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A indicação de procedência mais fria do país

FOTO: Divulgação

por Marcelle Justo (*)

Vinhos elaborados em uma mesma região, um mesmo terroir, guardam semelhanças entre si que fazem com que sejam identificados mesmo em degustações às cegas. Mas isso não quer dizer que sejam iguais. Recentemente, na ViniBraExpo, pude fazer uma degustação de três taças de vinhos distintos da casta Sauvignon Blanc. Cada um com suas características tinham em comum o mesmo frescor e a acidez equilibrada, que me transportaram para uma jovem Indicação Geográfica brasileira: a IP Vinhos de Altitude de Santa Catarina, que recebeu o selo do Instituto Nacional da Propriedade Industrial há apenas 2 anos.

A Indicação de Procedência é concedida aos produtos que apresentam uma qualidade única, explorando as características naturais do meio. A produção de uvas e vinhos da IP abrange diversos municípios, entre eles São Joaquim e Lages, e para a elaboração dos vinhos, 100% das uvas devem ser produzidas na área delimitada, em vinhedos localizados em altitudes superiores a 840 metros. De fato, os vinhedos estão concentrados entre 900 e 1.400 metros. Apesar de ser um dos poucos lugares do Brasil onde neva, o fenômeno natural não atrapalha a maturação das uvas, que acontece ao longo dos meses de verão, quando a amplitude térmica auxilia na boa maturação dos frutos.

Uma das pioneiras da região é a vinícola Quinta da Neve, que fica na região da Lomba Seca, local de baixo nível pluviométrico, o que influencia diretamente na produção e dá condições para a elaboração de vinhos complexos. Além de um Sauvignon Blanc com identidade aromática marcada, com notas herbáceas, arruda e frutas tropicais, a vinícola também produz Chardonnay e, mais recentemente, começou a testar a casta portuguesa Alvarinho.

A Vivalti também está em São Joaquim, a uma altitude de 1.360 metros. O verão com grande amplitude térmica e seco, além de um solo rico em basalto, faz do microterroir um local ideal para a produção de vinhos finos de qualidade.

Na mesma cidade, a família Rojas Ferraz, que administra a vinícola Monte Agudo, afirma que, apesar da distância de 100 quilômetros do mar, as videiras ainda recebem a brisa marítima, o que dá à produção um sabor peculiar. A plantação ocupa 5,5 hectares da fazenda e produz de 5 a 7 toneladas por hectare das variedades Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc e Malbec. Atualmente, a Riesling Renano está em fase de teste.

HARMONIZAÇÃO

Entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, mais de duas mil famílias fazem o queijo artesanal serrano, chegando ao total de mais de uma tonelada de produção. Segundo seus fabricantes, a história da iguaria atravessou o Atlântico com os portugueses. De textura amanteigada e feito com leite de vacas alimentadas basicamente com pastagens nativas, com grande percentual de gordura, esse queijo harmoniza preferencialmente com os vinhos tintos da IP de Vinhos de Altitude da Serra Catarinense.

DICAS

As três vinícolas citadas no texto fazem degustações de vinhos e harmonização. Para quem quiser degustar uma garrafa em casa (em todas as outras regiões do Brasil), os vinhos são vendidos por e-commerce.


(*) Jornalista e especialista nem vinhos

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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