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O xerife do Borroló se despediu!

Luiz Alves Lopes (*)

No norte das Minas Gerais, mais ou menos entre Teófilo Otoni e Nanuque, utilizando-se a decantada ‘estrada do boi’, chega-se a Carlos Chagas, terra e cidade em que um clube de futebol chamado Esporte Clube Carlos Chagas, porém conhecidíssimo sob o rótulo de BORROLÓ, escreveu por décadas uma rica e palpitante história no mundo do futebol regional.

Até o Clube de Regatas do Flamengo, no limiar da década de 80, participando das festividades de ampliação e modernização do Mamudão, em Valadares, viveu intensamente o calor e hospitalidade da terra em que o Borroló aterrorizava seus adversários, certamente naquele que teria sido o maior evento esportivo naquela cidade.

Defendendo as cores do Democrata Pantera sentimos na própria carne o que era enfrentar o Borroló dentro ou fora de Carlos Chagas. O clube era muito forte, dentro e fora das quatro linhas.

O esquadrão da camisa amarela, pelo poderio e capacidade de seus dirigentes, montava verdadeiros esquadrões, que certamente nos dias de hoje fariam inveja a muita gente que participa de certames oficiais nas Minas Gerais e adjacências.

Juvenal (O Cara), Purí, Pulica, Iuki, Caixote, Bira, Lamparina, Pingo, Almyr, Sabino, Vandeir, Neguinha, Nenga, Jacó, Mário Brito, Mateus, Niltinho, Vildásio, Valdo, Joãozinho, Adílson, Afrânio, Cinzento e Alberoni, dentre tantos, perfilaram com o manto do mais querido de Carlos Chagas, sempre acrescido, por décadas, da presença e liderança do xerife JOÃO MIRANDA.

O Borroló, que soube compor e escolher seus dirigentes, teve o privilégio de contar, dentre outros, com as figuras de Silmar Mendes Barbosa, Alfredo Miranda, Antônio Siluta, Durante Figueiredo Ruas e Wagner Carvalho Silva. Verdadeiramente um timaço de dirigentes! Sempre amparados pela família MIRANDA.

E o tempo passou. Anos se passaram. Lembranças ficaram. O futebol, no interior em especial, empobreceu-se. Motivação para se fazer presente em campos de futebol é quase impossível. Falta vontade até nos atletas. Dirigente passou a ser coisa rara, salvo os interesseiros, picaretas e aproveitadores.

E assim, nos últimos dias, de Carlos Chagas vem a notícia de que JOÃO Carlos MIRANDA, nascido em 21 de julho de 1942, portanto aos 78 anos de idade, bem vividos, deixou o mundo dos humanos, encerrando sua trajetória terrestre. Deixou a viúva Edite Leal de Souza Miranda e 4 filhos.

O irmão do Celso Miranda (que já foi prefeito municipal em Carlos Chagas), do Alfredo Miranda, do Sílvio Miranda, do Alexandre Miranda, do Pedro Miranda, da Alba Miranda, do Paulo Miranda e do Luiz Miranda. Uma figura emblemática, às vezes carrancuda, de bom porte atlético, sabia se impor no campo de jogo, liderando, comandando e muitas vezes fazendo ‘tremer’ adversários com sua cara fechada e com poucas palavras.

Interessante e como registro, também em Carlos Chagas, lá na parte alta da cidade, nos bons tempos do Doutor Armando Leal do Norte (também ex-prefeito municipal da cidade), ergueu-se o estádio do CRUZEIRO, concorrente maior do Borroló e onde trabalharam os valadarenses PÉ CHATO (treinador) e Manoel NASCIMENTO (massagista).

Cruzeiro que teve também, afora Armando Leal do Norte, nomes de proa em sua diretoria, dentre os quais, Valfrido Carvalho Silva, Eledon Ferreira Souto, Adílson Honorato e Teolino Ribeiro da Silveira (este também ex-prefeito da cidade).

De tantas boas lembranças de Carlos Chagas, a de hospedar delegações esportivas no hotel do senhor Norton do Norte, no centro da cidade, e de servir-se daquele ‘bife na chapa’ todo acebolado, afora delicadezas e prestezas ímpares de seu proprietário e corpo de serviçais, permanecem vivas em nossa memória.

Pois é: João Miranda se foi. Deixa um legado e certamente muitas saudades. Um vazio muito grande, difícil de ser preenchido. Liderar não é tarefa fácil. Comandar, muito mais difícil ainda. Com sabedoria, criatividade e versatilidade, liderava e comandava com seu jeito ‘xerife’ de fazer as coisas.

O que poucos souberam e o que poucos compreenderam e entenderam é que há um enorme abismo e diferença entre inimigos e adversários. João Miranda nunca foi inimigo de ninguém. Lutava pelo seu BORROLÓ. Lutava por sua cidade. E o fez com dignidade e competência. Muita competência!

Nos orgulhamos das vezes em que dentro das quatro linhas, de lados opostos, tivemos pela frente um adversário exemplar chamado João Miranda. Melhor dizendo para os menos avisados: DOUTOR JOÃO CARLOS MIRANDA. Descanse em paz, grande guerreiro!

(*) Ex-atleta

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de
seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

Comments 1

  1. Celso says:

    Joguei com João Miranda recebo esta notícia com pesar descanse em paz meu amigo

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