[the_ad id="288653"]

Quatro décadas de uma vida: ainda dá para refletir

Luiz Alves Lopes (*)

Em circunstâncias normais, o final de semana próximo passado teria sido marcado por uma festança de um grande número de boleiros e ex-boleiros, certamente ignorando normas, preceitos e recomendações das autoridades envolvidas com o coronavírus. Quarenta anos bem vividos de Ronaldinho Gaúcho seriam motivo de sobra para pagodeiros e não pagodeiros, amigos e oportunistas se esbaldarem.

Porém, no meio do caminho havia uma pedra. Semanas antes, por história ainda não devidamente esclarecida, Ronaldinho e seu irmão e empresário ASSIS, que no passado foi razoável atleta profissional do Grêmio de Porto Alegre, depois de entrarem no Paraguai normalmente, foram abordados por autoridades daquele país, ocasião em que portavam passaportes falsos ou adulterados. Alegaram inocência, atribuindo a empresária daquele país a inciativa da prática criminosa. Restaram ambos detidos recolhidos em estabelecimento prisional. Imagens antes inimagináveis percorreram o mundo, com o ex-craque sendo conduzido a uma audiência portando algemas (certamente desnecessárias).

Durante toda sua carreira como atleta, Ronaldinho distribuiu sorrisos, alegria, simpatia, demonstrando ainda muita humildade. Entretanto, seu irmão Assis, como empresário ou procurador, em algumas oportunidades teve sua conduta questionada. Destemperado, deslumbrado, inconsequente e mesmo despreparado para o mister.

Difícil entender efetivamente o que ocorreu. Portadores que são de passaportes brasileiros com entradas asseguradas em mais de uma centena de países deste mundão de Deus, o que justificaria a posse de passaportes paraguaios adulterados? Provavelmente, perícia em andamento que se faz nos celulares de ambos trará o esclarecimento desejado por todos, em especial para os amantes do mundo da bola.

As grandes emissoras de TV no Brasil tinham em mente, por ocasião do aniversário do ex-craque, exibir os mais variados documentários, historiando sua extraordinária carreira vitoriosa desde os tempos de uma infância raquítica. Tudo estava pronto. Os documentários tiveram que ser revistos, acrescidos dos últimos acontecimentos. Alguns, inclusive, foram cancelados.

Diversos ex-craques, cronistas, dirigentes e ex-dirigentes esportivos, muitos de outros países, se pronunciaram e enviaram mensagens de “conforto” ao quarentão. Muitos, entretanto se silenciaram. Dentre estes, o BARCELONA. Numa hora desta a gente tem que tirar o chapéu para o dirigente Alexandre Kalil.

O mundo do futebol tem muita sujeira. Tem muita podridão. Provoca e contém muitas desigualdades. A partir do momento em que se transformou em “negócio “, piorou muito mais.

Para quem não viu ou presenciou atuações e a trajetória de Ronaldinho Gaúcho no futebol, os documentários estão por aí, disponíveis a um simples apertar de um botão de um aparelho de TV. Mágico, infernal, moleque travesso, irreverente, alegria contagiante e um futebol próximo ao dos deuses do futebol. O que fez no Barcelona, Milan, Atlético Mineiro e outros clubes, sem falar na seleção brasileira (2002) o transformou no melhor do mundo em duas oportunidades. Coisa rara.

Há de se imaginar, pela carreira vitoriosa e pela importância dos clubes que defendeu, incluindo ainda a seleção brasileira, ser Ronaldinho Gaúcho uma pessoa “rica” de valores materiais. Dinheiro certamente não lhe será problema em sua caminhada terrestre.

Famosos têm dificuldades em deixar o palco. Estão acostumados aos holofotes. Têm visão simplista da vida ainda que de bons corações. Todos, sem distinção, são unânimes em dizer e afirmar que Ronaldinho Gaúcho é do “bem”.

O que é ser do bem? Alguém já disse que não basta não fazer o mal. É preciso fazer o bem.

Após quarenta anos de Ronaldinho Gaúcho, comemorados de forma tristonha e inimaginável, ao ex-craque caberá profunda reflexão de tudo o que aconteceu em sua vida até aqui, o que o levou a tão humilhante situação e que ele pode, sim, dar a volta por cima, sacudir a poeira e fazer muita gente feliz. Ele é um privilegiado. Tem um carisma danado. Quanto ao seu irmão Assis, este está mais para o “pai do Neymar”. Parecem-se.

(*)Ex-atleta

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

[the_ad_placement id="home-abaixo-da-linha-2"]

LEIA TAMBÉM

A era das contradições

🔊 Clique e ouça a notícia Wanderson R. Monteiro (*) Estamos vivendo em tempos difíceis, onde tudo parece mudar de uma hora para outra, nos tirando o chão e a

O antigo futebol de 11 contra 11

🔊 Clique e ouça a notícia Luiz Alves Lopes (*) No futebol do passado, que encantava, situações delicadas e pitorescas ocorriam, algumas, inclusive, não republicanas, próprias do mundo dos humanos