A distância entre Governador Valadares e a capital Belo Horizonte ultrapassa 300 km. É mais ou menos a distância do nível dos clubes de futebol da Europa em relação aos grandes da América do Sul. Quando o assunto diz respeito às seleções, o raciocínio e entendimento diferem.
Qual é o valor de nossa moeda? Qual é o poder aquisitivo de nosso povo? Nossos clubes são organizados e dirigidos profissionalmente? Ou ainda contamos com dirigentes amadores e passionais? Nossas SAF’s estão correspondendo ou carecem de alinhamentos?
Regra geral nos dias atuais as transações/multas rescisórias envolvendo atletas que se destacam são cotadas e se operam em euros e dólares com os quais nossa moeda e dos demais pares da América não podem concorrer ou mesmo fazer frente. A questão salarial acompanha o mesmo raciocínio.
O rumo tomado pelo futebol mundialmente falando não valoriza a ‘prata da casa’ e as grandes potências futebolísticas do planeta terra fizeram a opção de montarem verdadeiras seleções com craques renomados de diversos países, abrindo mão da limitação de um determinado número mínimo razoável de atletas estrangeiros em uma mesma equipe. Briga de ‘cachorro grande’. Reta-nos assistir e, querendo, bater palmas.
Desavisados ficamos presos ao futebol raiz, ao futebol folclórico de antigamente em que prevaleciam alegria, entusiasmo, charme e criatividade e a máxima de que “o importante é competir” era preponderante. Futebol espetáculo de sonhadores como Telê Santana e uns outros poucos. Coisas de um passado que não volta mais.
Comércio. Negócio. Lucro. Empreendimento. Consequência? Disparidade de forças, de condições e de muita coisa nem sempre republicana impregnadas naquilo que um dia foi o esporte das multidões. Agora prevalece o dinheiro, muito dinheiro, não importando de onde vem. Não há mais charme no futebol. Sobram interesses fétidos.
Sociedade Esportiva Palmeiras e Clube de Regatas do Flamengo são duas potências futebolísticas do Brasil e das Américas. Fiquemos por aqui. Não há como fazer frente aos grandes clubes europeus, aqueles da primeira prateleira. Quando muito, com esforço hercúleo, podem encarar aqueles que se encontram na prateleira intermediária. Desnecessário citar nomes.
Os saudosistas se lembram de quando os grandes clubes brasileiros excursionavam ao velho continente e faziam histórias? E que de vez em quando alguns dos grandes de lá por aqui apareciam para grandes amistosos? Coisas impensáveis para os nossos dias. Faltam datas e os valores são exorbitantes.
Real Madrid, Barcelona e Atlético de Madrid, pela Espanha. Milan, Internazionale e Juventus, pela Itália. Bayern, Borussia e Leverkusen pela Alemanha. Liverpool, Arsenal, Chelsea e City pela Alemanha. PSG pela França, estão em patamar elevadíssimo.
Nos dias atuais não mais cabemna mesma prateleira os grandes de Portugal (Benfica e Porto), outros tantos da França (Mônaco, Lille, Lion, Nantes, Saint-Étienne, Olimpique), os outrora poderosos e tradicionais Holandeses(Ajax, PSV, Feyenoord), ou ainda clubes da Grécia, Turquia, Romênia, Dinamarca, País de Gales, etc, etc. 0 sarrafo ficou altíssimo. Em breve os árabes e seus petrodólares pedirão passagem. Verdadeira loucura.
O mundial de clubes é válido em que pese a infelicidade do pronunciamento do notável KLOPP, censurando sua realização. Certamente suas atuais atividades e funções o levaram a criticar a realização do torneio que caminha para seu final e que temmostrado jogos interessantes.
Quanto aos grandes e poderosos clubes brasileiros, adicionados a outros tidos como grandes das Américas, tenham em mente que as possibilidades de conquistarem o título é mínima, quase ZERO, o que não pode provocar desânimo em participar.
É a dura realidade. Afora o título, outros objetivos podem e devem ser alcançados. Uma boa ou razoável ‘grana’, exposição, divulgação, visibilidade e valorização daquilo que têm de melhor: futebolistas que podem significar dólares ou euros.
(*) Ex-atleta
N.B. 1 –O desenrolar das arbitragens no mundial de clubes nos permite a triste constatação de que a falta de educação ou mesmo malandragem do futebolista brasileiro concorrem para inúmeras situações bizarras e revoltantes que por aqui presenciamos.
N.B. 2 – Em poucos dias teremos de volta os fantásticos jogos do Brasileirão, em estádios e campos modernos, com arbitragens para ninguém botar defeitos. Coisas de primeiro mundo. Será a triste volta à realidade.

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