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GRITO DE CARNAVAL 1 – A ABSTINÊNCIA

por Darlan Corrêa Dias

Caro leitor, eu já estava com saudades! Este ano a Coluna Adolescer Bem completa seis anos de DRD, em maio. E falar de adolescência é cada vez mais necessário e atual.

Chegamos a fevereiro e, em algumas semanas, a “ofegante epidemia” do carnaval toma conta do Brasil! Hoje, e na próxima coluna, vou abordar temas que envolvem o reinado de Momo e os adolescentes. O assunto desta coluna será Sexualidade – ou abstinência se preferirem!

O tema é recorrente, eu sei! Mas se impõe no momento, porque o Ministério da Mulher e da Família e dos Direitos Humanos anunciou que o foco do governo para prevenção da gravidez, na adolescência, agora será a ABSTINÊNCIA! Imediatamente vários estudiosos já se posicionaram questionando esse enfoque, inclusive, a Sociedade Brasileira de Pediatria, soltou uma nota, que repercutiu durante toda semana.

Nós hebiatras estamos estarrecidos!

A abstinência é uma proposta muito interessante, quando colocada no contexto religioso, mas não como política de saúde! No inicio dessa semana, na UOL, o sexólogo Jairo Bouer ressalta que a abstinência deve ser uma escolha individual e não uma política de saúde, corroborando com meu raciocínio.

E por que não pode ser? Respondo na lata: PORQUE NÃO TEM RESPALDO CIENTÍFICO! Porque os países que optaram por esse caminho deram com os burros n’água! Como política de saúde, com o intento de prevenir gravidez, doenças sexualmente transmissíveis (ISTs), é uma medida ineficaz e irresponsável.

Ai, ai, ai, caro leitor! Vamos recordar: o cérebro do adolescente de 10 a 20 anos tem o predomínio de uma estrutura chamada SISTEMA LÍMBICO. Isso significa que ele age antes de pensar, que ele procura recompensas em curto prazo. Por isso, na hora do  “rala e rola”, vários adolescentes se esquecem de usar a camisinha. Então adiar o desejo é uma luta, na maioria das vezes, invencível. Essa peculiaridade do cérebro em desenvolvimento coloca os jovens em várias situações de risco, dentre elas, uso de álcool, acidentes, gravidez e ISTs.

A Gestação precoce é multifatorial e não se explica só pela impulsividade. Em qualquer grande capital do país, se olharmos as estatísticas de gravidez na adolescência, vamos observar que os números se multiplicam por dez, quando comparamos os bairros periféricos com os bairros de classe média alta. Como analisar esses números?

Primeiro os jovens da periferia têm menos acesso a educação sexual nas escolas, também têm menos acesso a métodos contraceptivos (frequentemente não conhecem os métodos contraceptivos disponíveis no SUS), as meninas sofrem com a cultura machista que favorece o abuso e, não é incomum, têm o desejo de serem mães mais cedo, já que não conseguem ver perspectivas de futuro ao seu redor.

Então, caro leitor, a coisa é muito clara: A abstinência é uma OPÇÃO PESSOAL, muito válida por sinal! Mas, como sinônimo de política de Saúde, é sinônimo de FRACASSO!

Precisamos:

– Continuar investindo em educação sexual nas escolas. A educação sexual além de informar, pode ajudar a prevenir abusos, ISTs e gestação precoce. Além de empoderar as meninas e combater a cultura machista.

– Investir na educação como um todo. Ter uma escola inclusiva e formadora de cidadãos, para que as jovens construam um projeto de vida, que as leve a sonhar e continuar estudando.

– Garantir a distribuição de métodos contraceptivos (inclusive a pílula do dia seguinte). Com ampla informação sobre o seu funcionamento.

– Combater incessantemente a cultura machista. Conversando, orientando e estimulando os rapazes e fazendo-os refletir no respeito às mulheres, no feminicídio e na homofobia. Também sobre sua responsabilidade na questão da gravidez.

– Combater a miséria, o desemprego e nossa injusta distribuição de renda.

Resumindo, caro leitor: respeito ao jovem, conhecer a problemática da adolescência, não misturar política com religião, investir na educação e na construção de um projeto de vida. Essa é a direção!

Esta coluna é quinzenal, se quiser sugerir temas ou tirar dúvidas, utilize o e-mail adolescenteconfidente@gmail.com

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As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, por não representarem, necessariamente, a opinião do jornal.

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