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DIRETO DOS PORÕES DO FUTEBOL: OBERDAN, ALMIRO E GETÚLIO

(*) Luiz Alves Lopes

A conhecidíssma obra do jornalista Roberto Cabrini, “Os porões do futebol”, mostra o lado que não se vê das arquibancadas dos estádios, o lugar onde o que importa não é o talento, mas o vil metal, o dinheiro. Coisas de mercenários que tomaram conta do futebol brasileiro.

Um mercado clandestino, podre e malévolo, onde tudo tem um preço, mostrando o desespero de quem foi usado e enganado, com frustrações e decepções.

O esporte das multidões e seu lado sombrio, cheio de fraudes e estelionatos. Eis a triste realidade do país do futebol.

Em trabalho sério, responsável e de profundidade, o profissional desnuda o que há de mais podre, revoltante e inaceitável no futebol do país cinco vezes campeão do mundo. Campeão também de falcatruas e de monstruosidades de proporções incalculáveis.

A podridão em comento faz lembrar a história da escravatura. Dos tempos dos navios negreiros, nome pelo qual ficou conhecido o barco que transportava os negros destinados ao trabalho escravo no continente americano.

Os escravizados eram transportados nos porões dos navios, onde permaneciam confinados em viagens que duravam dois ou mais meses, até a chegada ao destino. Eram embarcados à força e aprisionados em porões em que mal dava para permanecer sentado.

A obra “O navio negreiro”, de Castro Alves, descreve as terríveis condições de viagem e faz uma crítica direta ao governo brasileiro, por permitir a entrada de escravos em seu solo, mesmo após a aprovação da Lei Euzébio de Queirós.

Crueldades, golpes, falcatruas e todo tipo de ilicitudes infestam o futebol brasileiro a partir de um primeiro registro, de uma primeira inscrição, de uma participação em “peneirada” ou garimpagem, como queiram. Há de tudo e muito mais.

O país carece de uma nova roupagem em seu futebol. De uma verdadeira revolução. Há esperança? Ocorrerá? Muito pouco provável. Há enormes interesses em jogo… interesses confessáveis e inconfessáveis.

De tantos atores do mundo do futebol, a título de reflexão, entendimento, compreensão e constatação, há aqueles que, no anonimato, se portam ou são tratados com desdém ou como insignificantes, até mesmo descartáveis, muito embora desenvolvam atividades extraordinárias, importantes e gratificantes. Verdadeiros operários invisíveis.

Queremos nos referir aos MASSAGISTAS. Se importantes são em qualquer estrutura clubística, o que dizer daqueles que trabalham em clubes menores? Verdadeiros milagreiros. Salvadores da pátria. Pouco valorizados.

Aqui neste espaço, ainda sob o manto do saudosismo, olhando para trás, lá atrás mesmo, queremos relembrar, registrar e enaltecer a passagem e trabalho de três profissionais da “massagem” que passaram pelas hostes do Democrata Pantera.

Jovem ainda, envergando a jaqueta do Rio Doce de João Rosa, lembramos de OBERDAN, originário do Rio de Janeiro, profissional de físico avançado, corpulento mesmo, e que por algumas temporadas desempenhou com galhardia o seu mister por aqui. Tempos em que a Pantera montava grandes equipes, a maioria dos atletas buscada lá fora.

Já no final da década de 60 e início da de 70, lá estávamos nós como atleta do mesmo Democrata Pantera e lá conhecemos, convivemos e fizemos amizade com ALMIRO SILVA – o Almir para os desavisados. Altamente capacitado, dedicado e exigente. Posteriormente, se mandou para a Desportiva de Vitória, onde fez sucesso por anos e anos. Veio a falecer na capital do Espírito Santo.

Nos últimos anos, a Pantera da Osvaldo Cruz passou a contar com os trabalhos profissionais de GETÚLIO, encanto de pessoa, simpatia a toda prova, gentil, atencioso e altamente qualificado e competente.

Em relação aos profissionais apontados, uma mesma situação e registro: todos residindo nas dependências do estádio, em acomodações simples e bem próximas das enfermarias, locais em que por noites e noites buscavam (os dois primeiros) e ainda busca (o último) recuperar atletas contundidos. Bons tempos da toalha quente, do contraste, da tiaminose, da vermelhinha (B-12) e do infravermelho.

Todos eles, morando sozinhos, longe de suas famílias, sintetizam desigualdades pouco notadas e abordadas quando o assunto é o futebol, suas tretas e tudo mais. Nas sombras do futebol brasileiro também há coisas boas, porém pouco valorizadas. Fica o registro…

(*) Ex-atleta

N.B. – Haroldo ‘policial’, Nascimento e Zequinha, afora inúmeros outros, são produtos da terra, massagistas extraordinários, porém com abordagens diferentes. Certo?

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

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