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O MOMENTO ATUAL DO FUTEBOL BRASILEIRO

Luiz Alves Lopes (*)

Brasil, o país do futebol. Não é verdade. Brasil, o melhor futebol do mundo. Já foi, não é mais. Somos, sim, cinco vezes campeões do mundo, na maioria das vezes com um futebol encantador e que nos deu muitas alegrias, orgulho mesmo. Passou. Na vida tudo passa.

COVID à parte – bichinho danado que nos tem proporcionado dores, muito sofrimento, perdas irreparáveis e constatações tristonhas -, o futebol brasileiro, assaltado por uma corja insaciável de pessoas desqualificadas, frias e inconsequentes, vive um momento de penúria e de desprestigio que salta aos olhos.

Já foi dito neste pedaço, em outras oportunidades, que temos uma legislação esportiva superada, madrasta, draconiana e que respalda atitudes não republicanas, verdadeiramente ciladas e armadilhas de que são vítimas os clubes brasileiros. Exceções são poucas.

Se os clubes estão à deriva, grande parte desprotegidos, não muito diferente o que ocorre em relação a inúmeros outros atores que fazem parte do mundo do futebol: atletas, treinadores e todo tipo de profissional absorvido pelo mundo do comércio e da indústria que virou o futebol.

Refrescando nossa memória, quando a PARMALAT deixou o todo poderoso Palmeiras o resultado foi o rebaixamento à segunda divisão do futebol brasileiro, afora profunda crise financeira.

O “nosso” Fluminense (do professor Ilvece também) com a UNIMED teve a petulância de conquistar dois títulos brasileiros e vem pagando caro, muito caro, até os dias atuais.

O todo poderoso INTER dos pampas, recentemente, e o CABULOSO, no momento atual, são exemplos terríveis de más administrações clubísticas com ou sem falcatruas.

Botafogo, Vasco da Gama, Corinthians e ATLÉTICO já sentiram a amargura de rebaixamentos. Este último, vivendo um momento de alegrias e sonhando com a conquista maior, pode estar a caminho de um desastre financeiro de todo o tamanho. Estádio à parte, uma extraordinária conquista, contratações desmedidas para satisfazer os desejos de um treinador um tanto quanto “louco“ e por demais competente, prenuncia dias terríveis. O futuro dirá.

E o que será do estádio do Corinthians e sua dívida impagável, fruto de um ato meramente político? Preocupante.

O verdadeiro futebol brasileiro consistia na fábrica de craques por parte de nossos clubes, nas divisões de base, nas quais normalmente trabalhavam, no anonimato, ex-atletas. Como consequência, a montagem de times domésticos que encantavam.

Bons tempos em que era possível ver o AMÉRICA do Rio ser campeão, o BANGÚ idem. O Coritiba de Enio Andrade, também. E a Portuguesa ‘lusa’, do Canindé, e o América de Minas, disputando em igualdade de condições com os maiorais. No paralelo, mediante muito trabalho, surgiam e surgiram um tal de SANTOS, um tal de INTER, um tal de CRUZEIRO, a academia do PALMEIRAS. Quantas saudades!

Administrações à parte, eis que grandes e notáveis dirigentes tivemos em nossos clubes, treinadores consagrados ou não, dispunham de tempo para a formação de elencos e treinamentos necessários à implantação de um ou mais esquemas de jogos. Daí o futebol vistoso, competitivo e que fazia dos campeonatos “estaduais” disputas bem interessantes, bastante empolgantes e valorizadas. De quebra, surgiram inicialmente o Torneio Rio São Paulo, que culminou, tempos depois, no Campeonato Brasileiro.

Zezé Moreira, Osvaldo Brandão, Aimoré Moreira, Filpo Nunes, Jorge Vieira, Danilo Alvim, Lula, Vicente Feola, Gradim, Enio Andrade, Telê Santana, Fleitas Solich, Flávio Costa, Airton Moreira, Luiz Felipe Scolari, Martim Francisco, Mário Travaglini e Vanderlei Luxemburgo, dentre outros, fizeram história no futebol da terra de Cabral através de períodos duradouros à frente de grandes e médias esquadras futebolísticas. Tiveram o tempo necessário e foram respeitados como bons profissionais que eram e que são. Coisas do passado. Verdadeira utopia para os tempos atuais.

Dentre tantas mazelas, salta aos olhos a situação gritante, humilhante e desconfortável imposta aos treinadores de futebol. Ninguém está a salvo. Nem os medalhões. Há de se produzir resultados como se não houvesse adversário outro na competição. Os corneteiros estão em alta novamente, acrescidos de torcidas organizadas e comentaristas esportivos (será que sabem quantos gomos tem uma bola). Os últimos então…

Na Europa as relações de trabalho entre treinadores e os clubes são amarradas por normas garantidoras da dignidade e sobrevivência do profissional. Por lá, um mesmo treinador, em uma mesma temporada, no máximo pode trabalhar em duas equipes de uma mesma LIGA. E há um projeto com objetivos claros a serem incrementados quando da contratação.

Pouco observada e abordada, a conduta de grande parte de atletas intocáveis, soberbos, orgulhosos e que promovem, dia sim, outro também, derrubadas de treinadores. Um bando de despreparados que desconhecem normas de um vínculo de trabalho.

Não há cláusula alguma que assegure titularidade de alguém ou mesmo que lhe permita a escolha de companheiro. Explicação para muitos que não vencem lá fora. Desnecessária a enumeração de nomes. Aqui são bajulados. Dá nojo.

Enfim, vivemos no país do jeitinho, onde tudo se acomoda e tudo se tolera. E no futebol não tem sido diferente. Sonhar com mais um título mundial? Pode ser. Pouco provável. Enganamos a nós mesmos. Bom para os adversários que não nos respeitam mais. Demos motivos.

N.B.- Na semana que se encerra, ZADO, boleiro da velha guarda, devolveu ao CRIADOR sua Meirinha. Que ao lado das filhas, netos, genros, irmãos e amigos possa entender o sentido da vida. Certamente restaram saudades, o que é confortante.

*Ex-atleta

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

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