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POR QUE AS PESSOAS TRABALHAM? UMA ORGANIZAÇÃO TEMPORAL E EMOCIONAL DA VIDA PROFISSIONAL

Dileymárcio de Carvalho (*)

Você pode até responder o óbvio, que é por causa do dinheiro, e é um tanto disso mesmo. Mas se você quer se organizar emocionalmente, tendo o trabalho como linha de base, ou seja: como composição das circunstâncias “normais” e cotidianas da sua vida, como que um hábito, é preciso entender que a atividade profissional é muito mais do que uma adequação da vida. E por isso, “estados psicológicos” são alterados quando essa “linha de base” sofre alguma modificação.

E aí, muito dos nossos comportamentos disfuncionais que são alterados fora do trabalho, não são identificados, porque o trabalho se tornou tão enraizado que se pensa em qualquer outra coisa como a causa da desestrutura, do que no trabalho.  

Sim, a renda é resposta mais comum para os motivos pelos quais as pessoas trabalham. Ela está na hierarquia das necessidades e por si prioriza as diversas áreas da vida que compõem e dão sentido ao existir. Mas o trabalho se organiza também por necessidades psicológicas e as respostas à essas necessidades emocionais definem os índices de satisfação com o trabalho.

E o que mostram as pesquisas sérias sobre satisfação no trabalho? Que o argumento salário, é o terceiro em grau de importância para profissionais com renda entre dois e cinco salários mínimos no Brasil.  E essa é uma faixa que compõe a realidade da força de trabalho brasileira. Mas quando a renda ultrapassa os cinco salários mínimos, o “quanto se ganha” passa a ser o quinto item mais importante do exercício profissional para uma pessoa contratada pelo já ultrapassado regime CLT (Carteira de Trabalho).  As análises são de dados da Gallup Brasil, a mais importante consultoria de estratégia, desenvolvimento e liderança do mundo.

Ah, sim, anterior a remuneração, estão pontos, como respeito por parte da chefia, organização de processos, condições ambientais físicas do local, e programas de desenvolvimento de habilidades técnicas e emocionais.

Na linha de base do trabalho, está por exemplo, a estrutura temporal: horário em que eu acordo, volto para casa, almoço. Isso estrutura o nosso tempo. O contato social com outras pessoas, além da família e amigos gera sentimentos e emoções que são específicas na relação de trabalho. E aí essas relações fortalecem, quando saudáveis, o bem-estar subjetivo.  Outro ponto é o de identidade e status. O mundo do trabalho definiu a reposta do “quem você é ” pela atividade profissional. E aqui também temos, quando não saudável, uma desestruturação da própria identidade do “eu” porque ela não pode ser só o trabalho.

A forma como o trabalho configura nossa vida está diretamente ligada as definições dos nossos propósitos e significados. Mas a referência trabalho não pode ser a causa do nosso sentido de vida. Aqui entra a necessidade do conhecimento da nossa estrutura psíquica e a compreensão de como o trabalho gera, altera e acaba por desestruturar muitos dos comportamentos fora do trabalho.

O desafio psicológico para as empresas é garantir a segurança psicológica: uma série de ações de proteção à individualidade emocional dos funcionários e colaboradores. E para os profissionais, a busca pelo autoconhecimento psicológico. Uma vez me conhecendo, consigo entender o que pode desestruturar a minha “linha de base profissional” e seus impactos em todas as áreas psíquicas da minha vida.


(*) Dileymárcio de Carvalho
Psicólogo Clínico Comportamental- CRP: 04/49821
E-mail: contato@dileymarciodecarvalho.com.br

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

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