A palavra, em nosso mundo físico, dá nome às coisas, traduz os nossos sentimentos e tem uma grande potência estética. Nascemos e morreremos um dia, mas hoje não temos consciência disso, porque a nossa vida é estruturada para servir ao esquecimento desse fenômeno natural que é a morte.
O início do Homo Sapiens é com o enterro dos mortos, ou seja, o cuidado com os mortos, pois somos os únicos seres vivos que sabem que vão morrer, e a nossa espécie fica marcada por um saber: o “saber da morte”; e esse saber é que impulsiona o ser humano para as artes, para a religião, a vida em sociedade, e ao pensamento. Descobrir que nascemos e morremos significa criar um intervalo entre esses eventos. Pensar é criar limites, é estabelecer conceitos, pois a vida é feita de mudanças contínuas e intensas.
E o que seria pensar? Seria abarcar parte da intensidade da vida que se transforma o tempo todo, nomear.
Nesse sentido, a palavra delimita toda essa parte intensa e passa a significar, ter um sentido. As palavras têm um grande poder, seja para construir ou destruir uma pessoa, pois condensam pensamentos e emoções, muitas delas guardadas por uma vida inteira. Podem trazer felicidade ou tristeza, verdade ou mentira. Podem abençoar e também amaldiçoar. Na Bíblia Sagrada está escrito, em Provérbios 18:21, “A língua tem poder para trazer morte ou vida”. Em Mateus 12:34, “Pois a boca fala do que está cheio o coração”, dentre outras passagens.
Costumo falar aos jovens pais, ao educar seus filhos: cuidado com as palavras! Elas têm poder! Nunca converse com os seus filhos em um momento de ira e nem utilize palavras de baixo calão.
As palavras podem machucar e, muitas vezes, decretar uma sentença na vida de um filho.
“Fulano! Você não vai dar em nada”. “Vai virar vagabundo”; e por aí vai.
NUNCA use palavras de baixo calão, principalmente junto aos filhos. Aliás, não se deve usá-las em sua vida. Sempre utilize palavras positivas, de incentivo, que possam trazer curas interiores.
Penso que o poder das palavras esteja intimamente ligado ao mundo espiritual. Este é regido pelas palavras. Nos comunicamos com Deus por meio delas, quando as pronunciamos, ou mesmo pelo pensamento. Se pensamos positivamente ou negativamente, tudo é ligado ao mundo espiritual. A palavra de Deus tem o poder sobre os dois mundos, e “o que ligardes na terra, ligarás também no céu” Mt 18:18.
Batalhas são travadas no mundo espiritual, em que as palavras têm enorme poder. A nossa forma de usar as palavras pode trazer consequências nefastas à nossa vida. “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira”, Provérbios 15:1.
Palavras carregam sentimentos e necessitamos aprender com a sabedoria bíblica, assim como aprendemos com a vida. Gosto muito de alguns ditados sobre o assunto, como, por exemplo, “há três coisas que não voltam atrás: a flecha disparada, o tiro de uma arma e a palavra dita”. “Prefiro ser dono do meu pensamento, do que escravo de minhas palavras”. Enquanto as palavras estão no campo do pensamento, ainda podem sofrer alterações, no entanto, quando pronunciadas, a situação pode ficar difícil, e aí, “a emenda pode ficar pior do que o soneto”, como diziam os mais antigos.
Portanto, utilizemos bem as palavras para que elas sejam um instrumento de união e de paz, que sejam pontes e não abismos.
(*) Advogado militante – Coronel da Reserva da Polícia Militar.
Curso de gestão estratégia de segurança pública pela Academia de Polícia Militar e Fundação João Pinheiro
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