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Por que Governador Valadares não tem o título de Capital dos Trenzinhos da Alegria?

por Alessandro Gomes Alexandre (*)

Os valadarenses ficaram surpresos e curiosos quando, em 2010, o Trenzinho da Alegria denominado “Carreta Furacão”, da Cidade de Ribeirão Preto- SP, teve um vídeo publicado nas redes sociais, de seus personagens dançando, com grande repercussão nacional e até internacional.

O que é era comum e corriqueiro para todos os moradores de Valadares desde o início da década de 1980 virou um fenômeno nacional e garantiu destaque na impressa para a cidade de Ribeirão Preto.

Mas, por que os trenzinhos da cidade não tiveram o mesmo sucesso e repercussão na mídia nacional?

Não encontramos na literatura informações precisas sobre quando surgiram os trenzinhos da alegria no Brasil. Em Valadares, temos relatos de que a tradição surgiu com um publicitário que utilizava um veículo Ford 1929 articulado a um reboque com vários bancos e realizava o passeio recreativo no trajeto da Praça Serra Lima à Ilha dos Araújos, mas sem personagens.

Ao que tudo indica, o aparecimento no formato com personagens caracterizados e dançando durante as viagens ocorreu com a empresa Rede Star. A empresa é uma das mais antigas no ramo. O seu fundador, que prefere manter o anonimato, foi responsável pela criação de cinco veículos, todos na década de 80.

Os primeiros tinham características de brinquedos de parque de diversões: um trenzinho estilo Maria-fumaça e um minhocão. O próximo carro imitava a “Cuca”, personagem da obra “Sítio do Pica Pau Amarelo”. O quarto, a Nave da Alegria e a Baleia Star, chamou muito a atenção de todos os valadarenses no final de 1983. Ela era um ônibus com características de um transatlântico que rebocava uma baleia pelas ruas da cidade.

A última criação, e talvez o trenzinho mais famoso do Brasil, foi o Trio Star. Uma carreta de dois andares, que representou uma verdadeira revolução para o ramo dos trenzinhos, e iniciou sua circulação entre 1985/1986. O Trio Star inspirou a criação dos trios elétricos em carretas no carnaval de Salvador-BA, o que ocorreu somente no ano de 1992, pois, até então, os mesmos eram montados sobre caminhões trucks.

Os registros fotográficos da Rede Star e de ex-funcionários comprovam que os trenzinhos de Valadares circularam em várias cidades do interior de Minas, nos estados da Bahia, Espírito Santo e São Paulo na década de 80, em especial no período de 1983 a 1988.

A indagação continua: Se ao que tudo indica os trenzinhos surgiram na cidade, por que na época não tiveram grande repercussão, como os de Ribeirão Preto, e o município não ficou conhecido como a Capital dos Trenzinhos da Alegria?

Um anúncio publicitário da década de 80 comprova que os trenzinhos da empresa Rede Star fizeram temporada na cidade paulista e inspiraram a criação dos veículos na cidade. Conforme relatos de funcionários, a circulação dos trenzinhos motivaram um comerciante local a fazer o primeiro trenzinho da cidade, denominado Camell Show, muito semelhante ao pioneiro trenzinho de Valadares.

A resposta à indagação do artigo tem algumas hipóteses: a não existência da internet, redes sociais e matérias jornalísticas em grandes veículos de impressa impediram a divulgação dos trenzinhos de Valadares quando da criação dos mesmos. Se na década de 80 tivéssemos a rede mundial de computadores e o alcance que ela proporciona, talvez Valadares teria o título de Capital dos Trenzinhos.

Um perfil nas redes sociais foi criado por um grupo de amigos e admiradores da cultura para contar a história dos trenzinhos de Valadares e região. Na página Museu dos Trenzinhos há publicações de fotos e curiosidades dessa antiga tradição da cidade.


(*) Educador da Rede Pública Estadual de Minas Gerais; pesquisador e editor do Perfil Museu dos Trenzinhos.

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

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