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Elitecracia brasileira

por Ricardo Dias Muniz*

A palavra elite, originada do francês “élite”, significa, no sentido literal: o que há de melhor. Já “cracia“, com origem grega (kpacia), significa: força, poder. Bom seria se nossa sociedade fosse governada pelos melhores. Aristóteles já idealizou, embora com um quê de ironia, o governo dos filósofos, a sociedade perfeita. E no Brasil? O que nosso sistema quer entender como o “povo no poder”?

O termo elite foi moldado pela educação progressista como algo negativo, porém – nem sempre é -, pode significar: mérito, esforço, qualidade e capacidade. Devido a esse estigma, para um grupo seria difícil governar se ele se promover como elite. Não vai rolar… Daí a necessidade de maquiar o jogo.

Qual seria, nesse caso, a maquiagem perfeita? Óbvio… Uma elite política faz tudo para se pintar com uma fina… Bem fina… camada da tinta da democracia.

O voto democrático, pedagogicamente, pode ser entendido como um demaquilante, que retira a maquiagem; assim, é capaz de exibir as entranhas dos grupos elitistas. Expondo suas más intenções. Quando todos os cidadãos são capazes de concorrer a uma vaga política, com equilíbrio de forças, a maioria dos eleitores saberá escolher a verdadeira elite, os melhores representantes. A formada com base, a serviço e íntima; aos princípios e valores que formam esse povo, neutralizando qualquer minoria política corrupta. Isso é democracia, sem maquiagem. Mas, para ser possível, é preciso deixar os melhores competirem. Se os melhores não puderem concorrer a uma vaga de representante, esse povo logicamente somente poderá ser representado pelos piores, ou não melhores, na melhor das hipóteses.

Aí que tá o problema! Em meados de 2018, o total de 178 dos 513 deputados federais respondiam a processos criminais. Na época, havia uma forte comoção do maior caso de corrupção da história. Houve na eleição daquele ano uma renovação histórica, principalmente no senado federal, com substituição na taxa de 85% das vagas disputadas. O presidente da República, um “outsider” do sistema, foi eleito com uma grande diferença. Um pouco das vagas foi substituída por pessoas que gozavam de credibilidade junto à população e foram escolhidas como a nova elite. Mas a antiga elite, como seria previsível, reagiu vigorosamente.

Por 273 a 211, foi aprovado na Câmara o texto do novo código eleitoral (Projeto de Lei Complementar 212/21). Nele, prevê uma barreira para que a elite de combate ao crime – policiais, militares, juízes, promotores – necessite uma quarentena de 4 anos antes de poder concorrer a cargo eletivo.

Se aprovada, a lei deixará livre o caminho para criminosos corruptos participarem da eleição e fechará as portas aos aplicadores da Lei; assim é escolhida a elite política brasileira. Quem vê a foto até se encanta com a beleza dessa democracia. Ou seria Elitecracia? A mais urgente, importante e escandalosa questão que precisará ser respondida é: por que querem tirar as pessoas da lei da vida política?


* Consultor empresarial, engenheiro de produção, ativista político, colunista de opinião, estuda filosofia e direito.
Contato: munizricardodias@gmail.com
Redes sociais: https://linklist.bio/artigo

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