Nos grandes centros urbanos e mesmo em cidades de porte médio como é o caso da outrora Princesa do Vale, hoje uma rainha envelhecida, aglomerados habitacionais de forma desordenada exibem mazelas de todos os tipos, em desigualdade que ferem princípios elementares da dignidade do ser humano.
São os chamados loteamentos clandestinos, não aprovados por quem de direito e onde o esgoto corre a céu aberto, desprovido de água, luz e esgoto tratado, de segurança pública, de infraestrutura digna, enfim, completa ausência estatal e que se constitui de covarde violência do poder público. Este o Brasil dos tempos atuais. Continuamos a ser o país do futuro…
Como desgraça pouca é bobagem e na natureza nada se cria, tudo se copia, a toda poderosa CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – a tal de CBF, acaba de se transformar em verdadeiro Loteamento Clandestino a partir das eleições ocorridas no último domingo.
Se as favelas do Rio de Janeiro, que um dia foi a “Cidade Maravilhosa”, composição de André Filho, na voz marcante de Aurora Miranda é hoje dividida por regiões por grupos criminosos ou contraventores, a CBF acaba de ser loteada inicialmente em 3 facções, cada uma com seus projetos e objetivos nada republicanos, onde o que menos interessa é o futebol e seus verdadeiros atores.
Antes da redação final da ata eleitoral – mera formalidade de um processo viciado e imoral, o primeiro recado foi dado para as Federações Estaduais: a partir do próximo ano terão elas apenas 11 datas para realização de seus estaduais. Internação em CTI que se traduzirá em velório e sepultamento do futebol profissional em nosso país.
Pensem na PANTERA Valadarense montando comissão técnica, contratando grupo de atletas, enfrentando período de preparação para a disputa e tendo uma única certeza de que, no máximo, poderá realizar 11 partidas. E depois? A citação do clube valadarense é apenas um exemplo. Serve para todos os estados do país e seus clubes profissionais.
O tal de Samir Xaud se estabeleceu sobre uma fatia, naquilo que se denomina de parte administrativa; integrante da família ZVEITER, toda ela do mundo jurídico do Rio de Janeiro, se apoderou de uma outra fatia e integrante do clã do Sarney, abocanhou o que restou. Lindo e maravilhoso e “tamo conversado” dona Leila. Que vergonha.
Há algo de podre no reino da Dinamarca: a desistência de Ednaldo Rodrigues em continuar lutando junto ao Poder Judiciário para exercer o mandato para o qual foi eleito – ainda que de forma não republicana, permite conjecturas e comentários os mais diversos.
Quanto aos clubes das séries A e B de nosso futebol profissional, alinhados ou não alinhados no podre episódio do processo eleitoral mais rápido da história futebolística do país, querendo, têm oportunidade única para efetivamente organizarem a tão sonhada LIGA e conduzirem os destinos de nosso futebol, deixando os mequetrefes com a SELEÇÃO desfigurada.
Sem grande expectativa pela pouca formação e qualificação que dispõem a quase totalidade, também oportunidade rara para que atletas e ex-atletas se posicionem, participem e contribuam para que o futebol de nosso país saia do marasmo e do descrédito que desfruta atualmente. É querer muito seu Romário?
A POLITICAGEM e não a boa política que faz parte do relacionamento entre seres humanos, impregnada faz tempo na vida da CBF, nefasta e repugnante, aumentou e muito sua volúpia nos tempos atuais, prenunciando um longo período de sofrimento para os amantes do verdadeiro futebol. Ocorrerá algum milagre?
Qual o papel que a grande mídia tupiniquim adotará em relação a tanta falcatrua e desmando no futebol brasileiro? Apenas críticas e comentários pontuais? Têm interesses atrelados ao calendário da CBF? Alinha-se ao politicamente correto? Pobre futebol brasileiro.
Então, passado o fogo de palha, a clandestinidade própria de aglomerados urbanos e que é rotina em nosso país, chega com toda pampa nas entranhas daquilo que outrora era tido como a ‘alegria do povo’, o futebol. Foi ele loteado de forma clandestina. Uma pena.
(*) Ex-atleta
N.B. 1 – Que os Deuses do futebol continuem a iluminar Carlo Ancelotti neste momento inquietante em que se dispôs a comandar a seleção brasileira. Profissional ético, competente, educado e vitorioso, merece fazer sucesso na Terra de Santa Cruz.
N.B. 2 – É brincadeira não ver o nome de Mané Garrincha na lista dos maiores camisas 7 da seleção canarinha em trabalho divulgado. Parece 1º de abril. O “cara” não nos deu nada, né? Se vivo estivesse, NILTON SANTOS botaria a boca no trombone. Com razão.
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