Empresário do setor de eventos de Valadares, Filippe Lopes conta sua trajetória e o convívio com grandes artistas do Brasil
por LUIZ GUSTTAVO
GOVERNADOR VALADARES – Filippe Lopes, da Realizar Eventos e Trio Produtora, é o entrevistado desta semana do ABRE ASPAS. Ele contou como começou no setor de eventos, falou um pouco sobre o Embaixador Gusttavo Lima, música sertaneja, rock e, claro, sobre a eterna Marília Mendonça. Confira parte da entrevista nesta edição. Para conferir a entrevista completa, acesse nossos canais no YouTube ou Spotify.
DRD – Quem é Filippe Lopes?
FILIPPE LOPES – É um homem que está inserido no mercado de produção de eventos desde 2009. Quando eu comecei, Governador Valadares tinha uma deficiência na área do marketing profissional, que consistia no trabalho de homens e mulheres que entregam panfletos no semáforo, ações de degustação de produtos em supermercados e por aí vai. Havia a necessidade desse tipo de trabalho na cidade. E através de contatos com inúmeras agências, iniciei a minha carreira nesse segmento.
DRD – O setor de eventos foi um dos mais afetados por conta da pandemia da covid-19. Como foi viver esse período nefasto da humanidade dentro de uma área que foi tão prejudicada?
FILIPPE LOPES – Não menosprezando os demais nichos profissionais de trabalho, mas a pandemia prejudicou diretamente o setor do show business. Se você parar pra pensar, o setor de eventos foi o primeiro a parar e o último a voltar. Durante um certo período tivemos que nos adaptar ao que podia ser feito e gradativamente voltamos com os shows, sempre obedecendo às normas que eram impostas, para que as pessoas pudessem frequentar os eventos. O prejuízo foi enorme para nós produtores de eventos.
DRD – O seu trabalho é o lazer de centenas de milhares de pessoas. Como é isso pra você?
FILIPPE LOPES – É um grau de responsabilidade enorme que, ao mesmo tempo, requer um planejamento muito grande. Geralmente quando uma pessoa fala que gostaria de trabalhar com eventos, respondo que cada vez que você produz um show, você constrói uma cidade. Quando se faz um evento, existe a necessidade de pensar no local de alimentação, banheiros e postos médicos para qualquer tipo de emergência que possa acontecer. Ou seja, é preciso planejar todos os lugares, os locais para as necessidades humanas.
Produzir um evento onde o público possa se divertir sem que haja nenhum problema, não é uma tarefa fácil. Demanda muito trabalho para que cada cidadão possa curtir e levar consigo a melhor experiência possível.
DRD – Como a música sertaneja dominou o Brasil?
FILIPPE LOPES – Nós produtores de eventos costumamos dizer que a música vive de ciclos. Por um momento no Brasil, o Rock´n Roll foi o principal gênero musical existente no país, com grandes bandas e artistas. Já tivemos o Axé como o ritmo mais estourado, e Governador Valadares viveu essa fase de forma intensa com o Gevê Folia, que faz parte da história da cidade.
Há algum tempo, o momento é da música sertaneja, por uma série de fatores. Dentre elas podemos citar o alto investimento financeiro que vem sendo feito por parte dos escritórios, a grande estrutura dos shows e a preocupação com a renovação de letras das músicas.
Com o advento das redes sociais, o público busca novidades a todo o momento, e os artistas sertanejos conseguem entregar essa demanda de forma única. E por esses e outros motivos citados acima, faz com que o gênero seja o maior do Brasil.
DRD – Quando se fala de música sertaneja, automaticamente pensamos no Gusttavo Lima, que é tido como o número um do país em todos os aspectos. O que fez ele se tornar o maior artista do Brasil?
FILIPPE LOPES – O Gusttavo Lima é muito ousado. Durante o período mais agudo da pandemia, as lives mostraram um artista autêntico e único. Ele é muito irreverente e possui uma musicalidade fora do comum, que faz jus até mesmo ao nome de uma das maiores músicas da carreira dele. Soma-se tudo isso o fato dele ter sido eleito por dois anos seguidos o ‘Embaixador’ da festa de Peão de Barretos. Fez com que ele ficasse maior do que já era. Tem o Buteco do Gusttavo Lima, que se tornou um dos grandes eventos do show business do Brasil.
