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Raposa e dissonância

FOTO: Divulgação (Biologia Net)

Por Crisolino Filho (*)

* Na cena política até passado recente, existiu um homem público, quando aqueles que eram do meio costumavam chamar de “raposa política”. Isso mesmo! “Uma raposa política”. Referência àquele personagem que dificilmente perdia uma eleição e demonstrava grande capacidade de articulação, mestre dos bastidores, sagacidade impressionante, e, como não poderia deixar de ser, quando cometia uma gafe, tinha sempre uma resposta pronta na ponta da língua, por isso nunca se constrangia quando era pego de surpresa. Em toda história política de Minas Gerais, José Maria Alkmin (*1901/+1974) foi de longe a mais conhecida entre essas “raposas”. Exerceu o cargo de deputado federal por várias legislaturas, secretário de Estado outras tantas, ministro da Fazenda de JK, conselheiro do Tribunal de Contas de MG, entre outros cargos.

Certa vez, Alkmin encontrou com um jovem eleitor, no centro de Belo Horizonte, e, para adulá-lo, foi logo perguntando:

– Como vai seu pai?

Como resposta, ouviu:

– Meu pai morreu, já faz algum tempo.

No mesmo instante, a “velha raposa” retrucou:

– “Seu filho ingrato! Morreu para você, porque para mim ele continua vivo em minha memória”. Rsrsrsrsrsrs…

Governador Valadares também tem suas “raposas”! E o que vou narrar a seguir aconteceu com esse articulista. Há alguns dias atrás, tive a grata surpresa de me encontrar com um personagem que exerceu um grande cargo público na cidade.

Ao final da nossa conversa, ele me perguntou como estava meu saudoso pai, no que lhe respondi que, ele “viajou” já faz quase 18 anos, apesar de já ter informado isso ao interlocutor há uns três anos atrás.

No entanto, não perdeu a pose, e foi logo elogiando o “velho”, com todas as virtudes e adjetivos plausíveis a que uma celebridade tem direito, para, ao final, emendar:

– Seu pai não morreu para mim, continua vivo em meu coração, por isso, sempre vou perguntar como ele está.

Cai o pano!

A abelha é um inseto da espécie himenópteros, enquanto a mosca é da espécie dípteros. Ambos os insetos são produtos da mãe natureza, mas totalmente diferentes em suas finalidades. Se uma abelha pousar em seu prato quando você estiver fazendo uma refeição, não vai lhe trazer nenhuma repulsa, afinal, abelha produz mel, própolis, cera, poliniza flor, vive em sociedade ultra organizada, e é trabalhadora. Ao contrário, se uma mosca pousar no mesmo prato, a repugnância é imediata, afinal, mosca pousa em lixo, em animais em decomposição, feridas, não produz nada, não trabalha, e nem vive em sociedade organizada. Apesar dos dois terem sido criados pelo mesmo pai, suas finalidades são bem distintas. Homem não é inseto, mas sua natureza interior é sempre divergente, conhecida como dissonância cognitiva.



(*) Crisolino Filho é escritor, advogado e bibliotecário
E-mail: crisffiadv@gmail.com – Whatsapp: (33) 98807-1877
Escreve nesse espaço quinzenalmente

FOTO: Divulgação (Web Marketing)
FOTO: Divulgação (Escola Kids)

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