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Brasil, Valadares e as marcas de um tempo

FOTO: Divulgação Prefeitura

A nova marca do Governo Federal dividiu opiniões. Uns a acharam muito diversa, bastante apropriada ao momento apregoado pelo novo presidente e por sua equipe. Outros a consideraram muito pesada, com padrões de cores que podem complicar a aplicação. Os volumes geométricos sobrepostos caminham de forma coerente com o slogan: união e reconstrução.

Nestes insistentes tempos de polarização descambando para a ignorância, é fundamental esclarecer que minha análise, embora subjetiva, ampara-se em aspectos técnicos e não quer passear em qualquer viés ideológico. Não se trata de ser “isentão”, é apenas porque isso não é o propósito deste espaço. Portanto, do ponto de vista de um publicitário e jornalista com alguma estrada em assessorias, a marca é, sim, boa. Embora não seja perfeita.

Ausência de consenso

De todo modo, a ausência de consenso em torno de identidades visuais nunca será uma novidade. Haverá sempre aqueles que, com razão, saberão encontrar as arestas que não foram aparadas. E jamais serão raros os entusiastas da crítica a qualquer custo, ávidos por desconstruir os trabalhos dos colegas procurando em livros e nas imagens do Google os elementos capazes de deslegitimar uma iniciativa. Um pragmatismo tóxico de quem acredita que a literatura e as coincidências podem explicar ou refutar quaisquer convenções e sentimentos.

Ora, já não é novidade, inclusive, para muitos leigos, que um nome, uma marca ou um slogan só faz sentido — e sucesso — a partir das ações desenvolvidas por quem carrega aquela insígnia. Ou seja, a Fundação Getúlio Vargas e o Hospital Sírio-Libanês são marcas fortes no Brasil inteiro devido aos serviços de excelência que desenvolvem. Os nomes e as cores poderiam ser outros, e ainda assim seriam grandes. Neymar e Romário eram nomes bem comuns, e depois dos craques — goste-se ou não deles — ganharam outro vulto. Inclusive não são poucos aqueles que se chamam Arthur em homenagem ao dono de uma marca internacional, o Zico.

Adesão

Em alguns segmentos, como na administração pública e no futebol, outro aspecto é determinante para uma marca ser forte: a adesão. Entre 1954 e 1977 o Corinthians viveu seu maior jejum de títulos. Foram 23 anos sem ganhar nada. Nem por isso a torcida deixou de ser grande, tampouco parou de acreditar. A cidade de Curitiba, a partir da revolução urbanística liderada pelo gênio arrojado de Jaime Lerner, tornou-se referência internacional. Isso mexeu com a autoestima do seu povo, que parece ter incrementado o pioneirismo natural para ser vanguarda onde quer que seja. Quer dizer, as coisas dão certo porque os habitantes tornam-se torcedores do lugar. Acreditam que a iniciativa vai funcionar e se organizam para que tudo saia conforme o planejado.

Por aqui, nossa torcida segue para que Valadares caminhe ainda mais rápido rumo a uma prosperidade que escape de utopias e transite pela via da realidade exequível vista não apenas em Curitiba, mas em Ipatinga e em outras cidades com o mesmo porte da nossa. Temos pessoas e instituições arrojadas e realizadoras. A população precisa acreditar mais neste propósito. Sem consensos, claro, mas com o sentimento de que a marca Valadares precisa traduzir-se ainda mais em nosso cuidado com a cidade, em todos os aspectos.

Compromisso

Aos 85 anos, Valadares já é sábia o suficiente para entender que não haverá uma única indústria, um grande pacote de bondades ou um “Jaime Lerner” para traçar um novo eldorado. O compromisso é de todos, e o fato de estarmos no interior não pode mais ser subterfúgio para não sermos quem podemos ser. Os livros existem há bastante tempo. E a internet já deixou de ser novidade — em que pese o acesso limitado e precário para tantos brasileiros. Somos um bom lugar, mas isso é pouco para quem é referência para uma região. Precisamos reconstruir o sentimento a partir das ruas (e cuidar das ruas) para reviver um tempo em que nosso horizonte era ainda mais ousado. Assim, estar aqui será motivo de mais alegrias do que já é. Viva, Valadares!


Bob Villela
Jornalista e publicitário.
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Univale.
Instagram: @bob.villela
Medium: bob-villela.medium.com

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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