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QUANTOS “GOMOS” TEM UMA BOLA?

por Luiz Alves Lopes (*)

Meu amigo Paulo de Tarso escuta o que vou falar: ausentes Tião Nunes, Beto Teixeira, Zé de Nô, Nélson Morais Brasil, Aylton Dias, Roberto Marques, Ademir Cunha e tantos outros que fizeram histórias na radiofonia valadarense, para você vai sobrar. De sobra, para os professores também.

Neste louco e tribulado ano de 2020, praticamente enjaulado em casa e distante do calor humano daqueles que nos são caros é preciso ter uma paciência de JÓ e estômago de avestruz para aguentar os entediados programas esportivos das emissoras de TVs abertas e fechadas. Haja programas. E besterais, também.

As programações esportivas envolvem e nos apresentam “mesas redondas”, “mesas quadradas”, “mesas retangulares”, “mesas ovais”, “espaços circenses” e tudo mais.

Os jornalistas esportivos (será que de outras áreas também?), raríssimas exceções, tecem considerações filosóficas, usam palavras bonitas, de efeito, fazem as mais variadas análises de situações ocorridas durante as partidas e apresentam soluções mirabolantes. Tudo, porém, depois do ocorrido, qual seja, depois das partidas realizadas.

Metem o bedelho nas administrações dos clubes e entidades, nas escalações por ocasião dos jogos, nas atuações dos atletas, censuram contratações, indicam outras, enfim, agem como se dirigentes clubísticos fossem. E os pobres dos “treineiros”, como sofrem!

De onde o fazem? De estúdios e espaços confortáveis, distantes dos infindáveis problemas e desafios que os clubes de futebol enfrentam neste Brasil varonil.

O que é manter um clube que, dentre tantas modalidades esportivas, também optou pelo futebol profissional, alegria do povo, e que consome valores descomunais na loucura mundial que virou o football association? O importante é competir? Já era. É ganhar ou ganhar.

Coitado do dirigente sério que tenta implementar projeto de médio e longo prazo objetivando sanear o clube, estruturá-lo e prepará-lo para participação digna nas competições oficiais. Não dura no cargo; sequer consegue cumprir mandato inicial para o qual foi eleito.

Tais situações não interessam aos midiáticos jornalistas esportivos de nosso país. Isoladamente, vez ou outra, uma cabeça pensante aborda tal situação em coluna que faz parte de algum órgão de imprensa. Muito pouco.

Alguém se lembra dos tempos dos antigamente, quando a chamada “BASE” era prestigiada e valorizada? Fiquemos apenas e tão somente em Minas: Mestre Crispim no Cruzeiro; Wilson de Oliveira e Zé das Camisas no Atlético; Lísio “Bijú” Juscelino Gonzaga no América. E os trabalhos de formação desenvolvidos pelo Venda Nova (que levou o Ney Bala) e Santa Tereza, afora as tradições que passavam pelo Vila Nova, Renascença, Siderúrgica, Democrata de Sete Lagoas, Valeriodoce, Sete de Setembro, Bela Vista, Uberaba, Nacional, Caldense, Uberlândia, Tejucana, nosso Democrata Pantera e inúmeros outros “fazedores” de craques.

E a fabricação de craques, às vezes de forma desordenada ou pelo simples prazer de fazê-lo, sempre foi uma constante de clubes amadores deste imenso Brasil. Se fizermos um levantamento, só em Valadares muita gente ficará assustada. Não são bons de memória.

O que se quer dizer ou registrar é que nossos jornalistas midiáticos, ao invés da abordagem de matérias e notícias requentadas e repetidas, poderiam fazer um bem danado ao futebol brasileiro, pesquisando e trazendo à baila temas interessantes, oportunos e construtivos, provocando mudanças no status quo dos dias atuais.

Aquele acontecimento do Ninho do Urubu já está esquecido? Este sim não deveria sair do noticiário.

Vão continuar querendo escolher o treinador a ser contratado (ou já contratado) pelo Flamengo? Vão derrubar o Luxemburgo, Fernando Diniz, Tiago Nunes e o português do Santos? É assim nos países adiantados? Só um pode ser campeão de um certame. Deixem “os caras” trabalharem, gente!

E por falar em treinador de futebol, atendendo ao senhor Carlos Thébit, com muita propriedade o registro de um fenômeno mineiro chamado MARTIM FRANCISCO, em determinados momentos apelidado de Dom Martim Francisco. Comandou Vila Nova (MG), Bangu, América e Vasco do RJ, América, Cruzeiro e Atlético de MG, Inter do RS, Corinthians de SP, Atlético de Bilbao e Real de Sevilha, da Espanha. A ele é atribuído o surgimento do 4,24 e uma série de alternâncias na armação de uma equipe, muitas ou quase todas com autorias reclamadas por renomados técnicos atuais. É preciso fazer justiça ao autor.

O que poucos sabem é que em 1967 ou 1968, Dom Martim treinou o Democrata Pantera. Incrível sua competência. 15 horas (isto mesmo) em pleno calor valadarense, de paletó e gravata, lá estava ele a ministrar, às sextas-feiras, curto coletivo como preparativo final para os jogos oficiais dos domingos. Alguém por aí vivenciou tal período, certo João JOTA Nunes?

Quando se fala de Martim Francisco, vem à mente nomes como os de mestre Telê Santana, Murici Ramalho, Zezé Moreira, Jorge Vieira, Airton Moreira, Lula, Pepe, Chico Formiga, Antônio Lopes, Gentil Cardoso, Danilo Alvim, Gradim, Didi, Pinheiro, Oto Glória, Aimoré Moreira, Filpo Nunes, Fleitas Solich, Evaristo de Macêdo, Osvaldo Brandão, Vicente Feola, Zagalo, Enio Andrade, Flávio Costa, Ondino Vieira, Yustrich, Bela Gutman, Zizinho, Parreira, Tim, Rubens Mineli, Mário Travaglini, Paulinho de Almeida, Carpeggiani, Carlos Alberto Silva e Hilton Chaves, que, ao lado de alguns outros esquecidos, dignificaram a carreira de treinadores de futebol aqui e no exterior. Belos exemplos que devem ser lembrados, inclusive pela mídia.

Somos do tempo da bola vermelha; a branca veio depois e virou uma tentação.

Tivemos o privilégio de atuar ao lado de JOEL (ex-Pastoril) no Rio Doce de João Rosa. Craque extraordinário. Cobrava faltas como poucos. Quando estas aconteciam nas proximidades da área adversária, apanhava a “Maricota” e dizia: Lula, palpitei…normalmente convertia.

Certa feita, alguém pretendeu fazer-lhe concorrência na cobrança de faltas. Simplesmente retrucou: primeiro, dizes-me quantos gomos tem a pelota? Poucos sabiam que as bolas antigas, de couro cru, tinham exatamente 18 (dezoito) gomos. Alguém se lembra da G-18?

Quer nos crer que os midiáticos jornalistas das grandes emissoras nacionais, primeiramente precisam pesquisar um pouco mais do fantástico mundo da bola, suas nuances, evoluções e caprichos. Verificar quantos gomos tem as modernas bolas de hoje… A partir daí quem sabe inovarem em seus programas.

(*) Ex-atleta

N.B.: aos desportistas dos antigamente, tempos desta rapaziada que comenta diariamente peripécias cometidas nos tempos de dentes de leites, quando certidões surgiam de todos os lados, o registro do falecimento de seu ORLANDO (que trabalhou com o senhor Eliezer das peles), amante do futebol, aposentado da Madeireira Cacique e morador do Bairro São Paulo.

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

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