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OS INTERPLANETÁRIOS (DRD367)

por Crisolino Filho

Governador Valadares é uma cidade que tem em sua história nuances de mistérios. E entre eles está bem caracterizada a relação que alguns valadarenses têm com o espaço e com os extraterrestres. Temos algumas histórias. E temos também estórias, que são narrativas e lendas, uma imitação paternal da língua inglesa, que distingue “story”(narrativa) de “history” (história). Não se pode afirmar se os fatos desse artigo fazem parte da história ou estória, já que não se pode mensurar o grau científico dos fatos vividos pelos narradores. De qualquer forma, vamos a três deles, interessantíssimos.

* O primeiro não é nenhuma novidade, trata da viagem feita num disco voador ao planeta Marte pelo “valadarense” Plínio Bragatto. Numa certa noite, no entorno do pico da Ibituruna, uma nave espacial o “abduziu” para um passeio galático. Depois da viagem o valadarense foi deixado em Montes Claros, cidade distante mais de 400 km daqui. De acordo com o viajante, os ET´s, que ele nunca precisou quantos eram, tinham forma humana e cor esverdeada, diferente dos ET´´s de outras ficções científicas ou um filme de Steven Spielberg.

Quem comunicou parentes e amigos que ele estava no norte de Minas foi o delegado daquela cidade. Detalhe: o comunicado teria sido feito às 20h. Conhecidos teriam conversado com Plínio por volta das 16h na rodoviária de GV. Na época, como hoje, não tinha voo comercial entre GV e MOC; a viagem de ônibus é feita em 10 horas e a de carro, em 8 horas. Como poderia ter chegado lá em tão pouco tempo? Criou-se o mistério.

Uma das primeiras pessoas que ficaram sabendo da aventura de Bragatto foi o empresário Toninho Coelho. Em homenagem ao acontecimento construiu com muita propriedade em frente à Casa de Papai Noel, na Ibituruna, a praça Plínio Bragatto, onde estão a réplica de um disco voador e de dois ET´s em tamanho natural, que lembram muito a figura do ET da cidade de Varginha. Ah! Toda essa narrativa foi objeto de reportagem na revista especializada UFO e de entrevistas para grandes redes de TVs. Plínio faleceu aos 84 anos.

* A história ou estória de Plínio Bragatto nos foi contada pelo historiador João Rosado, que também tem a sua. Rosado é um apaixonado por aviões e aeromodelismo. Desde garoto gostava de usar o seguinte bordão, quando se encontra ou telefona para alguém: “Como está o sistema interplanetário?”. Pouca gente entende o porquê dessa saudação, que remete ao espaço. Conta ele que no início dos anos 70 trabalhava numa empresa paulista do ramo de embalagens – com filial BH, onde para se comunicar com a diretoria tinha de passar primeiro por uma secretária de nome Cida, de quem se tornou grande amigo. Sempre que precisava falar com os diretores, ligava exercitando antes o bordão: “Cida, como está o sistema interplanetário?”

Passado algum tempo, a empresa em que Rosado e Cida trabalhavam fechou, concentrando suas atividades em São Paulo. Recentemente, 35 anos depois do encerramento das atividades do negócio em BH, e sem ter nenhum contato com Cida nem com ninguém da empresa, Rosado precisou falar com um antigo diretor. Não se sabe o porquê, assim que a telefonista atendeu e ele repetiu o bordão, do outro lado, coincidentemente, uma voz feminina respondeu de pronto: “Seu Rosado!”, era a Cida. Isso mesmo, coisa de interplanetário.

* José Roberto Morais, o Bomfim, gerente de uma grande padaria do Centro de GV, afirma que no início da década de 50 caiu um meteorito na região de Valadares. Como na época o país não tinha tecnologia, pois não existiam ainda instituições como o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e o CTA (Centro Tecnológico Aeroespacial), doaram o objeto espacial para a França. Para quem não é familiar com o assunto, meteorito é um material rochoso ou mineral que, provindo do espaço sideral, se precipita sobre a Terra, tornando-se incandescente ao atravessar a atmosfera, e conhecido popularmente como estrela cadente.

De acordo com Bomfim, a França teria doado nos anos 90 um pedaço desse meteorito para a NASA – a agência espacial americana, que fez uma pesquisa do mineral que caiu em Valadares, quando se descobriu que ali tinham algumas bactérias que supostamente seriam de Marte. O gerente, que também já morou nos EUA, disse que a cidade perdeu uma grande oportunidade de explorar o fato, como o pessoal de Varginha fez com seu ET. Para ele ia ter gente pesquisando a fundo o local onde caiu o meteorito. Fatos na vida dos interplanetários.

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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