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Roberto Jefferson preso: quem proibiu criticar?

por Ricardo Dias Muniz*

Uma capa de invisibilidade como a do filme Harry Potter seria, talvez, uma grande ferramenta para desvendar o submundo da política do Brasil. Imagine ter acesso a reuniões secretas, presenciar negociatas, conspirações, traições etc… Infelizmente, a sociedade não tem esse poder. Por isso é fundamental proteger algumas pessoas com o direito de falar e, também, proteger os meios de comunicação que divulgam essas falas sensíveis. Do contrário, não haveria ninguém para vigiar os vigilantes.

Esse direito até existe, está claro na constituição de 1988. Constituição com “c” minúsculo mesmo. Porque… tadinha… ela anda meio deprimida, contrariada, deixada de lado; dá uma dó de ver como estão a entendendo mal. Se a norma fundamental do país fosse uma pessoa, com certeza estaria no leito de morte por uma depressão crônica. Como uma criança abandonada pelos próprios tutores, uma tragédia iminente. A morte parece questão de tempo.

Controverso, mas ainda um ser humano, Roberto Jefferson foi preso preventivamente pela Polícia Federal, por ordem do ministro Alexandre de Moraes. O ex-parlamentar é alvo de um inquérito já apelidado pelos próprios colegas como: “Inquérito do Fim do Mundo”. O termo depreciativo foi cunhado pelo ministro Marco Aurélio de Melo, que denunciava as ilegalidades do processo, sendo para ele um verdadeiro processo de tribunal de exceção. Ou seja, um processo que viola o direito brasileiro e coloca qualquer um sob o arbítrio de uma pessoa, já que, segundo Marco Aurélio, não é regular.

O país agora convive com a absurda prisão de um deputado federal por crime de opinião. Somado a isso, um jornalista e uma ativista política. Prisões que são altamente questionadas na sociedade. A alegação é que essas pessoas estariam praticando atos antidemocráticos. Entretanto, apenas uma visão ideológica estaria sendo alvo da vigilância suprema. Por exemplo: existem no país partidos políticos que pregam a DITADURA DO PROLETARIADO, que, no entanto, têm absoluta liberdade e verbas públicas para tentar destruir o atual regime democrático, sem ser, por isso, alvos de inquéritos apocalípticos. Esse tratamento desigual torna a prisão de Jefferson ainda mais preocupante no cenário nacional.

Com poderes absolutos, bem superiores ao de uma capa de invisibilidade, para: tirar a liberdade, quebrar sigilos, investigar, calar. Ou seja, só lhes falta uma manopla do infinito do tipo do Thanos da Marvel para expurgar quem não os obedece. Isso tudo para “proteger” os direitos democráticos do que eles consideram como “povo”. Resta saber… quem vigiará os vigilantes, que estão proibindo até deputados de criticar e jornais de divulgar as críticas?


*Consultor empresarial, engenheiro de produção, ativista político, colunista de opinião, estuda filosofia e direito.
Contato: munizricardodias@gmail.com
Redes sociais: https://linklist.bio/artigo

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