O martírio de Tiradentes

FOTO: Kissyla Pires

Historiador Haruf Salmen Espíndola explica como militar se tornou mártir em Minas Gerais em revolta contra a cobrança de impostos da Coroa Portuguesa

GOVERNADOR VALADARES – Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Este foi o tema de um bate-papo histórico com o professor, mestre e doutor Haruf Salmen Espíndola nessa semana. A entrevista foi para o podcast semanal Abre Aspas, do DIÁRIO DO RIO DOCE, e pode ser conferida tanto em nosso site, quanto em nossos canais no YouTube e Spotify.

Na entrevista, além de contar detalhes da Inconfidência Mineira, Haruf falou sobre a romantização da figura de Tiradentes, usada posteriormente na Proclamação da República como símbolo de liberdade, fraternidade e igualdade, ideais iluministas que eram conhecidos não só pelo herói mineiro, mas por todos os inconfidentes. “A partir da década de 1870 começa um movimento com ideias republicanas. E esses republicanos queriam um herói, alguém que fosse um símbolo, para mostrar que aquilo que eles estavam defendendo já estava lá atrás. Era a criação da ideia, para dizer que aquilo que eles estavam fazendo tinha história. Então eles vão buscar esse mito na figura do Tiradentes. Aí eles pegaram a figura do Tiradentes e releram como um herói. Só que ninguém sabia como era o rosto dele, qual era a imagem dele. Então eles associaram a imagem de Tiradentes à imagem de Cristo, colocando-o como sendo o mártir da República e suas ideias. Então criaram essa imagem e um mito a partir daí”, explica.

Desta história, porém, ficam algumas dúvidas. Por que apenas Tiradentes foi enforcado e morto pela Coroa Portuguesa após a Inconfidência Mineira, em 1789? Seria por questões econômicas ou simbólicas? O que o levou a se rebelar contra a Coroa? Por que seus membros e cabeça foram cortados, já que ele já havia sido enforcado e morto? Que mensagem Portugual queria passar com o ato? Além disso, por que Tiradentes só voltou a fazer parte da história quase 100 anos após sua morte, na Proclamação da República, em 1889?

Essas são algumas perguntas que Haruf responde no Abre Aspas. Além disso, o historiador destaca a importância de Tiradentes para a criação de uma “mineiridade”, e ressalta que poderia haver um prestígio maior por ele e outros mineiros fundamentais para a construção da história do Brasil.

Sobre Haruf

Haruf é graduado em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (1981), possui mestrado em História Política pela Universidade de Brasília (1988) e doutorado em História Econômica pela Universidade de São Paulo (2000). Atualmente, é professor titular da Universidade Vale do Rio Doce – Univale – atuando no Curso de Direito e no Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Gestão Integrada do Território – GIT/Univale.

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