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Valores, gratidão e reconhecimento

Papo de Boleiro

(*) Luiz Alves Lopes

As reações dos humanos neste período de pandemia são as mais diversas. Obediência irrestrita às recomendações das autoridades pertinentes; ignorá-las por completo; lembrar e apelar para o Criador do Universo; descobrir que tem família e curti-la intensamente; desenvolver atividades caseiras; enfim, “parar” o relógio do tempo. Vivenciar perdas, presenciar através dos veículos de comunicação cenas jamais imaginadas em um país pacífico como o nosso. Rotina cruel.

Entretanto, existem pessoas altamente conservadoras, saudosistas e apegadas. Filiamo-nos a esse grupo ou corrente. Sendo assim, atentamo-nos para o que dizia e pregava o “poeta maior” do esporte valadarense – sua excelência Sebastião Pereira Nunes, que não cansava de dizer que “recordar é viver”.

Assim o fazemos, aflorando sentimentos de gratidão quando reconhecemos valores extraordinários em pessoas que ricas páginas escreveram na história do esporte valadarense. E o fizeram de formas diferenciadas, cada qual com suas particularidades, criatividades, inovações e posicionamentos. Deixaram legados.

Tião Carioca Nunes e Beto Teixeira fazem uma falta danada. As mudanças midiáticas que se verificaram concorrem para aumentar as saudades.

E o que falar de Dr. Armando Vieira? De Walter de Almeida Melo? Do Dr. Randolpho Moreira Bastos? Do professor Guilherme Giesbrecth? De Jaime dos Santos – o “professor de bola”? Do sargento Argemiro da natação? Do “bom crioulo”, o educador João Rosa? Do “velho Euclides”? De Clementino Cadête? De Hormando Leocádio? De Dolfino “Italiano” Chisté? De Daniel Mathias de Almeida? De Feca e Adocival, do Ibituruna? De Malvino Caldas? De Dorly Caldas? De Boris Silva? De Francisco Conceição? De Almyr Lordes? De Joaquim Inácio? De Rubens do Amaral? De Lino Alves Filho? De Geraldo Pimenta? De João “Borreira”? De Mammud Abbas? De Adonis Lara Santos? De Serafim Leiteiro? De Mário Marinho Macedo? De Crisolino Ferreira da Costa? Do Ary Carlos Flexa, do Ilusão? Do Rubinho do Banco do Brasil? Do Dr. Arnóbio Pitanga? De José Amadeu Argolo? De Irineu Farias de Oliveira? De José Portilho de Magalhães? De Jazi Coelho? De Osvaldo Alves Pereira? Do velho Marcos Alves de Oliveira? De Ranulpho Alvares? De Anita Tassis? De Ângela Coelho Babalú? Enfim, o que falar, dizer e recordar de tanta gente e outros tantos que nos deixaram?

Ainda entre nós, por onde andam Maurício Guimarães “Pará”, Ubiracy Conceição de Brito, José do Socorro, Nandão do voleibol, Anísio Costa, professor Carlos Alberto Miranda, Almyr Vargas, Lael Dias Cota, Langlebert Trindade, Buchecha da Periquito, Josino do Inter, os irmãos Clério e Cléber Teixeira, Zé Nilton, Elias Pereira, Euflásio Lopes, senhor Odilon da Casa de Couros? Paramos por aqui. Uma infinidade de nomes podem ser acrescentados. Os leitores podem fazê-lo. Registramos, todavia, que o Dr. Luiz Bento Macedo – o Marreco – é hoje interno da Casa de RECUPERAÇÃO Dona Zulmira, onde também se encontra Azuil, ex-craque no passado.

Como não registrar e relembrar as contribuições de Natal, Wilson de Oliveira, Kolinos, Tio Guiné, Pelé, Quincas, Letica, velho Euclides, Ninha, Ferreirinha, Kanelinha, Kóy, Douglas e inúmeros outros na formação de atletas para o mundo da bola e também para o mundo real e que, nos dias atuais, aí estão ocupando postos de destaque ou mesmo realizados? Não dá para enumerar.

No mundo em que vivemos, pelo menos até aqui e agora, antes da chegada da Covid-19, a hipocrisia, orgulho, frieza e indiferença se fizeram presentes. Vivemos de escolhas e de opções. Opções nada republicanas ou humanitárias. Parece que teremos que mudar… pela dor.

É fácil ser ou se dizer amigo de importantes, poderosos, influentes e que estão em evidência. Bajulá-los quase sempre é a tônica. Dá para sair na foto ou mesmo na fita. Os que assim procedem não se dão conta de que a vida mundana é curta, passageira e que o crepúsculo é assustador. E o calendário não nos é dado a conhecer. Há um princípio religioso que diz: “preparai-vos como se todo dia tivésseis que morrer”.

Com razoável formação e boa vivência familiar, é possível traçar um itinerário que nos permita viver em sociedade, dela participando com nobreza, independentemente da classe social em que figuramos. Há espaço para tudo e para todos. A ocupação do primeiro lugar não deve ser objetivo único. Apenas consequência…

“Ser bom indistintamente não é tarefa fácil. Não há vantagem alguma em ser amigo e praticar caridade para com seus pares, com seus chegados, para com aqueles importantes, famosos, bem situados economicamente, para com pessoas bonitas e para com aqueles que lhe são caros. O importante é fazê-lo para com os pobres, miseráveis, deserdados, desconhecidos e para com aqueles que sequer poderão agradecer. Isso lhe fará bem, lhe trará recompensa e se traduzirá na verdadeira caridade cristã”. (Comece o dia feliz – J.J.Nobre).

Nossos despretensiosos “rabiscos” recepcionados pelo DRD (até quando Raimundo?) basicamente são voltados para aqueles que vivenciaram e vivenciam o mundo esportivo valadarense.

No mundo da hipocrisia e da degradação moral e politica que vivemos, busca-se, de forma desordenada, dar uma resposta à sociedade para os graves problemas da vida nacional, agindo sob forte clima emocional.

Quem detém qualquer tipo de poder, político, financeiro, institucional ou de saber, tem ainda mais responsabilidade com a realização dos sonhos alheios e coletivos, primários que sejam. Pois só através do decente e competente desempenho nessas funções de poder é que se poderá possibilitar a todos, a cada um, individualmente, sonhar e cumprir com dignidade a sua sina.

Na visão do historiador Leandro Karnal, “existem dois Brasis. O primeiro é um Brasil que está nos jornais, dos nossos dirigentes. Eles conspiram, eles cavilam, eles articulam sedições, violam as leis, traem uns aos outros e aos seus eleitores também. Vivem pro poder dos cargos e das verbas. Este é um Brasil podre, carcomido. Eles rastejam na poeira do solo de Brasília. Maldição do livro do Gêneses para todas as serpentes traiçoeiras. Existe um outro Brasil. Ele é jovem e dinâmico. Debate um futuro mais transparente e com vida. São pessoas que ouvem, pensam, perguntam, aplaudem, criticam, refletem, ensinam pelo silêncio, ensinam pelos olhos vivos. São todos jovens, alguns com 70 anos, outros com 16. São o sangue que faz bater a Terra de Santa Cruz. O primeiro Brasil tem poder, mas não é feliz. O segundo Brasil não sabe ainda a extensão do seu poder, mas é alegre. Este é o Brasil do futuro e o futuro é de quem ama”.

A valorização, gratidão e reconhecimento fazem um bem danado, não importando o tamanho daquele que fez por merecer. Não importa que quase sempre vivam ou tenham vivido no anonimato, avesso à badalação e outras “coisitas” mais.


(*) Ex-atleta

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

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