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O bêbado e o farmacêutico

FOTO: Freepik

Em um tempo não tão longínquo, era raro uma cidade ter uma farmácia ou um farmacêutico para atender a toda população. Existiam os mascates, que carregavam as boticas, que eram caixas de madeira onde se levavam os primeiros remédios. No Brasil colônia, esses comerciantes, com suas boticas, viajavam pelas cidades, povoados e fazendas, a levar medicamentos diversos para cura de muitas mazelas. Em Portugal, a farmácia se tornou conhecida com este nome.

Com o passar dos anos, e o êxodo da população rural para os centros urbanos, começaram a surgir as primeiras farmácias nas pequenas cidades. Os profissionais de farmácia iniciaram suas carreiras abrindo simples estabelecimentos onde atendiam a todos, e a qualquer hora do dia ou mesmo da noite. Era o tempo do “carro de praça”, das retretas musicais nos lindos coretos das pracinhas centrais das cidadezinhas do interior.

Nos pequenos povoados, onde todos se conheciam, sempre existiam aqueles indivíduos que viviam bêbados, perambulando a noite toda, pelas vias mal iluminadas, e, muitas vezes, terminavam por adormecerem, ou num banco da praça central ou na porta de algum boteco.

Certa vez, me contaram a estória de um bêbado, um “bebum” conhecido por todos numa certa comunidade do interior, que lá pelas tantas da madrugada saía a cantar pelas ruas, e sempre terminava na porta da única farmácia da cidade, e lá, iniciava sua cantoria.

O velho farmacêutico já não aguentava mais (rsrsrs). Certo dia, o “bebum”, ao invés de cantar, começou incessantemente a bater a porta da farmácia, como a pedir que o atendessem. Passados alguns dias, do “bebum” fazer a mesma coisa, o farmacêutico, que morava no sobrado acima da sua farmácia, sob insistentes pedidos de sua esposa, e do embriagado, resolveu abrir e fazer o atendimento.

O farmacêutico atendeu ao bêbado com toda a calma do mundo, no meio da madrugada, e ao abrir o seu estabelecimento, perguntou-lhe: “O Sr. está passando mal? Necessitando de algum medicamento”? O bêbado olhou com aquela cara de quem não tá nem aí, de desentendido, e respondeu-lhe da maneira mais natural possível: “Quero nada de remédio, não! só quero ver meu peso na sua balança”! Só deu tempo de o bêbado respirar um pouco e recebeu um socão na cara com tanta força, que fez até um barulho típico de filme de kung fu. O operoso e prestativo farmacêutico não teve paciência mesmo.

No outro dia, pasmem! Lá pelo fim da tarde, estava o então bebum da madrugada anterior pedindo para ser atendido na farmácia, todo bem vestido. Ele queria um medicamento para passar no rosto, por causa do soco que tomou. O velho boticário nada entendeu, inclusive, ficou temeroso por alguma agressão por parte do indivíduo. Ele vendeu o remédio e recebeu certinho, sem problema.

Antes de sair, o farmacêutico perguntou ao rapaz: “Melhorou”? Ao que respondeu-lhe: “Aquele soco que o senhor me deu valeu para eu criar vergonha na cara e parar de beber. Foi Deus quem usou o senhor! Bebida nunca mais”!

Tirando o lado cômico da estória, podemos concluir que Deus nos usa a todo o momento para que a sua vontade seja feita, e o bem sempre vença!

É uma pena que muitas vezes não conseguimos perceber isto!

² “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” – Romanos 12,2


(*) Advogado militante – Coronel da Reserva da Polícia Militar. Curso de gestão estratégia de segurança pública pela Academia de Polícia Militar e Fundação João Pinheiro

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