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PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

Por Crisolino Filho

De acordo com os dicionários, comunicação é a ação de transmitir uma mensagem e, eventualmente, receber outra mensagem como resposta.  No meio social ela existe em abundância. Se alguém comete um deslize, uma garfe, se enrosca no amor, perde o emprego ou vai bem ou mal no trabalho, pode se ter certeza que através da comunicação tudo vai parar direitinho em ouvidos alheios, muitas vezes de forma apimentada. Dizem que  “o povo aumenta, mas não inventa” , ditado que não concordo, prefiro o inverso “o povo inventa, e às vezes até aumenta”.

Uma coisa é certa: se alguém acerta, sai vitorioso em concurso, consegue um bom emprego, ou brilha com luz própria, a fofoca anda como uma tartaruga, já que notícia boa sobre alguém é uma heresia para a maioria da sociedade, fato explicado facilmente pela psicologia, ou entendido através da filosofia, já que a busca por uma vida virtuosa, é uma ambição dos que são bons. Mas se uma pessoa erra, mesmo que seja em uma coisa de menor importância, aí meus caros, príncipe vira sapo, carruagem vira abóbora, à noite todas as mulheres são pardas, homem vira lobisomen e muitas vezes o colocam sob o arco-iris.     

Cortar uma corrente da intriga não é fácil, mas não é impossível. Quem detesta mexerico pode cortar o mal pela raiz. Quando alguém vier com aquela “conversa para boi dormir”, tome o 1º estágio da comunicação, a Verdade. Você tem certeza que um fato que está sendo comentado é verdadeiro? Não? Se não tem, a história já vazou. O 2º estágio é a Bondade. Você gostaria que dissessem a seu respeito aquilo que estão comentando sobre outros? Se a resposta for, “claro que não!”, o segundo estágio também vai estar comprometido. E por último a Necessidade. Você acha mesmo necessário saber determinados fatos e passá-los adiante? Vai melhorar a sua vida? Se a resposta for não, o terceiro estágio também está com seu prazo de validade vencido.

A fofoca como comunicação é um sintoma do mal funcionamento dos canais de comunicação. Muitas vezes uma conversa, uma orientação ou uma ideia, são tão mal interpretados que, vai passando de pessoa a pessoa, até que, aquilo que foi dito originariamente acabe totalmente distorcido. Para ilustrar, vamos exemplificar um acontecimento de caserna, onde um militar dá uma ordem inicial, que ao final chega  totalmente irreconhecível.

DO CORONEL AO MAJOR:

* Amanhã, às 9h haverá um eclipse do sol, algo que não ocorre todos os dias. Providencie para que os homens se dispersem no pátio, em seus uniformes de exercício, para que possam ver esse fenômeno raro. Eu o explicarei a eles. Em caso de chuva, não conseguiremos ver coisa alguma. Neste caso, leve-os para o ginásio.

DO MAJOR AO CAPITÃO

* Por ordem do coronel, amanhã às 9h, haverá um eclipse do sol, se chover, não será possível ver o pátio. Portanto, em uniforme de exercício, reúna os homens no ginásio, algo que não acontece todos os dias.

DO CAPITÃO AO TENENTE

* Por ordem do coronel, em uniforme de exercício, amanhã às 9h, o eclipse do sol terá lugar no pátio. Se chover, o coronel dará ordem à tropa dispersa no ginásio, algo que ocorre todos os dias.

DO TENENTE AO SARGENTO

* Amanhã às 9h, em uniforme de exercício, o coronel “eclipsará” o sol no pátio, onde os homens deverão estar dispersos, se o dia estiver bom. Se chover, ele fará isso no ginásio, o que raramente acontece.

DO SARGENTO AO CABO

* Amanhã às 9h o eclipse do coronel, em uniforme de exercício, vai ocorrer por causa do sol. Se chover no ginásio, algo que não ocorre todos os dias, vocês deverão se dispersar no pátio.

DO CABO PARA O SOLDADO

* Amanhã, se chover, parece que o sol vai “eclipsar” o coronel no ginásio. É uma pena que isso não ocorra todos os dias.

Esse exemplo serve como reflexão sobre a responsabilidade no processo de comunicação.

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

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