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VITÓRIAS E CONQUISTAS DOMINADORAS

por Luiz Alves Lopes*

“Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá; as aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá…” (Canção do exílio – Gonçalves Dias).

Minha terra já teve futebol de primeira, de encher os olhos, de movimentar multidões, de encantar o mundo, de parar uma guerra, de ter sido e tido como o esporte das multidões, de ser o melhor do mundo por algumas décadas. Mas “tudo passa, tudo passará”… (Tudo passará – Nélson Ned). E porque não dizer: “tempo bom, não volta mais, saudade…” (Lilico).

Mergulhando no passado, quando o assunto é futebol, futebol brasileiro em especial, vem a lembrança de clubes tradicionais de nosso país que sucumbiram ou que estão no limbo ou purgatório, pagando pecados próprios ou de terceiros.

Dá para lembrar de uma Portuguesa de Desportos, ou Lusa do Canindé como queiram, que no passado disputava com os grandes de São Paulo o título paulista, fazia bonito no Torneio Rio São Paulo e posteriormente no Brasileirão? Lusa de Djalma Santos, de Ivair, de Dênis, de Félix, de Julinho Botelho, de Pinga, de Zé Roberto, de Enéas e de um mundão de gente boa?

De um Guarani de Campinas sob a batuta de Carlos Alberto Silva, campeão brasileiro de 1978 e que contava com Neneca, Mauro, Gomes, Capitão, Miranda, Édson, Zé Carlos, Zenon, Bozó, Careca, Renato e alguns outros?

Do América do Rio de Janeiro, inovando sob o comando de Jorge Vieira (um desconhecido) e conquistando o título carioca de 1960 em decisão contra o Flu? Pompéia (Ari), Jorge, Djalma Dias, Wilson Santos, Ivan, Amaro, João Carlos, Calazans, Quarentinha, Antoninho, Nilo e mais alguns?

Do Siderúrgica da pequenina Sabará, nas Minas Gerais, tendo à frente o ‘HOMÃO’ Yustrich (Dorival Knippel) no comando técnico e arrebatando o Campeonato Mineiro de 1964 da trinca de poderosos da época (América, Cruzeiro e Atlético), contando em suas fileiras com Édson, Djair, Chiquito, Dawson Laviola, Zé Luiz, Geraldino, Ernani, Silvestre, Noveta, Nilo, dentre outros? O chamado Esquadrão de Aço?

E ainda nas Minas Gerais, em 2005, com o Ipatinga Esporte se atrevendo a ser campeão mineiro liderado por Ney Franco e dispondo de Rodrigo Posso, Luizinho, Willian, Irineu, Beto, Fahel, Leandro Salino, Léo Medeiros, Paulinho, Walter Minhoca, Kanú e alguns outros mais?

Dos bons tempos do Bangú do Rio de Janeiro, quando era considerado ‘grande’, campeão carioca de 1966, sendo vice em 1964, 1965 e 1967? Alguém se lembra de Ubirajara, Fidélis, Mário Tito, Luiz Alberto, Ari Clemente, Jaime, Ocimar, Paulo Borges, Parada, Cabralzinho, Ladeira, Aladim – técnico Alfredo Gonzales?

E da proeza da INTER de Limeira que se atreveu a ser campeã paulista em 1986, derrotando o Palmeiras na final? Sob o comando de José Macias – o extraordinário PEPE -, contava ela com Silas, João Luiz, Juarez, Bolivar, Pecos, Tata, Kita, Lê, Manguinha, Gilberto Costa, João Batista, Alves, Carlos Silva e outros.

Independentemente do tradicionalismo, títulos e conquistas, porque não lembrar de clubes tradicionais que desapareceram do mapa ou estão agonizando? MERIDIONAL de Conselheiro Lafaiete, Valeriodoce de Itabira, Acesita Esporte, Renascença de Belo Horizonte, Siderúrgica de Sabará, Curvelo da cidade do mesmo nome, Jabaquara de Santos, Portuguesa Santista também de Santos, Canto do Rio de Niterói e tantos outros?

No que foi transformado o esporte tido como das multidões? Pobre pode ir aos estádios? Neles imperam a alegria, entusiasmo e confraternização entre torcidas de clubes diferentes? E o preço dos ingressos?

No saudoso futebol de antigamente, vitórias e conquistas se assemelhavam. Porém, nos tempos atuais, estão sintetizadas por diferenças brutais.

A maioria de nossos clubes tradicionais, até que esporadicamente conseguem algumas vitórias, em um ato isolado de vencer, de ter algum sucesso, de ter êxito ou algum triunfo.

Porém, outros poucos, os dominadores, obcecados, buscam conquistas, lutam para agarrar e ter em mãos aquilo que desejam. A qualquer preço. Estão acabando com o futebol, o brasileiro em especial.

Futebol que no passado buscava formar valores, montar uma equipe coesa, treinava-a e a preparava para salutar disputa, muitas vezes obtendo VITÓRIAS e títulos com méritos.

Hoje não mais é assim. As conquistas a qualquer título e preço implicam na montagem de equipes ricas e poderosas, sem nenhuma identidade clubística. É vencer ou vencer. Na base do rolo compressor. É preciso CONQUISTAR… praticamente sem mérito no quesito formação de atletas. É a regra do mercado.


(*) Ex-atleta

N.B. – Somos(sou) tricolor de coração. Dos tempos de Castilho, Píndaro e Pinheiro… Há uma realidade a ser enfrentada com seriedade e comprometimento. O Flu tinha algo de bom em seu comando técnico: uma pessoa séria, de bom caráter, do ramo, humilde, comprometida e trabalhadora. Sua dispensa, sob pressão de torcedores, é repugnante. É uma praga que está impregnada no futebol brasileiro. Até quando?

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

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