(*) Luiz Alves Lopes
Recesso futebolístico no Brasil com período de férias concedidas aos “artistas da bola” (poucos, diga-se de passagem), o que fazem eles?
Participam de infindáveis jogos festivos e caritativos, em busca do necessário descanso. Vá entender este tal de atleta de futebol profissional!
No mesmo período, dirigentes esportivos, nem sempre de forma racional, promovem as mais variadas mudanças e alterações na definição de grupos de atletas para a temporada que se avizinha, a começar pelos estaduais. Dispensam e liberam sem ética e critérios, com uma frieza e indiferença de causar inveja a terroristas e outros do gênero. Um bando de despreparados. Desconhecem sentimentos e histórias. E depois falam de dignidade e respeito. Pobres criaturas! E ao contratarem, buscando melhorias no plantel, agem sob o manto do emocional, sem planejamento, fazendo loucuras. Fazem dos clubes “terreiros” de suas moradias. Praticam as mais gritantes aberrações e irresponsabilidades. Querem estar bem com o torcedor. Incapazes de elaborarem um bom projeto, investirem na “base”, realizarem contratações pontuais e terem tranquilidade para cumprirem os compromissos assumidos. Outros mais, cambaleando no buraco financeiro em que se meteram na temporada que se foi, ajoelham-se e se apegam à pequenina janela aberta por outros países (a janela de princípio de ano não é tão robusta como a de meados do ano), na tentativa de negociarem “algumas malas”, para equilibrarem suas finanças, fruto de insensatez e má gestão. Ocorre que os “compradores” (inclusive os chineses) passaram a adotar métodos e procedimentos que contemplam, com prioridades, a compra do passe de atletas em formação, e com idade que lhes permitam retornos consideráveis. Se organizaram, fazendo apenas negócios pontuais.
Se pelas bandas da terrinha de Santa Cruz, o futebol se deu férias, com as atenções voltadas para a Copa São Paulo – a chamada “Copinha” -, nos gramados do exterior a bola rola solta com os certames nacionais se desenvolvendo a todo vapor, ultrapassando a maioria sua metade. Por lá as contratações são pontuais, deixando para o final da temporada as grandiosas e milionárias transferências de atletas. Será o momento, certamente, que ocorrerá grande leva ou saída de craques brasileiros, desfigurando nossas equipes no meio da jornada. É a regra imposta pelo mercado. Não há como evitar.
Enquanto isto, ocorrem os desmontes em nossos clubes, em maior e menor escala. Cada um à sua moda, inclusive, com imposição de vaidades. Certamente, que a situação do “cabuloso” é a mais angustiante, assegurando pautas e mais pautas para uma mídia raivosa. Não deve ficar pedra sobre pedra. A temporada promete. E como promete!
Ah! Os treinadores brasileiros caíram em desgraça. Agora, o que presta tem que ser estrangeiro. Deus do Céu! Quem é mais passional: o torcedor ou o dirigente?
Nas Minas Gerais – descendo para o andar de baixo -, expectativa para o início do Módulo II do certame estadual. Aqui na terrinha de Serra Lima, o Esporte Clube Democrata figura entre os disputantes. Contratação de comissão técnica, grupos de atletas, planejamento elaborado, atividades iniciadas em razoável prazo, e vamos que vamos… Certamente, que um grupo com prazo de validade não superior a 90 (noventa) dias.
Temos dificuldades em falar sobre e do Esporte Clube Democrata. Desnecessárias as razões. Não sendo adivinho, imaginemos a comissão técnica aqui chegando, conhecendo as estruturas do clube e, certamente, ou por descuido, tenha ocorrida a seguinte pergunta ou indagação: qual é o plantel da equipe ou equipes de bases do clube?
Cena curiosa, constrangedora e surpreendente. De causar espanto.
Dificuldades existem. Continuarão a existir. Começaram com o nascimento da “IBITURUNA” e com ela cresceram. O que fazer? Sei não. A cidade e região têm valores. Como recrutá-los? Temos escolas de Educação Física na cidade? Estudantes se sujeitam a estágios? Ainda existem “mestres” sonhadores? Não poderia ser um projeto interessante?
O verdadeiro torcedor democratense, aquele da metálica, a partir de fevereiro, gostaria de estar no MAMUDÃO e gritar o nome de um conhecido (…Ziquita, Juvenal, Sílvio, Walber, Tiziu, Baiano, Alex, Borges, Robertinho, Wilson Mineiro, Mauro Botelho, Tico, Coquí, Pagani, Batistote, Gilmar, Jairo, Naldinho, Tó, Maninho, Vanderlei, Neguinha, Mateus, Bigorna, Marquinhos, Helinho, Hudson, João Carlos, etc, etc, etc. Não será desta vez. Quando será?
(*) Ex-atleta
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