Luiz Alves Lopes (*)
No futebol do passado, que encantava, situações delicadas e pitorescas ocorriam, algumas, inclusive, não republicanas, próprias do mundo dos humanos e, em especial, na terra descoberta por Cabral e que trouxe consigo uma raça de víboras. Daí o que temos hoje, inclusive, no futebol.
Neném Prancha fez história; Carlito Rocha, também! João Saldanha se transformou no “João sem medo”; Yustrich ‘dava porrada’, encarava, enfrentava e colocava para correr, independente de quem fosse; Francisco Horta se tornou o “troca-troca”; e José Carlos Vilela, advogado tricolor, ficou conhecido como ‘doutor tapetão’.
E o que dizer de Joaquim ‘Cocó’ Gonçalves e Alcebíades Magalhães Dias, o Cidinho, árbitros de primeira linha das Minas Gerais e que se consagraram como grandes defensores do Clube Atlético Mineiro, utilizando com maestria o instrumento de trabalho?!
Inúmeros outros registros poderiam ser feitos, eis que existentes em quantidade e qualidade, envolvendo dirigentes de clubes, de instituições, atletas, de integrantes de equipes de trabalhos, figurando ainda notáveis e não notáveis da mídia raivosa e interesseira.
O que não pode e não deve ser esquecido em relação ao passado são os pequenos e acanhados estádios de futebol, muitos deles famosos pelo comportamento de torcedores, pressionando e amedrontando árbitros e atletas adversários. Do tempo do futebol para machos.
Porém, no passado, ao contrário dos dias atuais, regra geral o futebol era disputado por duas equipes, cada uma com 11 atletas e que se digladiavam durante o tempo normal de uma partida, acompanhados por árbitros discretos e sem interferência externa.
Propostas de alterações nas regras do esporte eram solenemente refutadas pelos “velhinhos” da International Board, integrantes da FIFA, sempre conservadores e cônscios do que faziam e indiferentes às críticas recebidas. Não eram e não foram vaidosos.
Surgiu uma tal de modernidade, uma tal de globalização e que também chegaram ao futebol, um negócio até então pouco explorado e que passou a ser exageradamente explorado sobre todos os aspectos, inclusive, sobrepujando aspectos éticos e morais.
Mudaram tudo: as camisas de nossos clubes hoje estão emporcalhadas de tantas marcas nelas inseridas, em troca do vil metal, desfigurando histórias e tradições do futebol malandro da terra de Cabral. Uma pena! Cruel realidade de um mundo brutalizado.
Nos dias atuas usufrui-se de um número exagerado de substituições que só beneficiam os poderosos, na verdade comerciantes, permitindo-se ainda um número altíssimo de contratações de futebolistas de outro pais, por equipes. E o que falar da irresponsabilidade dos altos salários? Poucos dão conta do efeito deletério.
Mas desgraça pouca é bobagem. Mediante uma fria e desapaixonada observação dos jogos de futebol em nosso país, constata-se que resultados inesperados estão ocorrendo, em função de acontecimentos estranhos, duvidosos, questionáveis e assustadores dentro do campo de jogo, envolvendo as arbitragens e aparelhos externos auxiliares.
Expulsões desnecessárias, fragilização de determinadas equipes em prol de outras, chiliques de árbitros em relação às comissões técnicas e componentes dos bancos de reservas, interpretações diferenciadas levando em conta o peso de determinadas camisas, enfim, um número altíssimo de jogos que quando de seus términos, determinados contendores se veem inferiorizados numericamente de atletas.
O dono do Botafogo pode não ser um ‘cara’ simpático. Pode não ser amável. Porém demonstra ser independente, sem alinhamento político e disposto a ‘rodar a baiana’. O tempo dirá… Onde há fumaça, costuma haver fogo. Confere aí, Bolivar!
(*) Ex-atleta
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