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O sacerdócio ordenado aos olhos do leigo

por Sebastião Evilásio

Inicio este artigo já narrando um fato ocorrido comigo. Certa vez, ao sair do templo após presidir uma celebração da Palavra, uma senhorinha gentil e meiga me parou na procissão de saída e disse, segurando gentilmente em minhas mãos: “obrigado, padre, pelas palavras de sabedoria. Eu estava muito necessitada dessas palavras”.

Eu, surpreso e com um nó na garganta, respondi: “que maravilha quando conseguimos ser úteis quando nos tornamos instrumentos nas mãos de Deus para alcançar os corações que nos prestam atenção e O buscam; mas, antes de tudo, quero esclarecer que não sou padre. Sou apenas um ministro extraordinário da Eucaristia e da Palavra”.

E aquela humilde senhora completou: “mesmo assim, obrigado. Creio no Espírito Santo que te conduziu”.

E esse dia, de modo especial, cravou em minha alma a consciência de que, por mais miseráveis que possamos ser, qualquer um de nós pode ser dignificado por Deus pra falar em Seu Santo nome.

Feita essa narrativa, vamos à explicação do título deste artigo.

Quando somos crianças, via de regra enxergamos na figura do sacerdote aquele homem acima das falhas, quiçá do pecado.

Aí os tempos passam, amadurecemos,  experimentamos, estudamos e conhecemos os quês e porquês da vida. Em particular, nosso entendimento da figura do verdadeiro sacerdote muitas vezes acaba sendo frustrado por não conseguirmos admitir a sua natureza humana e falível.

Mas o que me motivou a abordagem deste tema é exatamente por não aceitar que determinadas características de um sacerdote genuíno se percam no comodismo e indiferentismo.

Aquela abordagem da senhorinha ao ministro leigo é muito comum no dia a dia dos padres. Glória a Deus quando eles retribuem com o mesmo gesto de carinho e atenção.

Infelizmente, há situações de frieza que mancham a figura paterna de alguns pastores (sacerdotes).

Lindo ver quando o sacerdote exerce uma vocação e não uma profissão.

O sacerdote por vocação distribui a Eucaristia como Corpo de Cristo; o sacerdote por profissão o faz como se entrega um pedaço de pão comum.

O sacerdote por vocação responde a um pedido de bênção com um “Deus o abençoe”; o sacerdote por profissão responde: “e aí,  tudo bem com você?”.

O sacerdote por vocação vai à ovelha prestes a se perder e a resgata. O sacerdote por profissão diz que “se não está satisfeita aqui, que procure outra igreja”.

O sacerdote por vocação orienta seus agentes pastorais; o sacerdote por profissão diz: não mexo com gente melindrosa. Esse povo é muito ciumento e difícil. Que procure outro lugar.

E por aí vai.

Enquanto isso, esse povo já tão sofrido por outras questões acaba não encontrando em seus líderes espirituais o conforto, a empatia e o devido acolhimento. E aquele padre da infância fica cada vez mais distante da imitação do Cristo que pela Ordem representa.

Rezemos pelas vocações sacerdotais, para que a igreja forme verdadeiros pastores voltados para a misericórdia, o amor fraterno e a responsabilidade social com verdade, e não apenas em discursos.

Em tempo, antes que se especule e se promova injustiça, falo de situações gerais e não de personagens específicos. Talvez pela saudade de meu padre-modelo João (in memoriam) da saudosa Pescador-MG. Um padre rígido,  direto, sério, mas com gestos de misericórdia sem dimensão.

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de
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