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As lições e constatações de uma final

(*) Luiz Alves Lopes

Sou tricolor de coração… logo, sinto-me à vontade para “rabiscar” o presente texto, emitindo opinião pessoal sobre a final do Mundial de Clubes ocorrida em 21 de dezembro, em terras longínquas, entre Liverpool, da Inglaterra, e o CR Flamengo, do Brasil.

Nos antigamente, de maneira simplória, o não tão decantado título mundial entre clubes era disputado entre o campeão europeu (ainda não havia a Champions) e o campeão da América do Sul, com jogos de ida e volta com a possibilidade de uma terceira partida. Verdade ainda que, em função da violência dos sul-americanos, atrelada muitas vezes à hostilidade de torcedores, alguns campeões da Europa se recusavam a vir à América, desistindo da disputa. Normalmente substituídos por outros. A fórmula atual, em gramados neutros, politicagem à parte (o que a Fifa sabe fazer, ao contrário dos nossos agentes políticos), além do envolvimento de mais clubes representando outras regiões globais, dá ao evento coloração diferenciada. Ainda bem!

Quem não se lembra do Santos de Pelé sobrepondo-se ao Benfica de Euzébio? E o mesmo Santos repetindo a dose frente ao Milan, da Itália? Relembrando nosso poeta maior, “este Brasil já teve time bom e porreta”.

A sábia fórmula atual, às vezes, provoca frustrações com alguns dos pretensos finalistas ficando no meio do caminho. Exemplos como os do Inter, Atlético e River são recentes. Sucumbiram diante de clubes tidos e havidos como meros figurantes. Aí a beleza remanescente de um futebol chato e que predomina nos dias atuais.

A profissionalização excessiva do futebol, transformando-o em um grande negócio, ou negócio da China, trouxe desequilíbrio monstruoso entre os clubes europeus e os dos outros continentes. Não mais ocorrem disputas equilibradas. Foi-se o tempo.

Alguém se lembra da última conquista de um clube das Américas? Como se deu? Verdadeiro acidente de percurso? Quantas vezes sucessivas o campeão europeu comparece, desfila e leva o título?

Pois bem, neste 2019 o representante da América do Sul foi o Clube de Regatas do Flamengo. Também tido como o ”mais querido” e outras coisitas mais. Com mérito (sufoco à parte diante do River) chegou à finalíssima diante de um dos mais tradicionais clubes da Inglaterra e da própria Europa e a quem vencera (com sobras) na década de 80. Época de Zico e Cia.

Dúvidas não existem que nos dias atuais o LIVERPOOL pratica o melhor futebol do planeta, tem um plantel magnífico e um senhor técnico de futebol, que atende pelo nome de JÜRGEN KLOPP. De origem alemã, educação refinada, por demais simpático, deixou para trás Pepe Guardiola e outros famosos. Entende muito de futebol e de suas nuances.

Voltando ao LIVERPOOL por ele treinado, deixou para trás Barcelona, Real Madri, Bayer, Manchester City, Juventus e tantos outros grandes da Europa. Tem em suas fileiras alguns brasileiros, com destaque para o goleiro Alisson e o atacante Roberto Firmino. Atuam coletivamente em um grupo por demais orquestrado. Dá gosto vê-los em ação.

Pois bem. Campeão da América com todos os méritos, o Clube de Regatas do Flamengo chegou à final diante do poderoso clube inglês, representante da Europa. Fez um jogo parelho, de igual por igual, sucumbindo na prorrogação. Caiu de pé, com o reconhecimento da crítica internacional. A nacional não conta porque ela é tendenciosa (para não dizer outra coisa, eis que impublicável).

O CR Flamengo fez o que nos últimos anos clube algum da América do Sul conseguiu fazer: enfrentar de igual por igual, jogando para frente, sem se acovardar, o adversário colocado em seu caminho. Perdeu como poderia ter vencido. Encheu de orgulho seus milhares e milhões de torcedores.

Qual teria sido a fórmula encontrada e desenvolvida pelo CR Flamengo para o sucesso (Sim. O Flamengo fez sucesso) obtido na árdua empreitada, que foi a disputa do título de Clubes Campeões em 2019?

Normalmente o torcedor é passional. Quer títulos, não importando aventuras e irresponsabilidades de dirigentes egoístas e raivosos.

O CR Flamengo, batendo “na trave” em anos anteriores, quando o assunto era conquistas de títulos importantes, teve na administração BANDEIRA DE MELO um exemplo administrativo e inquestionável planejamento. Tirou o clube de grave crise financeira, deu-lhe organização e proporcionou aos dirigentes que o sucederam a tranquilidade necessária para a montagem de um grupo “muito bom” (nada de excepcional), comprometido e com uma vontade danada de ganhar títulos. O fez com muita competência.

Mas… na vida sempre tem um mas. Na vida do CR Flamengo, em sua trajetória vitoriosa em 2019, surgiu um tal de Jorge de Jesus – cognominado pelo torcedor de “Mister” e que fez toda a diferença.

Teve coragem, ousadia, personalidade, conhecimento e ideias avançadas e inovadoras que fizeram com que seu grupo de atletas “nele acreditassem”, comprando suas ideias e concepções sobre um tal de “futebol”.

Organização, planejamento e um tal Jorge de Jesus são as lições que ficaram após a final do Mundial de Clubes de 2019, com a constatação de que é sim possível um clube sul-americano voltar a ser campeão do mundo. Basta que…

(*) Ex-atleta

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