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Morre uma Gente

por Marcos Santiago

Lamenta-se a morte de um policial, em confronto. Um cidadão que é, indiferente de qualquer classificação: gente. Carne, osso, alma, mente e emoções. Que veste o uniforme cotidiano e vai ao campo de batalha. Que faz por merecer seu soldo. Que tem família, valores, responsabilidades e projetos. Perda. É digno de homenagens! O que acontece, todavia, é que a morte do soldado, do negro, do camponês, do operário, da ex companheira, do político, da professora, enfim, é apropriada pelas ideologias. Todas. Há a substituição de um discurso ideológico por outro. Ou outro. O discurso da esquerda, da direita, do isento puritano, do crente ou do ateu, do urbano ou do rural, do patriota ou do global, do chato marqueteiro, do teórico ou do prático. Por aí segue, longe. Certo que o soldado ou determinadas categorias da sociedade já gozam de um sistema de promoção e proteção instituídos, de um lugar social. Seja de mútua ajuda (clubes, associações, corporações, sindicatos) seja por mecanismos institucionalizados como um sistema de saúde próprio e afim, proteção previdenciária, sistema de justiça que o atenda, estruturas de educação próprias, socorro aos dependentes, até o simbolismo social e preservação de direitos humanos como alimentação, moradia, salário digno, autonomia, ir e vir, descanso remunerado… Longe do mote negacionista, certo que há grupos que, desde eras, são alijados de condições mínimas para seu próprio desenvolvimento ou desenvolvimento de sua comunidade. Para alguns, a mão do estado, da justiça ou do descaso é maior, bem maior e mais pesada. A mídia, em grande parte, sempre foi tendenciosa, para um ou outro lado. Determinados grupos falam mais ou bem alto, outros ditam o que vai ou não vai na redação, na linha editorial de uma notícia paga ou financiada. Todo grande jornal mantinha uma coluna social, de promoção do glamour e da fina sociedade. Hoje a mídia tem se tornado aberta para causas sociais, seja de esquerda,  de direita ou de centro. Sim, todo agrupamento tem causas e projetos coletivos, amplos ou restritivos. Mas a notícia tem focado em condutas reiteradas e abomináveis, seja por ser rentável seja por ditames éticos. Claro! A crítica a um sempre incomoda ao outro, e vice-versa. É de se desejar, em uma democracia. Eu já acredito na crítica ao outro e a mim mesmo! Autocrítica. Ser capaz de condenar a violência contra qualquer pessoa, gênero, credo, origem, condição econômica ou cor. Ser capaz de censurar o dano ou perda de vidas fardadas ou no exercício da profissão. Aliás, quando se denuncia acidentes e doenças do trabalho, o dano no exercício da profissão não distingue o operário do sargento ou do cientista. É perda e lástima, por vezes, evitável. A morte do policial pode não sair em um ou outro blog e jornal, mas certamente vai estar no boletim da corporação, da associação e nos editais do estado. Vai ser enterrado com honras militares, condecoração, e seus familiares farão jus a uma pensão razoável e direito ao plano de saúde, bem como de estudar na escola militar ou residir em uma vila militar. É justo e honrado. E o sistema de justiça vai, de uma ou de outra forma,se mobilizar para responsabilizar e punir os assassinos. É que todo esse sistema não funciona para determinadas castas sociais. Eu vejo não com a deficiência monocular de esquerda ou de direita, como bom cristão ou alienígena, vejo como humano, de humanidade. O lema da revolução francesa me é sempre válido: igualdade (de condições), liberdade e fraternidade. Ciente de que isso também é parte de uma robusta ideologia.


As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

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