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Hummm… terreno fétido e movediço

Luiz Alves Lopes (*)

Remonta à década de 70 o surgimento do hooliganismo na Inglaterra, com torcedores dos maiores e mais tradicionais clubes da terra da Rainha praticando cenas de selvageria e vandalismo pouco comuns, dentro ou fora dos estádios. Tais cenas se agravaram na década de 80 e culminaram na tragédia de 29 de maio de 1985, na Bélgica, quando se enfrentaram Juventus, da Itália, e Liverpool, da Inglaterra, na final da Liga dos Campeões do Velho Mundo.

Despreparo do policiamento e das forças de segurança e excesso de torcedores no estádio ocasionaram cenas de pavor, ofuscando a brilhante conquista do clube Italiano, com gol único do craque Platini. Nome que não nos traz alegrias…

É verdade que o crescimento dos “hooligans” já se fazia presente nos estádios ingleses, alcançando situações danosas também em estádios fora da terra da Rainha, quando de competições importantes  entre clubes europeus.

Na tragédia do estádio de Heysel (Bélgica), muito mais que o título da Juventus, o registro maior foi de 39 mortes ou de vidas perdidas. A conquista, por sinal brilhante, ficou em segundo plano, em decorrência do desastre ocorrido e provocado por torcedores ingleses.

Mencionada tragédia trouxe sequelas para o futebol inglês: clubes do país foram proibidos de participar de competições internacionais por cinco anos. No caso do Liverpool, cujos torcedores deram causa à tragédia, foram seis anos de proibição.

Ocorre que “lá fora” a coisa é diferente. Autoridades inglesas – governamentais e esportivas – mudaram legislações, adotaram outras, com altíssimo rigor; mudaram completamente a prática e a conduta esportivas na terra da Rainha, em relação a todos os atores, torcedores em especial.

O que vemos hoje na telinha? Qual o campeonato mais exigente e difícil que se pratica no planeta Terra?

Vai daí que, na última ou penúltima rodada do BRASILEIRÃO “do Palmeiras” de 2022 e também na divisão inferior, pelo menos três espetáculos ou situações, todas elas altamente negativas, ocorreram nas disputas que se aproximam de seu encerramento, estando nas retas finais.

A primeira delas, a mais emblemática, diz respeito à não realização da partida entre  GOIÁS x CORINTHIANS, em Goiânia, decorrente de disputa entre Justiça Pública x Justiça Esportiva. Aprendemos na escola, lá na D. Pedro II (atenção P. Tarso, C. Thébit e outros menos votados) que SEGURANÇA PÚBLICA é dever do Estado e direito de todos.

Na capital de um promissor estado, Ministério Público e Poder Judiciário proibiram a presença de torcedores do Corinthians, argumentando falta de condições para assegurar-lhes segurança. E aí o Superior Tribunal de Justiça do país determina a não realização da partida, deixando em suspense os próximos capítulos. 

Há ou existia uma norma vigente no país que previa sérias punições a clubes e dirigentes esportivos que buscassem na Justiça Comum remédio para seus males enquanto não esgotassem todos os recursos na esfera esportiva. A conferir.

A segunda situação diz respeito aos acontecimentos envolvendo  Ceará x Cuiabá em partida realizada no Estádio Castelão(CE). Nervosismo dos contendores em função das colocações que ocupam na tabela é aceitável, previsível e natural. Têm sangue nas veias.

Reprovável foi a atitude dos torcedores locais no quebra-quebra que provocaram no estádio, na destruição, na invasão do campo de jogo e nas agressões perpetradas em relação a alguns atletas. O vandalismo anda solto no futebol brasileiro.

Finalmente, tivemos também em  Recife (PE), agora na reta final do Brasileirão do CABULOSO de 2022, os reprováveis acontecimentos que envolveram o SPORT e o Clube de Regatas VASCO DA GAMA (alô, Capitão Elias), em ferrenha disputa pela quarta e última vaga que dará acesso à série A no próximo ano.

Destruição de alambrado e outros setores do estádio, bem como invasão do gramado, foram as cenas presenciadas, com os responsáveis pela segurança não dando conta da fúria dos monstros (não são torcedores) praticantes do vandalismo perpetrado. Certamente o clube nordestino sofrerá punições pelos atos de seus torcedores.

No ano de mais uma Copa do Mundo e para a qual todas as atenções são ou estão voltadas, episódios graves estão ocorrendo no futebol brasileiro, dentro e fora dos gramados, desafiando nossos dirigentes – sejam eles públicos ou esportivos – para tomada de posições e medidas. O terreno está fétido e movediço. Requer cuidados e ações.


(*) Ex-atleta

N.B.- E o nosso ‘mudinho’ dos bons tempos do Democrata Pantera também partiu em direção ao PAI Celestial.  De Goiânia, onde estava a passeio, chegou a notícia do falecimento do alegre e simpático democratense. Figura ímpar e símbolo do amor pelo clube da Osvaldo Cruz. Descanse em paz.

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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