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O POBRE E PODRE FUTEBOL BRASILEIRO DA ATUALIDADE

Luiz Alves Lopes (*)

29 de junho de 1958. Em Rasunda, na Suécia, Brasil e os anfitriões decidem o Campeonato Mundial de Futebol daquele ano. A seleção canarinha, porém de azul na oportunidade, foi de Gilmar, Djalma Santos, Belini, Orlando e enciclopédia Nilton Santos. Zito e o príncipe etíope Didi; Mané Garrincha, Vavá, Rei Pelé e Zagalo, tudo sob a batuta do gordo e sonolento Vicente Feola. É bom registrar ainda os nomes de Hilton Gosling (médico), Paulo Machado de Carvalho (chefe da delegação), Paulo Amaral (preparador físico), Mário Américo (massagista), Mário Trigo (dentista) e Carvalhais (psicólogo). Sem falar, mas falando, em Castilho, De Sordi, Mauro Ramos, Zózimo e Oreco. Dino Sani e Moacir; Joel, Mazola, Dida e Pepe. Cruz, credo, Ave Maria.

Para chegar à final, o Brasil passara por Áustria (3×0), Inglaterra (0x0), Rússia (2×0), País de Gales (lx0) e França (5×2).

Encerrada a partida final, vitória inconteste da Seleção Brasileira por 5×2, conquistando assim o seu primeiro título mundial. Registros maiores: os aplausos dos torcedores suecos, reconhecendo e enaltecendo a qualidade e primor do futebol apresentado pelos brasileiros e a fidalguia do rei sueco Gustavo VI Adolfo ao entregar a taça Jules Rimet aos vencedores, dando mostras de civilidade, esportividade e simpatia. Coisa de gente educada. Coisa de primeiro mundo. Coisas de um passado que se foi.

Em especial na Europa, consagrados craques do futebol têm se notabilizado em cargos diretivos no futebol, demonstrando conhecimentos, aptidões, sobriedade, capacidade e muita habilidade no desempenho das funções que lhes são conferidas. Beckenbauer na Alemanha, Platini da França, dentre tantos, são grandes exemplos.

Também por lá é praxe referenciar o passado vitorioso de grandes craques, o que é feito, em especial, pelos clubes em que se destacaram. Figuras como Alfredo Di Stéfano, Puscas, Gento e Casilas, dentre outros, permanecem vivas na memória dos torcedores do Real Madri. Verdadeiros mitos. Imortalizados.

No rival Barcelona, nomes como os de Zubizarreta, Evaristo de Macedo e Larson também foram imortalizados.

Na Inglaterra, país que se diz inventor do futebol, dentre tantos, citam-se Bobby Moore, Bobby Charlton, Gordon Banks e George Best, como figuras de proa do futebol da terra da rainha.

E o que falar de Johan Cruifjff da Holanda? E de Lev Yashin na antiga Rússia? Quantos tantos poderiam ser citados e mencionados? Nomes em profusão.

BRASIL varonil. Terra descoberta por Cabral. País continental. Cinco vezes campeão do mundo. Que se diz país do samba e do carnaval, além do futebol. Pode-se dizer, também, sem medo de errar, como o país da malandragem, em todos os sentidos. Nossos políticos são fantásticos. Mas o povo não fica para trás.

Nosso futebol, enaltecido em prosa e verso, sujeitava-se a uma legislação retrógrada, ultrapassada, própria do tempo do império, com o atleta sendo considerado uma mercadoria. Eternizavam-se em um mesmo clube. Desnecessário citar Nilton Santos, Castilho, Pinheiro, Tomires, Pavão, Jordan, Pinga, Henrique, Zózimo, Pepe e um mundão de gente.

Aí veio a chamada Lei Pelé, posteriormente alterada pela Lei Zico. Avanços ocorreram. Implementou-se a chamada multa indenizatória (venda mesmo, né?), porém deixou a ver navios os clubes, em especial os menores, os verdadeiros fabricantes de craques.

E o futebol virou um grande negócio. Clubes, dirigentes, empresários, agentes, atravessadores, intermediários, mídia em geral. Tem as tais Federações Estaduais (nas cidades comportam ligas amadoras) e a mãe gulosa que no passado se chamava CBD (Confederação Brasileira de Desportos) e que agora é a pomposa e draconiana CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Mamata para todo mundo.

Gilson Pagani, consagrado atleta de futebol profissional e hoje militando em Portugal, informa que na terra de Camões a legislação ampara o clube formador de valores, desde o seu nascedouro na arte futebolística. Bom. Muito bom.

Por aqui é cobra comendo cobra. Ética, dignidade, respeito e outros princípios não figuram na cartilha do futebol association. Uma pena! Pode-se dizer que no futebol brasileiro de hoje não cabem mais os bons e honestos dirigentes. Os tempos mudaram. É a modernidade. E que modernidade!

Planejamento, legislação plausível, fair play financeiro, observâncias das diversas legislações vigentes no país (em especial tributária e financeira), passam longe do pensamento dos atores envolvidos e interessados. Alguém conhece a proposta apresentada pela senadora do Distrito Federal – a LEILA DO VOLEIBOL? De chorar. Incentivo ao calote e picaretagem em relação às dívidas dos clubes. Um verdadeiro tapa na cara do cidadão que paga impostos.

E como se não bastasse, eis que surge a pandemia da COVID, pegando todos de surpresa. Para tudo. Para o mundo. Uma questão de saúde pública. Não dá para ignorar o princípio inserido na Constituição Cidadã do Dr. Ulisses. SAÚDE: direito de todos; dever do Estado (leia-se União, Estados, Municípios e Distrito Federal). Chegamos ou estamos prestes a chegar a 150.000 mortos. Sem polemizar, poderíamos ficar na metade, mas….Brasil….

Nos procedimentos elaborados e implementados para o retorno e funcionamento das mais diversas atividades (inclusive com muita forçação de barra), estados e municípios adotaram critérios diferenciados, nem sempre respeitando a CIÊNCIA e valorizando a VIDA. E o pessoal do futebol. Ah! Interesses escusos falaram mais alto. E como falaram!

Quem não é flamenguista, torce contra. E como o clube se estruturou, cresceu, ganhou praticamente tudo, ganhou antipatia geral. Sua diretoria tem passado ou tentado passar o trator sobre todos e sobre tudo. Tem cometido equívocos graves que podem manchar a imagem do clube.

Há, porém, contudo, entretanto, uma profunda abordagem e reflexão: não importa que seja o CR FLAMENGO ou o glorioso IBIS. A vida é um dom de Deus. A vida é um sopro. A vida deve ser valorizada. A vida deve ser preservada. A defesa da vida é preceito e garantia constitucionais.

Não se trata de protocolo. Que vá às favas o protocolo. O número de pessoas infectadas no grupo do Flamengo, em um país que se diz sério e de direito, por si só deveria sensibilizar os que pernoitam na CBF, nos organismos da justiça esportiva e, em especial, os medíocres dirigentes que estão à frente do antigo PALESTRA para a suspensão da partida entre ambos. E seu grupo de atletas muito bem pagos, também. FORAM DE UMA PEQUENEZ BIZARRA. Mostraram para o mundo a mediocridade, pobreza e podridão que infesta atualmente o futebol brasileiro.

Regra geral, o atleta profissional de futebol tem uma saúde melhor. E ao seu redor? Não circulam seres humanos? Como carecemos de cabeças pensantes, de boa índole!

(*) Ex-atleta

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

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