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Revolução: quando a tradição impõe sua conservação

por Ricardo Dias Muniz (*)

O termo revolução é perigoso, possui dois sentidos: um é a tentativa de mudar as raízes culturais de um povo; o outro é a tentativa de restaurar essas mesmas raízes culturais. Podendo esse processo ser, ou não, violento. Em geral, revoluções são sempre processos traumáticos. Existem sinais que indicam uma ruptura no tecido social no Brasil, o que pode desencadear uma revolução. Veja os sinais.

Primeiro, a teoria crítica baseada no marxismo teórico invadiu os currículos acadêmicos, principalmente em faculdades de ciências humanas. Isso por décadas inteiras. Estratégia brilhantemente idealizada por Antônio Gramsci, aquele que disse “Não tomem quartéis, tomem escolas”. O resultado disso foi o hegemônico domínio dos defensores de Marx na formação de opinião da chamada classe falante brasileira, como: jornalistas, operadores do direito (advogados, promotores, juízes), igrejas e principalmente artistas de massa. Ao retirar a tradição nacional dos círculos de debate, aos poucos, apenas um lado da história foi sendo contada. Em décadas, a defesa da identidade cultural nacional ficaria, como ficou, marginalizada, estigmatizada; rotulada com termos pejorativos que indicam: radicalismo, retrocesso, negacionismo, terraplanismo. A ordem é ridicularizar qualquer um que tenha a audácia de pensar diferente do partido. Porém, a cultura cedo ou tarde se impõe. Aparentemente, esse momento está cada vez mais próximo.

Segundo, toda essa dominação dos postos de propagação de cultura provocou uma artificialidade do comportamento. Nesse caso, a estratégia revolucionária marxista é dividir para dominar. Passados anos de insucesso do conflito burguesia contra proletariado, os frankfurdianos perceberam o óbvio: o capitalismo era bom demais para o proletariado, que, em média, vive bem. Logo, a profecia de Marx nunca se realizaria, os trabalhadores não tomariam o poder. Os frankfurdianos criaram, então, a figura do lupemproletariado. Em suma, a estratégia é criar conflitos artificiais de classes minoritárias identitárias, como: gays contra héteros, brancos contra negros, homens contra mulheres. Para eles, isso provocaria o empurrão da história na direção “certa”. A consequência foi a reação atual da cultura nacional, que passou a rechaçar gradativamente os comportamentos impostos e adotaram os baseados em valores tradicionais.

Terceiro, tentaram, mas o gramcismo não chegou aos quartéis. Com a mídia de massa já dominada em 1984, os militares saíram da ditadura de 1969 acabados politicamente. Perderam apoio. Tanto que quase nenhum político tinha coragem de defendê-los em público. Resultado, uma Assembleia Constituinte quase toda formada por centro fisiológico, extrema e centro esquerda. Com isso, a Constituição de 1988 cresceu o Estado. Tanto que já temos umas das maiores cargas de tributos da história, Estado com poderes centrais, capaz de interferir até na intimidade do cidadão. Resistentes e insatisfeitos com a revolução marxista em adiantado progresso, os militares apresentam sinais de esgotamento, tanto que até foram a base eleitoral do candidato eleito em 2018, dando uma real chance ao sistema, teoricamente democrático, de se alinhar à vontade da maioria da população. Vendo, entretanto, que o processo eleitoral não foi capaz de frear o extermínio cultural em vigor, havendo ações praticadas por autoridades que ferem de morte a normalidade constitucional, como defende o jurista Ives Gandra. Pode-se notar uma crescente insatisfação em toda a sociedade e perigo às instituições constituídas.

Normalmente, as rupturas sociais são precedidas de sinais claros, não apenas esses três. Na Inglaterra, na revolução do Rei João sem Terra, foi alta a carga tributária. Em Boston, o estopim da Revolução Americana foi o aumento de impostos sem consultar a população. Na Inconfidência Mineira foi a cobrança de um quinto de impostos pela coroa portuguesa. Atualmente, o Estado brasileiro cobra cerca de 35% do PIB em impostos, o que representa quase dois quintos. Não é possível descartar a possibilidade de que uma grave crise institucional esteja prestes a ocorrer. A questão é… Quem dará a primeira facada?

(*) Especialista em Gestão Estratégica, engenheiro de Produção, estuda Direito e Ciências Políticas.
Contato: munizricardodias@gmail.com
Redes sociais: https://linklist.bio/ric

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