Futebolista de boa qualidade e integrante de uma turma que tinha Reinaldo, Cerezo, João Leite, Paulo Izidoro, Alves, Getúlio, Campos, Luizinho e outros tantos que brilharam no Galo das Alterosas, o cidadão de caráter excepcional que se tornou treinador de futebol acaba de anunciar, aos 69 anos de idade, sua aposentadoria na espinhosa carreira. Admite trabalhar em outras funções no mundo do futebol.
Falamos do vitorioso Marcelo de Oliveira que, como treinador, foi vencedor no Atlético e Cruzeiro das Minas Gerais, no Coritiba do Paraná e na Sociedade Esportiva Palmeiras de São Paulo, afora períodos outros comandando diversos clubes de nosso país.
Em seu pronunciamento de despedida disse com todas as letras que, na atualidade, “O futebol faz mal para a saúde”. Só faltou dizer a razão do futebol estar, na atualidade, fazendo mal para a saúde. Sua educação acima da média de quem milita no ‘negócio’ chamado futebol impediram narrativas oportunas no desnudamento de mazelas que estão impregnadas no futebol atual.
Futebol estiloso e charmoso não existe mais. Estamos cercados de “brucutus” por todos os lados, fruto de uma ideologia maluca que está direcionando o outrora “esporte das multidões” para um imprevisível labirinto. Coisa de louco mesmo.
O que ocorreu com Telê Santana da Silva no mundo do futebol? Por seus princípios, valores e integridade moral e capacidade – conhecimentos nunca lhe faltaram, adoeceu e morreu em decorrência de tanta podridão que aportou em nosso futebol.
E o que dizer do ocorrido com Muricy Ramalho, discípulo maior do Mestre que não se cansa de mencionar e reverenciar e que também teve, repetidamente, sérios problemas de saúde que o afastaram das funções de treinador de futebol, levando-o a optar em desenvolver atividades menos desgastantes?
Há inúmeros outros casos e situações de profissionais que adotaram a função de treinadores de futebol profissional, não tão famosos como os já mencionados, porém seres humanos dignos e que também sucumbiram diante de anomalias nos quadros de suas saúdes.
Direito de arena, direito de imagem, alcance de índices, exposição midiática nem sempre de forma republicana, interferências de agentes e empresários, convivência diária com agrupamentos de atletas pouco ao quase nada preparados, viagens dia sim, outro também, distanciamento de familiares, enfim, pressões por todos lados. Esta é a vida de um treinador.
O que é o corpo humano? O que é a tal de saúde? Responda aí professor Marcelo Melo, porque os professores Paulão e Abritta não mais estão entre nós. Se necessário, peça ajuda a um nutricionista, a um cardiologista, a um psicólogo e a um psiquiatra. Há uma tensão muito grande, fruto de cobranças que não são poucas. A saúde acaba sendo afetada.
Há de se imaginar o que seria de treinadores como Yustrich, Zezé Moreira, João Saldanha, Juquita José Lúcio, Aimoré Moreira, Henrique Frade, Randolpho Brabdão e outros tantos, explosivos em suas reações quando no comando técnico das equipes por eles dirigidas. Atritos corporais na certa ocorreriam em grande quantidade.
De uma felicidade a toda prova o depoimento e pronunciamento de Marcelo de Oliveira, falando com clareza e simplicidade, sem apontar o dedo para alguém, porém sendo claro e objetivo ao afirmar que a pressão é altíssima, desumana e desproporcional e que, com o passar do tempo, a saúde acaba sendo atingida.
O que fazer? Há algo que possa ser regulamentado? Há no país um sindicato de classe sério ou outro organismo que possa se debruçar sobre o tema e questão apontada? Ou a brutalização que se apoderou do futebol está acima do bem e do mal? Diz aí Bolivar.
O futebol, que já foi a alegria do povo não é mais. É um negócio descontrolado, com interesses escusos os mais diversos e que não se importa com estádios vazios mesmo em jogos da seleção canarinha. Impõe preços altíssimos nos ingressos, ignorando o verdadeiro torcedor. Acaba por atingir a saúde de alguns de seus atores, principalmente se pessoas do bem. Oportuno o pronunciamento de Marcelo Oliveira.
(*) Ex-atleta
N.B. 1– Vem aí mais um Campeonato Mineiro da primeira divisão. Nele está o Democrata Pantera como representante maior do leste do Estado. Receberá ele ajuda de quem pode?
N.B. -2 – E quanto ao futebol amador de Governador Valadares, teremos novidades no próximo ano com a realização de competições oficiais ou os torneios oficiosos permanecerão?