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Um goleiro bom… e bonito

por Luiz Alves Lopes (*)

No linguajar da boleirada, comumente se diz que FULANO é um grande goleiro: “toma gole para ninguém botar defeito”. No vocabulário daqueles que se dizem entendidos do esporte das multidões (alô, Walderez Ramalho!), “um grande time começa por um grande GOLEIRO”. Afirmativa inconteste.

Em tempos idos que não são recentes, para as bandas do Leste de Minas e adjacências, dentre tantos, consagraram-se como ‘baitas goleiros’: PEDROCA, CACAU, MILTÃO, DJALMA, RAMIRO, DEMA, FRANLI, MAROTO. MURANGO, NELSON MAMÃO, DENGO, ADÃOZINHO, GARRUCHA, AFONSINHO, NAZÁRIO, EDSON BORRACHA, JOÃO JOTA NUNES, O CARA JUVENAL, e paramos por aqui. É só para ilustrar.

Não é o caso de se falar da geração seguinte com Márcio Chisté, Onofre, Raif, Rômulo, Jorge ‘quase dono de Alpercata’, Paulão, Hoberg, C. Nery, Ferreira, Adílson, Edmar, Nêga, Feijão, Júlio Gama, Gelsinho, São Paulo, Nêgo Empenado, Oscarlos, Vitório, Daniel, Haroldo, Zeca’s, Barrinha, Mário Pompéia, Nélson Macacão e um mundão de gente boa que escreveu páginas as mais diversas na história do futebol valadarense.

De nenhum dos mencionados hoje queremos falar. Nosso registro vai para um então entusiasmado jovem médico nascido em Inhapim, formado na capital do estado e que aportou na Princesa do Vale no final da década de 60. Seu nome: Eloísio Ribeiro Chagas.

Todos se lembram do tripé Ruy Moreira, Grimaldinho e Eloísio Chagas desenvolvendo suas atividades médicas no centro da cidade, em imóvel de frente para o Colégio Clóvis Salgado. Consagraram-se. Eram disputadíssimos.

Doutor Eloísio – ou Elói como era chamado – pessoa de astral elevado, sonhador ao extremo, bondoso e caridoso, praticava e bem o esporte das multidões de forma descompromissada, porém, o fazia com extrema competência e comprometimento como GOLEIRO de futebol de salão (o futsal dos dias atuais).

Fez história no Colégio Presbiteriano – esquadrão salonista comandado pelo professor Paulo Márcio, defendendo ainda o Figueira Tênis Clube da Praça de Esportes.

Integrou a safra de goleiros pós-Paulinho Viana, do fantástico Ilusão Esporte Clube. De seu tempo, as figuras de Wiliam Mariante, Nagel, João Mosquito, Gilberto ‘China” Boechat, Aloísio Cordeiro, Venizellos, subtenente Dema, Euflásio e outros tantos.

Militamos ao lado de Elói, em algumas oportunidades, dentro de uma quadra, e estivemos de lados opostos em outras tantas. Verdadeiramente um gentleman, educadíssimo, de fino trato. Como goleiro de futebol de salão, um monstro.

Certa feita na tarde noite de um sábado, concentrados estávamos nos confortáveis alojamentos debaixo das arquibancadas de cimento do Mamudão (tempo bão, não volta mais…), e lá apareceu ELÓI e nos ‘levou’ para sua encantadora Inhapim, onde o clube local, RIJUBO, enfrentaria uma seleção de futebol de salão de Brasília.

O castigo veio a cavalo. Com um minuto de jogo levamos uma ‘bolada’ no olho e viemos direto para o hospital. Baianinho, no banco, foi para a luta. Lembramo-nos que no RIJUBO (um timaço), dentre tantos, atuava o jovem e talentoso COTOCO, que hoje atende por coronel Carlos Alberto Aleixo.

Por aproximadamente 6 (seis) meses ficamos afastado dos gramados, muito bem cuidados pelo doutor Luiz Martins de Almeida, que após nossa cura total e retorno aos gramados, assim se expressou: “Luizinho e Tostão tiveram descolamento da retina. O primeiro foi por nós assistido e aí está firme e forte. O outro, famoso, foi se tratar nos Estados Unidos e deu no que deu”. Recordar é viver…

Dos tempos de Elói como goleiro de futebol de salão, cenas e registros pitorescos – tanto no Presbé quanto na Praça de Esportes (Figueira T. Clube), primeiramente treinavam as moças do voleibol feminino – esquadras fortíssimas de ambos – e posteriormente as quadras eram ocupadas pelas esquadras do futebol de salão.

ELÓI – jovem, talentoso, charmoso e educadíssimo, com uma plástica invejável, despertava no público feminino do mundo esportivo um frisson pouco visto. Reservado, polido e de educação esmerada, sabia e soube, como poucos, enfrentar tais situações.

Bom contador de ‘causos’ – chegou a escrever um livro sobre personagens do mundo esportivo – ELÓI se gabava de ter sido o goleiro a levar o primeiro gol no Mineirão (antes mesmo daquele gol do Buglê). É que em torneios da FUME realizados no estádio (provavelmente em partidas preliminares), jogando pela equipe de Medicina, tal efeméride veio a ocorrer. Ficou para a história.

30 DE SETEMBRO DE 2021 – Nas redes sociais de inúmeros amigos, o registro triste do falecimento do médico e grande amigo Eloísio Ribeiro Chagas – o Elói. Velado e sepultado em sua querida Inhapim. Descanse em paz! Ficarão saudades e lembranças.

(*) Ex-atleta

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