Crisolino Filho(*)
Nossa que calor!!!. Quem mora em Governador Valadares sabe que a cidade é muito quente, calor abrasador, senegalês. Aqui temos quatro estações: verão, verão, verão e verão. Para justificar esse fenômeno meteorológico, a população local conta com uma série de mitos, tendo o pico da Ibituruna – logo ele que repousa tranquilo e silencioso, como protagonista. Um desses mitos é a narrativa de que durante o dia o sol bate na pedra do pico, que superaquecida, irradia ondas caloríficas inclusive durante à noite, ainda que o sol já tenha se posto. Já pelo lado científico pode ser entendido assim: a cidade está localizada numa planície, com altitude próxima ao do nível do mar e, como venta pouco, devido a baixa altitude, a temperatura é sempre elevada.
Entre o senso comum, ditos e feitos, um conhecido teórico da história da cidade prefere acreditar que o pico da Ibituruna funciona como um paredão natural, que retém em sua parte de trás os ventos que vêem do sul do país – normalmente mais frios, o que ajuda a compreender porque a temperatura do outro lado da serra é mais amena. Essa teoria se fundamenta no fato da serra atingir em seu cume 1.146 metros de altura, e se estender da BR-116, próxima à entrada para a cidade de Itanhomi, indo até pouco depois do distrito de Derribadinha, distante a poucos quilômetros das margens do rio Doce.
Como a ventilação suave que fica retida lá atrás não consegue transpor o paredão, a cidade fica à mercê de um mormaço noturno insuportável.
Já que imaginar é um exercício saudável, um outro teórico teoriza e acredita na seguinte forma para amenizar a temperatura da planície. Ele Imagina a Ibituruna localizada do lado oposto, isto é, depois do Anel Rodoviário Pedro Tassis e da Cidade Nova, com sua parte frontal virada para o centro da cidade. Nesta posição, a massa de ar frio que vem do Sul ficaria retida sobre a planície por causa do paredão, como consequência, o clima da cidade se tornaria bastante agradável. Ele só não mencionou como faria com o rio Doce.
Como não se pode ir contra a natureza de Deus, ou mesmo mudar Valadares para depois da montanha no caminho para Itanhomi, um terceiro teórico imagina uma fórmula artificial, um realismo fantástico: a construção de uma imensa biosfera cobrindo toda GV, em forma de meia laranja, coberta por vidro fumê, e alimentada por aparelhos de ar-condicionado de proporções gigantescas. Certamente poderia resolver o problema, mas quem pagaria a conta de energia?
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# Dentre as famas da cidade de Governador Valadares, entre as mais difundidas estão a de exportadora de mão de obra para os Estados Unidos, terra de mulher bonita e de comércio forte, tudo verdade. Mas a fama de ser uma cidade muito quente precede historicamente a todas três, é muito quente mesmo, que calor!!!…
# Outra expressão que fortalece a marca de cidade quente é que aqui em GV faz um calor senegalês. A ideia é de que aqui faz tanto calor quanto em Dacar, a capital do Senegal, o que na realidade é um mito. De acordo com o Google, a oscilação da temperatura lá é de 18ºC a 27ºC em janeiro, já em agosto essa variação é de 25º a 33ºC. Portanto muito mais amena do que o valadarense possa imaginar, já que aqui chegar aos 42ºC não é tarefa difícil.
# Mas bacana por bacana, ainda que não fosse Copacabana, dizem por aí que não importa o calor da cidade, se aqui tivesse um mar com uma praia, ninguém, aguentaria esse povo metido a metropolitano…
# Não temos notícias ou informações sobre pesquisas de quem gosta ou de quem não gosta do calor de GV. Certo é que alguns adoram outros detestam. Já nos disseram que adoram trabalhar ou estudar aqui, adoram ter famílias aqui, adoram fazer e ter negócios aqui, adoram pertencer às entidades, clubes e instituições daqui, adoram os amigos daqui, adoram a beleza da Ibituruna, do traçado e da arborização da cidade, mas se algum dia mudassem daqui, seria única exclusivamente por causa do calor… Uns gostam, outros não toleram…
# Aliados fortes dos valadarenses nesse calor: ar condicionado em casa, lojas e shopping, em açaís e sorveterias…
# Quem nunca ouviu a frase: “se agora está quente assim, imagina em janeiro?”. Puro mito, o calor de agora terá a mesma intensidade daquele que fará em janeiro, variando entre 36ºC a 42ºC, ou seja, um tanto mais para mais ou para menos. Agora, quando alguém sentir aquele vapor no ar não adianta correr para a piscina a água vai estar quente. Que calor!!!…
“Que calor, e nós advogados de terno…”
