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A corrida de São Silvestre e a gestão de condomínio

Por Cleuzany Lott (*)

Pela primeira vez assisti à Corrida Internacional de São Silvestre em São Paulo. Este ano foi especial, principalmente para os 20 mil atletas inscritos: 15 mil a menos do que na edição de 2019. O evento foi pausado por conta da pandemia da covid-19. Ao alcançarem a marca de cinco quilômetros percorridos, justamente onde eu estava, percebi quanto o desenvolvimento dos atletas se assemelha aos profissionais da gestão condominial. Muitos síndicos estão no segmento, mas nem todos estão preparados ou se preparando para esse mercado cada vez mais encantador e desafiador.

A associação entre os atletas e a vida do síndico surgiu no momento em que eu perdi a passagem da dupla Sandrafelis Chebet, do Quênia, e Yenneesh Dinkesa, da Etiópia, pela avenida Marquês de São Vicente. O percurso fica a poucos metros do condomínio onde moro, mas, por falta de planejamento, bastaram dois minutos de atraso para perder a dupla que liderava a prova na categoria elite.

Entre os participantes dos pelotões de elite, profissionais, amadores e aventureiros, notei que priorizar a qualificação é importante, e quanto à falta de preparo, pode ser o parâmetro entre o resultado da inércia e do investimento em conhecimento.

Os atletas da elite conheciam bem a técnica e empregaram habilidades específicas. Mantinham a respiração sob controle e, mesmo com o foco, percebia-se que, silenciosamente, eles interagiam com a energia da plateia. Os que dominavam a prova corriam quase que “colados” um ao outro, porém, no momento certo, aceleravam o ritmo e ultrapassavam o adversário com respeito e maestria.

Os maratonistas profissionais demonstravam determinação e disciplina. Eles corriam em bloco e usavam estratégias para se manter à frente dos adversários. Por várias vezes pareciam receber instruções de especialistas que os acompanhava na prova. A sensação é de que eles corriam para superar os próprios limites e melhorar a performance física e mental.

Os amadores tentavam manter o ritmo, minimizar o calor e o cansaço. Quando a resistência diminuía, muitos acenavam para a torcida, desejavam bom dia e feliz ano novo. Pareciam entusiasmados com o apoio da plateia e orgulhosos em participar de uma maratona internacional. Tinham consciência da importância do evento e, ao interagir com o público, demostravam que para ser vencedor é necessário o apoio de uma equipe.

Por fim, e não menos importante, vieram os que não são competidores. As pessoas aproveitaram a oportunidade para testar resistência física, divulgar uma causa ou apenas buscar um minuto de fama, de publicidade, aplausos… Ao final da mais famosa maratona do Brasil, na prova feminina, a queniana Sandrafelis Chebet conquistou o bicampeonato. Já o segundo lugar ficou com a etíope Yenenesh Dinkesa.

A gestão condominial também está repleta de pessoas de vários níveis e interesses. Porém, ao contrário da Corrida de São Silvestre, o segmento não é mais para amadores. As provas do dia a dia não medem apenas a performance. Portanto, a virada de chave do síndico é investir em conhecimento e estratégia, para que ele esteja no pelotão certo e nada o impeça de brilhar.


* Cleuzany Lott é advogada especialista em direito condominial, síndica profissional, jornalista, publicitária e diretora da Associação de Síndicos, Síndicos Profissionais e Afins do Leste de Minas Gerais (ASALM).

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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