Tem fato que causa curiosidade! Por causa do forte calor que faz por aqui articulamos sobre um produto “refrescante”. De acordo com o “Google” a palavra SORVETE “vem do árabe “shurba”, que passou ao turco “sherbet” (xorbet) e depois ao italiano “sorbetto”, que originou a palavra francesa “sorbet”. O termo em português veio do francês e ganhou ainda a influência do verbo sorver, que explica a maneira como se toma a sobremesa, sorvendo-a”. Independentemente da origem, sorvete é uma iguaria feita com doces, suco de frutas com leite, ovos, chocolate, etc. congelada até adquirir a consistência semelhante à neve.
Fiquei matutando. Como sorvete vem do árabe, ou mesmo da Turquia, como é que idealizaram essa coisa gelada e cremosa? É sabido que todos os países árabes, raras exceções, estão situados no Oriente Médio ou no Norte da África, uma área que, apesar de estar acima do Trópico de Câncer, é muito quente, onde fica a maioria dos grandes desertos da Terra, entre os quais, o Saara e o grande deserto da Arábia Saudita. Já a Turquia, apesar de não ser tão quente, também não é lá uma Brastemp, desse modo fica mais para os turcos (conhecidos também como Otomanos) do que para os árabes.
Mas o “professor” informa também que “foi na China que o sorvete parecido com o que temos hoje foi criado. Entre 618 e 697, o imperador chinês King Tang misturava uma base de leite e arroz com o gelo. Essa receita se popularizou entre a nobreza da época, já que leite era um produto caro”. Por esse ângulo é mais fácil pensar que foi um esquimó quem inventou o sorvete, afinal, o Polo Norte oferece todas as condições climáticas para tal, porque muita neve é o que não falta.
Qual princípio e propósito se buscou para fazer sorvete em pleno deserto? Foi de um egípcio, de um sírio, de um libanês, de um turco, de um saudita, argelino, líbio, marroquino ou tunisiano, povos de ascendência árabe, que vivem sob um sol escaldante e temperaturas diárias de 50°C?. As regiões desérticas gelam à noite, mas será que dá para fazer a iguaria? É de espantar que no dia 2 de novembro de 2024 os desertos ao Norte da Arábia Saudita amanheceram cheios de neve, podem pesquisar! Foi a primeira vez que isso aconteceu na história da região, apesar de já ter caído em outros locais do oriente médio e Norte da África. Moradores e turistas aproveitaram o momento para fazerem vídeos e fotos desse fenômeno inédito.
Não sei se outro país do mundo planta pitanga, palavra que vem da língua tupi, e que significa vermelho. Narrativas dão conta de que o imperador Dom Pedro adorava sorvete de pitanga. Fica a pergunta: como o sorvete veio dos países árabes para o Brasil se naquela época não tinha carruagem nem câmara frigorífica? Uma coisa é certa, por aqui não neva muito, a não ser a merrequinha que cai em São Joaquim-SC e em algumas cidades do Rio Grande do Sul. Outra questão: com que tecnologia se fabricava sorvete de pitanga no Brasil nos meados do século XIX? Ah! Por essas plagas, como em Portugal, sorvete já foi conhecido apenas como gelado.
Nos países mais frios, normalmente desenvolvidos, degustar sorvete é hábito natural que não ocorre somente no verão. Lá se toma sorvete durante o inverno, de todos os sabores, de chocolate, de creme, de ameixa, de maçã, de malte e de pêssego, frutas que junto ao leite adensam uma massa promissora e apetitosa. Pode-se até fazer sorvete de frutas cítricas como limão, laranja e pitanga. Mas elas não adensam a massa como as outras frutas. Gosto não se discute, mas o de nosso imperador foi no mínimo exótico. Aliás, o que os gringos mais gostam nesse país é do exotismo das negras, da caipirinha, do futebol, da desorganização, do Carnaval, da farra e por que não do sorvete?
(*) Crisolino Filho é escritor, advogado e bibliotecário | E-mail: crisffiadv@gmail.com | Whatsapp: (33) 98807-1877 | Escreve nesse espaço quinzenalmente
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