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Uma vitória de pirro ou gosto de guarda-chuva na boca?

Luiz Alves Lopes (*)

Vitória de pirro é uma expressão utilizada para se referir a uma vitória obtida a alto preço, potencialmente acarretadora de prejuízos irreparáveis, aplicável a todos os momentos imperfeitos da vida social, esportiva e política.

Por gosto de guarda-chuva na boca pode-se entender por ruim, amargo, sem definição de sabor, paladar sem graça ou mesmo azedume. Gosto esquisito, mais sem graça possível.

Na década de 60, por ocasião do período de inatividade da Liga de Futebol Amador da cidade, o esporte das multidões ficava a cargo da antiga Liga Autônoma da Segunda Divisão (também conhecida como liga barbante, por ser oficiosa), que promovia anualmente acirradas disputas nas categorias de titulares e aspirantes.

Nos anos de 1966 e 1967, o Esporte Clube RIO DOCE (do mestre João Rosa) disputou o Varzeano, ao contrário de outros clubes da primeira divisão, que se contentavam com a realização de partidas amistosas.

À época reinava o Almirante Barroso, esquadra representativa do Sexto Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais, sediado em Governador Valadares. Quem não se lembra de Onofre, Dema, Prisco, Expedito Café Ralo, Alicate, Ildeu, doutor tenente cabo Dú, Nenzinho, Levy, Oscar da banda, Durval, Rolinha, Chicão, Luiz Castro e Zé Roberto, tudo sob os olhares do tenente Raul e outros menos votados? E o Wilson, proprietário de comércio na parte nobre da cidade (???), representante civil do clube junto à Liga? O time era muito bom e não aceitava concorrente. Quando tal ocorria… (não pode ser dito, é segredo de Estado).

É, pois é, o “bom crioulo” que hoje seria Mister João Rosa assim não entendia. Treinava exaustivamente seus comandados. Tinha um plantel em números e qualidades de fazer inveja aos concorrentes.

Em 1966 foram 15 ou 16 os clubes disputantes, em um único turno, com todos jogando entre si. Vencedor seria aquele que alcançasse o maior número de pontos. Não vigia ainda o critério de 3 pontos por vitória.

Faltando duas rodadas para encerramento do campeonato, o ALMIRANTE tinha um ponto de vantagem sobre o Rio Doce, seu próximo adversário. O local do embate foi o charmoso Estádio Armando Vieira, todo cercado de tábuas de compensado, arquibancadas de madeira, iluminação a mercúrio e um tapete verdinho, fofo e pesado, em função do pó de serra usado em sua manutenção e conservação.

O Rio Doce, que tinha JUVENAL, se deu o luxo e capricho de ir de MAROTO. Jairo, Vadinho, Timburé e Lambreta; Paulinho, Padeirinho, João Arthur, Sinval, (Guilherme), TIÃO e Luizinho (Gilson Hermes). Atentem para a dupla de irmãos Sinval e Tião. O Almirante se fez presente com todos os seus figurantes, tendo Luiz Castro como astro maior.

Rio Doce 3×2 Almirante, com todos os gols da equipe ferroviária sendo assinalados por Tião, enquanto Luiz Castro assinalou os tentos dos militares. Detalhe maior é que Maroto defendeu a cobrança de uma penalidade máxima a cargo de Luiz Castro.

Tendo assumido a liderança do campeonato, coube ao Rio Doce enfrentar, na última rodada, em seus domínios, a equipe do Santo Antônio (de Veio Euclides, Tataia, Lula, Zé Nilton e outros mais). Vencendo seu adversário, cuja classificação era intermediária, o clube ferroviário se tornaria campeão. Resultado: Santo Antônio 2×1 Rio Doce, com Lula e Zé Nilton assinalando para o clube vencedor, descontando Tião para os perdedores. Detalhe: um dos gols dos vencedores foi assinalado de calcanhar e na meta do Rio Doce estava “o cara“ Juvenal.

O Almirante Barroso fez o dever de casa, venceu seu último adversário e se tornou campeão varzeano de Governador Valadares em 1966. O Rio Doce seria campeão no ano seguinte, em 1967, mas aí a história é outra.

Em 1968 ressurge das cinzas a Liga de Futebol Amador de Governador Valadares, com o Pastoril sendo campeão. Em 1969, depois de 13 anos, o Democrata volta a conquistar o título maior da cidade, e assim, sucessivamente, os certames amadores foram sendo realizados até chegar às mazelas dos tempos atuais, em que nos encontramos, sem lenço e sem documento, e também sem campeonato amador algum. Até quando?

N.B.- É consenso entre os cabeças pensantes a realização de uma LIVE no dia 19 de dezembro, alusiva ao encontro anual de ex-atletas e dirigentes esportivos. Também provavelmente teremos um bingo eletrônico. Discute-se implementação de algumas SALAS (grupo pequeno de pessoas interagindo mediante chamadas de vídeos) e interação individual de interessados durante a live. Quanto à parte musical, esta promete (perguntem ao Pulica e Giacomini).

(*) Ex atleta

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

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