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Tempos difíceis, mas tem aqueles que fazem a diferença

por Prof. Dr. Haruf Salmen (*)

Completamos um ano desse tempo excepcional em que vivemos a pandemia da covid-19. Eu e todos os meus colegas tivemos que nos adaptar à nova situação, assumindo uma postura de aprendizado e abertura para novas experiências. A Univale tomou uma decisão corajosa quando resolveu que não iria interromper o ano letivo, como a maioria das universidades e faculdades fizeram. As aulas continuaram normalmente, porém, na forma telepresencial, com a utilização de diversos recursos tecnológicos. Para surpresa de muitos, o resultado foi mais que satisfatório e, em vários aspectos, fomos surpreendidos com a desenvoltura dos alunos e com a qualidade das aulas e da participação, inclusive daqueles que ficavam mais calados e tímidos na sala de aula. Confesso que muito do que aprendi das novas tecnologias foram os próprios alunos que me “aplicaram”, como dizem os jovens. No começo a gente estranha, mas depois vai se adaptando e descobre que não é um “bicho de sete cabeças”.

Para a ciência brasileira, esses últimos anos não são positivos, com diversos ataques às universidades e aos professores, disseminação do negacionismo e os persistentes cortes de verbas. Eu tenho na minha responsabilidade a coordenação do Programa de Mestrado da Univale e do Doutorado Interinstitucional, que temos em convênio com a UFSC. Em 2019, no nível estadual, fomos surpreendidos pelo corte do programa de bolsas de iniciação científica da FAPEMIG, que é a agência para o apoio ao desenvolvimento científico do estado de Minas Gerais. Com uma canetada, como se usa dizer, o governo do estado deixou de conceder as bolsas que eram destinadas à Univale e a muitas outras universidades. A situação não é melhor para os programas de pós-graduação, pois assim são chamados os cursos de Mestrado e Doutorado.

No início do ano passado, o governo federal surpreendeu a todos com a decisão inesperada de cortar as bolsas e taxas que eram concedidas aos alunos de mestrado ou doutorado de centenas de programas. Nosso Programa de Pós-graduação da Univale perdeu todas as bolsas e taxas. Neste mês que se encerrou, questionamos a FAPEMIG se podíamos implementar a bolsa de mestrado disponível para o programa. A resposta é que a bolsa está prevista, mas foi contingenciada, ou seja, existe mais não pode ser implementada.

Tudo isso acontecendo num contexto de pandemia e de enormes dificuldades vivenciadas pelas universidades, particularmente pelas que são comunitárias, como a Univale. Para quem não sabe, a origem da Univale remonda ao ano de 1967, quando 159 pessoas, entre particulares e representantes de entidades privadas e públicas, que podemos denominar de instituidores, criaram uma instituição de ensino superior comunitária, que se iniciou pela Faculdade de Engenharia. Entre os instituidores estavam a Prefeitura e a Câmara de Vereadores de Governador Valadares, empresas, entidades da sociedade civil e particulares, independentemente de partido político, cujo único propósito era dar a Governador Valadares e região uma universidade que pudesse fazer a diferença e contribuir para o desenvolvimento local e regional.

Para apoiar e funcionar como mantenedora da universidade, os instituidores criaram uma fundação de natureza comunitária, não confessional, instituída como sociedade civil de direito privado, a qual denominaram Fundação Percival Farquhar – FPF. Com a liderança de Antônio Rodrigues Coelho e do brigadeiro George de Moraes, participação de Ronald Amaral, Hermírio Gomes da Silva e outros, a FPF foi criada com a missão de nunca fugir do compromisso com a comunidade e de manter uma Universidade compromissada com a pesquisa e estudos que respondam aos desafios do desenvolvimento regional do Vale do Rio Doce.

Apesar de todas as dificuldades que são enfrentadas nos últimos anos, vividos pelas universidade comunitárias brasileiras, em função da expansão acelerada das faculdades particulares e empresariais, a FPF tem buscado cumprir seu papel e sustentar os princípios que deram origem à Univale como universidade comunitária. Mesmo neste ano de pandemia da covid-19, a FPF não deixou a “peteca cair”. Em resposta à suspensão do programa de bolsas de iniciação científica pela FAPEMIG, a FPF respondeu com a ampliação do seu programa de bolsa, garantindo com esse esforço extra a continuidade das atividades de iniciação científica.

Em resposta à suspensão dos programas de bolsa e taxas dos governos federal e estadual, a FPF criou um importante Programa de Incentivo para Formação em Nível de Pós-graduação, fornecendo benefícios de bolsas de 100% e de 50%, bem como descontos de 25% na mensalidade para diversas categorias, tais como os profissionais de saúde e de educação, independentemente de serem da iniciativa privada ou do serviço público. Isso não apenas para quem é de Valadares, mas de toda a região do Leste de Minas, que forma a área de inserção do Mestrado em Gestão Integrada do Território, mantido pela Univale. Faço questão de ressaltar isso, pois, no contexto adverso em que vivemos, em que minguam os recursos de investimento na Ciência e Tecnologia, a FPF é um motivo de orgulho para os valadarenses, pois tem cumprido a missão que foi colocada pelos instituidores há 64 anos.

(*) Professor do curso de Direito da Univale
Professor do Mestrado GIT/Univale
Doutor em História pela USP

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