Por toda experiência que eu tenho nesse mercado, posso afirmar que quanto mais o artista é original, mais o público vai se sentir identificado e nesse ponto específico, o Gusttavo dá aula. Esse e outros motivos fazem dele o maior artista do país.
DRD – Quais são as grandes dificuldades do setor de eventos?
FILIPPE LOPES – Como toda área profissional, esse nicho tem sofrido com mão de obra especializada. É uma dificuldade muito grande existente no mercado. Quando eu falo sobre esse problema, não me refiro apenas aos produtores de eventos, mas também de fornecedores de serviços fundamentais para o bom funcionamento de um show e toda a estrutura necessária para que tudo possa ocorrer da melhor forma possível. Além disso, tem a não valorização do público e a alta exigência de situações que estão inseridas em um evento. As pessoas precisam entender que o setor de eventos, assim como qualquer área profissional, necessita de todo um sucesso do show, do movimento da cidade, para que tudo ocorra da melhor maneira. Esses dois pontos são os que mais afligem o nosso trabalho neste momento.
DRD – Qual o seu grande sonho como produtor de eventos?
FILIPPE LOPES – São vários, mas posso afirmar que juntamente com a minha equipe venho tendo a oportunidade de ser muito feliz em realizar os maiores eventos da cidade. Hoje contribuo com a realização da Expoagro, juntamente com a nossa parceira de sucesso, com a União Ruralista Rio Doce. Venho tendo a honra de ser parte integrante do aniversário do Clube Filadélfia, onde o dia 12/06, que marca o Dia dos Namorados, tem sido um dos grandes eventos de Governador Valadares, com a presença de artistas e bandas magníficas como Titãs, Skank, Lulu Santos, Jota Quest e Biquini Cavadão. Logo, essas realizações de eventos, que são da cidade e que a população abraça, fazem com que o meu coração transborde alegria e gratidão.
DRD – Qual foi o evento mais marcante na sua trajetória como produtor de eventos?
FILIPPE LOPES – Graças a Deus, foram muitos shows que eu tive a oportunidade de produzir, mas quando trabalhei no Gevê Folia foi um momento mais do que especial, porque é uma festa que fez parte e está marcada na história de Governador Valadares. Foi uma ocasião emocionante pelo fato de que na época era o grande evento da cidade. Sem sombra de dúvidas, foi um momento que estará guardado pra sempre na minha memória e história.
DRD – Principalmente na década de 80, o Rock n´ Roll foi o grande gênero musical do Brasil, mas há vários anos esse estilo musical não vem performando como outrora. Como você analisa o momento vivido pelo Rock n´Roll no país?
FILIPPE LOPES – É um mercado que a gente admira bastante. O Rock é gigante e é admirável o modo como é feito o trabalho pelos artistas pertencentes a esse gênero. Esse segmento da música é tão importante para a música brasileira e possui um público tão fiel, que em todos os eventos já produzidos em Valadares, que teve a presença de bandas e artistas voltados para esse tipo de música, foram sucessos e com lotação máxima. É uma bandeira nossa continuar produzindo eventos com grandes cantores do Rock n´Roll, até mesmo para preservar a grandeza desse gênero que faz parte da história da música brasileira.
DRD – O mês de novembro está na história da música brasileira de forma negativa, por se tratar do mês que o Brasil perdeu Marília Mendonça, que é considerada uma das maiores cantoras da história da música brasileira. Qual foi o tamanho da perda da cantora para o setor de eventos?
FILIPPE LOPES – Marília foi gigante e deixou um legado imensurável para a música brasileira. Onde fazia show, era sinônimo de lotação e um sucesso absoluto. Ela conseguiu se destacar em um gênero onde até hoje existe a predominância de homens e um número menor de mulheres. Claro que ainda há a presença de cantoras que fazem sucesso, mas a Marília era diferente. O público a elegeu como a grande referência da música no Brasil. Ela arrastava multidões.
DRD – Defina Filippe Lopes em uma palavra.
FILIPPE LOPES – Corajoso.
DRD – Defina essa conversa em uma frase.
FILIPPE LOPES – As pessoas deveriam ter mais curiosidade sobre esse ramo, para que se possa entender de uma melhor forma como funciona o trabalho de um produtor de eventos. Muita gente acha que o nosso trabalho é só realizar um evento e levar uma mala cheia de dinheiro pra casa, mas, na verdade, não é nada disso. É um trabalho que vai muito além do que o público pensa.
