente despertou nos humanos uma reação até então adormecida de olhar para seu interior, propiciando análises mais aprofundadas de seu senso crítico.

Ao que tudo indica, a passagem do vírus chinês pelo Brasil deixará, além de efeitos colaterais nocivos, sobretudo na economia, um legado significativo, especialmente em face da conotação que a ele se atribuiu, diga-se de passagem, atropelando todos os resquícios do bom senso, da legalidade e da razoabilidade. Uma revolução!

   Não se trata de uma revolução convencional, mas uma revolução multidisciplinar que os brasileiros adeptos do racionalismo, da moral e dos bons costumes tanto esperavam com fervor e esperança.

   Em pleno curso, a revolução se estende pelos campos político, moral e ético, econômico, educacional, de segurança, da saúde, de infraestrutura, mas, principalmente, cultural, de costumes. Logo, uma revolução íntima, personalíssima, que ocorre dentro de cada cabeça pensante.

  Trata-se de uma revolução silenciosa, comportamental, de raciocínio natural, individual, mas contagiante; gradual, mas não lenta. Provavelmente imperceptível em larga escala, ainda.

   Alguns conceitos já foram abandonados; algumas mudanças já se operaram sem, contudo, que se apercebam de plano. Paradigmas foram quebrados naturalmente sem traumas, sem mágoas; simplesmente se quebraram em face de uma nova ótica que vem se oferecendo com fatos.

   A percepção da realidade é diferente agora. Os acontecimentos são praticamente os mesmos, mas a visão foi qualificada. Aprendemos a contextualizar as narrativas que antes nos eram impostas tendenciosamente.

 Reaprendemos a cultuar valores que nos haviam sido roubados, paulatina e sistematicamente.  Fomos reconduzidos a pensar.

   Não se surpreendam, portanto, se notarem que o futebol, embora uma paixão nacional, é apenas um esporte e um entretenimento fugaz, que a teledramaturgia não passa de uma realidade utópica que tenta deturpar valores familiares e patrióticos em doses homeopáticas.

   Não se assustem se, após a tempestade, passarmos a exigir dos políticos mandatários a respectiva prestação de contas e a postura que devem ter as figuras públicas, notadamente aquelas que se voluntariam a representar o povo. Que políticos são meros funcionários públicos temporários e que o dinheiro esbanjado por eles, na verdade é nosso.

   Não se confunda se, de súbito, constatar o quão é importante o trabalho. Que do trabalho, seja lá qual for a atividade, depende a produção, sem a qual sucumbimos à fome. Que a vida é uma engrenagem que não para e atropela os inertes.

  Quem sabe descubramos também que o Estado não pode nem deve prover todas as necessidades da população, muito menos interferir nas individualidades estabelecendo padrões de comportamentos.

   Poderemos perceber que numa democracia, vencedores e vencidos podem e devem conviver pacificamente respeitando opiniões divergentes, já que o objetivo há de ser o mesmo: sobreviver com qualidade.

   Talvez, não nos surpreenda também o fato de deduzirmos que sem a nação, não existe a família, e sem a família não existe o indivíduo. Sendo assim, ao Estado cabe cuidar dos interesses da nação e isso exige o estabelecimento de prioridades e que é preciso conhecer estas prioridades.

   É salutar que se perceba que uma vez iniciada, a revolução não tem retorno. É caminho sem volta, aparentemente evolutivo.  Resistir pode não ser uma boa opção.

   As cartas estão na mesa, o jogo é bruto. Sem uma leitura pelo menos razoável do ambiente, corre-se o risco de desperdiçarmos toda uma geração.

   Oxalá eu esteja certo!

   Paz e Luz.               

(*) Coronel reformado da PMMG   

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

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