Marco Aurélio, imperador romano, ordenou, no ano de 177 d.C., a perseguição a cristãos na cidade de Lyon, onde hoje é a França. Em razão disso, Blandina, adolescente de 15 anos, escrava, cristã, foi capturada. Testemunhas da época relataram que ela foi torturada, conduzida ao anfiteatro e deixada para ser devorada por feras; porém, os leões se limitaram a lamber as feridas da moça. Foi levada à arena, onde sobreviveu mais uma vez a torturas. Depois foi jogada aos touros e os chifres dos animais a jogavam com violência pra cima. Por fim, fiel à fé cristã, foi morta pela espada. O império de Marco Aurélio ruiu pouco depois; já a fé da mártir permanece viva até hoje.
Marco Aurélio Melo, presidente do Tribunal Constitucional Brasileiro, declarou junto com outros nove ministros que os cultos não são mais invioláveis. Prefeitos e governadores, segundo eles, podem usar o pretexto de uma crise sanitária para proibir cultos e missas presenciais. Por mais polêmica que a decisão pareça, como visto no caso da Santa Blandina, a perseguição a cultos e a cristãos não é novidade histórica. O que também não é novidade é a destruição de estados que perseguem cristãos.
O irônico é que o constitucionalismo moderno foi viabilizado por cristãos que fugiram da perseguição religiosa na Inglaterra e fundaram colônias na América do Norte. Logo, a criação de uma suprema corte constitucional é fruto de uma sociedade fundada em princípios cristãos. Parece que a tradição cristã de busca incansável por justiça não mais é lembrada por juristas iluminados modernos. Gratidão deveria ser um princípio constitucional. Quem sabe assim os Marcos Aurélios futuros entendam.
(*) Ricardo Dias Muniz
Especialista em Gestão Estratégica, Engenheiro de Produção, estuda Direito e Ciências Políticas
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