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Recomeçar… repensando

Luiz Alves Lopes (*)

Os mais entendidos, doutos e cultos, incluindo também pessoas de uma certa idade, narram com riqueza de detalhes o que foi a recuperação de inúmeros países após a Segunda Guerra Mundial. Há exemplos a serem seguidos após ultrapassada a pandemia atual. Será ela ultrapassada? Quando?

No “mundinho” do futebol e de outros esportes, a retomada deverá ser precedida de reflexões profundas e de “cirurgias”, que cortarão na carne dos enfermos – leia-se instituições, organizações, clubes, atletas, dirigentes, sindicatos, mídia, puxa-sacos e toda sorte de gente.

O mundo acabou de quebrar. As gritantes diferenças entre os povos tendem a diminuir, proporcionando equilíbrio entre ricos e pobres. Essa é a tendência, acreditando-se que novas lideranças mundiais surgirão, alinhando-se às do Papa Francisco, de Obama e outros do gênero.

Essa é e será uma guerra diferenciada, em que todos serão inicialmente derrotados e que, com humildade, poderão se tornar vencedores. O tempo dirá!

O “arrogante” futebol e outros esportes dos tempos atuais, em que afloram desigualdades, estão de cócoras. Mas falam em retornar, em voltar às atividades plenas, como se vivessem em outro mundo.

Não foi dito no passado que o torcedor é a razão do espetáculo? Competições com estádios vazios? O espetáculo não pode parar? Bastam as cotas das transmissões? Preocupações apenas com o “andar” de cima?

Esqueçamos a Europa e os grandes centros esportivos mundiais. Reflitamos sobre a retomada das atividades esportivas em solo brasileiro. As autoridades sanitárias de nosso país serão ouvidas e respeitadas? A Covid-19 é apenas mais uma moléstia passageira que não requer cuidados, que não ceifou vidas em quantidades e que não mexeu com o mundo científico? Ou, pelo contrário, deixa um rastro de sofrimento, preocupações, uma economia danificada e questionamentos ainda sem respostas? Agora não é mais CARNAVAL. A realidade é dura. Triste. Acorda, minha gente!

O Brasil é um país continental. Ainda que de forma desproporcional, dispõe de 4(quatro) séries no tocante ao futebol profissional, afora um infindável número de clubes e federações estaduais; estas, também, com inúmeras séries. Há quantidade em detrimento da qualidade, estrutura e organização. Os clubes, em sua maioria, são tocados por pessoas passionais. São mais torcedores do que dirigentes. E aí mora o perigo.

Recomeçar. Recomeçar o quê? Com os Estaduais, frutos de uma paixão tradição e realização dos clubes menores? Daqueles que em apenas três (3) meses no ano curtem o sonho do futebol profissional, fazendo a alegria de seu torcedor, às vezes de uma pequena cidade?

Considerar os Estaduais uma página virada e dedicar atenção às séries A, B, C e D? Quando e como? Haverá datas? Em caráter experimental, promover as disputas com “formato especial”, valendo-se das datas disponíveis?

E as renúncias? Renúncias da Entidade-Mãe, dos clubes, das federações, dos artistas e atores envolvidos, da mídia, enfim, de todos em geral, reduzindo drasticamente salários, vantagens e participações, com implicação direta nas bilheterias (preço dos ingressos)… eis que o torcedor é parte integrante das mais importantes.

Quem sabe a dor do momento poderá levar os dirigentes dos clubes à união necessária, para adoção de algumas medidas padronizadas no trato da “coisa” chamada futebol, em especial quando se trata da REMUNERAÇÃO dos contratados. Verdadeiramente um “tapa na cara” do brasileiro, o salário de considerável número de astros e pseudo-astros que aqui se dedicam à prática do futebol association. Quem sabe uma espécie de “fair play” financeiro.

Seria mesmo um RECOMEÇAR? Ou, na verdade, o que necessitamos é REPENSAR o futebol brasileiro, respeitando sua tradição e sua origem, porém atentando para a nova ordem mundial, que implicará em sacrifícios inimagináveis.

O lucro fácil. O enriquecimento célere. A frieza e indiferença em relação às desigualdades sociais. A porta aberta para ilicitudes e práticas criminosas no mundo do futebol deverão receber “cadeados de boa qualidade”.

Veremos e constataremos sangue, dor, suor e lágrimas na nova ordem jurídica que, inexoravelmente, será implementada. Que o esporte, o FUTEBOL em especial, também se sujeite às mudanças que fatalmente ocorrerão. Não tenham dúvidas, ultrapassada a pandemia teremos um novo mundo. Um mundo de amor, de respeito e de temor a seu Criador. Hora de repensar tudo…  

                                                                                                                 (*) Ex-atleta

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