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Muito prazer: “Tião da Vale, do Gráficos e do Botafogo…”

Luiz Alves Lopes (*)

Tarde/noite da quarta-feira, dia 5 de maio vigente. O telefone toca. Do outro lado, com voz eloquente, alguém vai logo dizendo: Luiz, aqui é o Tião, lembra? É o Tião da VALE do João Rosa, que na década de 60 jogou no Gráficos do Antor Santana e Zé Martins e que depois se transformou no Botafogo do bairro Santa Terezinha. O Tião irmão do Sinval da sanfona de oito baixos e com quem fiz dupla de atacantes. Saudades Luiz…

Respiramos fundo e um pedaço do filme da vida terrena passou por nossa mente e cabeça. Do outro lado da linha, Tião insiste: está me ouvindo Luiz? Tomamos uma água (água verdadeira, viu Bolivar), aprumamos o corpo e o papo rendeu.  Foi longo, emotivo e que certamente terá feito um bem danado ao TIÃO, que hoje não mais sai de casa, cuidando de sua esposa, ambos com problemas de saúde. A nós o papo fez um bem danado…

Um dia… era uma vez… assim começam todas as histórias. No limiar da década de 60, meninote ainda, aportamos em Valadares e fomos morar no bairro Santa Terezinha, na empoeirada rua 63, que hoje é a rua Florianópolis. Passamos a atuar no São Paulinho do Kanelinha (que jogava aos sábados) e no “cascudo” do Gráficos, clube varzeano fundado por Antor Santana.

No Gráficos tinha Nilton Oreinha, tinha Paulinho, tinha Xizinho, tinha Canelinha, tinha Nêgo Empenado, tinha Lula Calanga, tinha Valter, tinha Vitorino do Saae, tinha Getúlio Formiga,  tinha Tião Batucada e, sobretudo, tinha uma dupla de atacantes de fazer inveja e que respondia pelos nomes de SINVAL  e TIÃO. Dupla infernal e que, sob o comando técnico de Zé Martins, dava um trabalho danado aos “bequeiros” dos antigamente. Certo Anísio Carniceiro, Paulão, Rosemiro, Tonico e companhia Ltda.?

E o Gráficos, com o tempo, transformou-se no Botafogo, com as bênçãos do Osvaldo da Padaria Lopes, do  Eloi, do Mendes Barros e outros simpatizantes do clube da Estrela Solitária na cidade. Turma que dava para encher uma Kombi. Boleiros e simpatizantes do time de amarelo foram todos, de mala e cuia, para o Glorioso. Inclusive a dupla Tião e Sinval.

O tempo passou e, aí, “‘mister” João Rosa, em processo de remodelação de seu Esporte Clube do RIO DOCE, arrebanhou uma grande quantidade de craques para o clube da locomotiva, dentre os quais Paulinho, Jairo “já lateral moderno”, Zezito e muitos outros, acrescido da dupla Tião e Sinval.

No time da VALE, TIÃO, o Sebastião Pinto de Oliveira, com sua humildade e simplicidade e com uma disposição assustadora, fez história e se impôs como futebolista e artilheiro nato, levando o clube ferroviário a inúmeras conquistas nas disputas amadoras promovidas pela Liga local.

Das mais marcantes foi sua atuação, em 1967, no confronto Rio Doce x Almirante Barroso pelo Campeonato Varzeano (a Liga Amadora estava inativa), realizado no Estádio Armando Vieira, campo verdinho e bem tratado, pesado em função do pó de serra que recebia continuamente, todo cercado de casqueiro, arquibancadas de madeira e iluminação amarelada.

O time da Polícia que metia medo em todo mundo tinha muita gente boa como futebolista, nele figurando Onofre, Prisco, Café Ralo, Alicate, Doutor Tenente Cabo Dú, Nenzinho, Levy, Dorval, Luiz Castro, Chicão, Rolinha e outros mais.

No time da Vale, Maroto (Juvenal), Jairo, Timburé, Vadinho, Lambreta, Paulinho, Padeirinho, João Arthur, Sinval, Tião e Luizinho (Gilson Hermes). Guilherme, Robertinho, Doutor Manoelzinho Pinto e muita gente boa viria depois.

Em clássico que sintetizava verdadeira briga de titãs, Irineu Farias de Oliveira figurou como árbitro, ele o único que se fazia respeitar pelos seus colegas de farda. E o Rio Doce apresentou, como novidade, Maroto como goleiro ao invés de Juvenal. Coisas de Mister João Rosa.

Resultado final: Rio Doce 3×2 Almirante Barroso, com TIÃO assinalando todos os três gols da equipe Ferroviária e com Luiz Castro assinalando os dois tentos dos militares. Durante a partida, Maroto defendeu  uma penalidade máxima em cobrança de Luiz Castro.

Mais adiante, já defendendo as cores do Democrata Pantera e atuando ao lado do saudoso João JOTA Nunes, divertíamos com as agruras do Cavaleiro Negro quando enfrentávamos o Rio Doce de João Rosa, tendo Tião pela frente. Segundo JOTA, o Tião cambaleava, balançava, desequilibrava, mas não caia. Em praticamente em todos os jogos contra a Pantera fazia seus golzinhos. O Jota saia do sério…

De Sebastião Pinto de Oliveira – o TIÃO -, muito se pode escrever, dizer e registrar. Dentro de tantas coisas boas, louváveis e merecedoras de registros estão o seu caráter, o seu companheirismo e gestos de agradecimentos.

Soube agradecer ao Rio Doce, ao mister João Rosa e à família ferroviária a dádiva de ter sido acolhido nos quadros da empresa que dignificou com trabalho e presteza e pela qual se aposentou. Com a saúde abalada, vive com humildade e simplicidade no bairro Grã-Duquesa, com a consciência tranquila do dever cumprido. Vida longa ao TIÃO.


(*) Ex-atleta

N.B.1 – As condutas de Carlo Ancelotti, Guardiola e Klopp na beira dos principais gramados de todo o mundo são dignas dos maiores elogios e encômios. De fazer inveja e constatar como estamos atrasados.

N.B.2 – Jorge de Jesus deixou cair a máscara, desnudando a personalidade de uma criatura sem ética, princípios e valores morais. Nem um seu compatriota respeitou. Ainda assim a turma dos bajuladores continuará a idolatrá-lo?

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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