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Estresse crônico do trabalho e burnout

FOTO: Freepik

Dr. Adão Leal (*)

Denominamos burnout ao quadro clínico de estresse crônico em consequência única do trabalho. Mas não se trata de trabalhar muitas horas ou não gostar do que executa. As pessoas que desenvolvem este estresse são competentes, realizadas profissionalmente, mas não tem consciência do envolvimento exagerado com seu trabalho. São altamente perfeccionistas e se cobram excessivamente para serem cada vez mais produtivos. Dormem pouco, se alimentam mal, não tem lazer, não fazem exercício físico, não dão chances aos amigos e diminuem seu tempo com sua família para continuarem trabalhando.

Porém nesta vida centrada apenas no trabalho, o esgotamento aparece, e o corpo e a cabeça apresentam problemas. Quando adoecem, consultam-se com vários médicos na tentativa de descobrir o porquê de seus sintomas, mas nenhum chega a uma conclusão satisfatória.

O transtorno vai evoluindo, os sintomas físicos e emocionais vão piorando. Passam a duvidar de sua capacidade, ficam com medo de cometerem equívocos em seu serviço e se isolam. Sofrem muito, até que chegam ao psiquiatra ou ao médico do trabalho quando recebem o diagnóstico de burnout e começam o tratamento, que não é com remédios, mas sim, modificar seu padrão de comportamento e da relação com seu trabalho.

A empresa é responsabilizada quando o empregado chega ao burnout. Pois, submetido à perícia médica, o perito geralmente psiquiatra-forense ou médico do trabalho acredita ter sido o funcionário obrigado a trabalhar em uma função desgastante, que o levou à estafa. Mais de 30% dos trabalhadores brasileiros estão exaustos segundo o Isma-BR (representante brasileiro da International Stress Management Association).

Muitos atletas famosos sofrem burnout. A mídia de vários países nos mostram reportagens de atletas de alto desempenho, ídolos de renome mundial desistindo de competições importantes para tratarem do mal-estar psíquico que estão vivendo.

Não só o burnout, mas os vícios digitais também devem ser esclarecidos para nossa sociedade. Passamos horas no celular, gastamos muito tempo conectados; os eletrônicos participam diretamente da vida moderna e dependemos dele para várias situações além da comunicação. Há uma relação tóxica com computador, smartphone e tablet. O uso compulsivo destes aparelhos em muitos casos é a razão do mau humor, insônia, cansaço, ansiedade e irritabilidade que começa de repente e sem descobrir sua origem.

Os jogos eletrônicos também viciam e tornam-se um problema maior para as crianças e adolescentes porque ficam mais expostos aos danos cerebrais. Pois seus cérebros ainda estão em formação, não totalmente amadurecido porque o amadurecimento cerebral total é concluído na idade adulta.

Passar horas conectados no trabalho ou nos estudos não é dependência tecnológica. Porém quando o indivíduo deixa de desfrutar suas refeições com a família, não tem lazer, não encontra tempo de se relacionar com amigos, prejudica suas tarefas profissionais, tudo por conta da tela, aí, sim, é dependência tecnológica. A pessoa deve se reeducar para diminuir o uso excessivo do dispositivo, entender melhor sua relação com a internet como também nas redes sociais e por qual objetivo as acessam.


(*) Dr. Adão Leal — Médico Psiquiatra da Associação Brasileira de Psiquiatria; Certificação de Atuação na Área de Psicoterapia (ABP); Psicogeriatra pelo Proter (Instituto de Psiquiatria da USP).

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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