A história de Governador Valadares, como a de milhares de outras cidades brasileiras, é pontuada por curiosidades, com destaque para os nomes de bairros, ruas e monumentos. Sim, são milhares: no Brasil existem 5.570 municípios e, se somarmos seus respectivos distritos, é bem provável que esse número dobre. Portanto, é muita história nesse pátrio mapa geográfico.
Nesse cenário, destaca-se o Bairro Cidade Jardim Senhora do Carmo. Sim, o que poucos valadarenses sabem é que este é o nome oficial da Ilha dos Araújos. De acordo com o advogado Renato Leite, que trabalhou por muitos anos, a partir de 1962, no Cartório de Notas, Registros de Imóveis e Tabelionato, a Ilha pertenceu à família Araújo, que vendeu uma parte para o Sr. Odilon de Magalhães Barbalho e outra parte para a Construtora Carmo S/A, de Belo Horizonte, que era presidida pelo Dr. Justino Carmo da Conceição Júnior.
No início dos anos 60, a Construtora Carmo, juntamente com o Sr. Odilon, fez o loteamento de toda a Ilha, que passou a se chamar dos Araújos. A ponte que liga o ilhéu ao continente foi construída na mesma época do começo de sua urbanização.
Outra curiosidade diz respeito ao nome Vila Isa. O bairro tem esse nome porque toda aquela área, do outro lado da ponte do São Raimundo, era de propriedade da empresa Imapebra S/A. O loteamento foi feito em função do asfaltamento da BR-116, surgindo uma vila que recebeu esse nome devido à somatória da letra “I”, de Imapebra, + “S/A”, de Sociedade Anônima. A ponte foi construída na década de 40, sendo a primeira ponte rodoviária do município. Isso significa que, somente 80 anos após sua edificação, ela será duplicada, em função do aumento significativo do movimento de veículos.
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Quanto ao nome das ruas da cidade, o poder político optou pelos nobiliárquicos, que se referem à nobreza e tradições. Na área central, exceto o nome de Serra Lima, pioneiro que contribuiu com o projeto da área central da cidade e que dá nome à praça, algumas ruas homenageiam personagens de elevado posicionamento histórico brasileiro. Por exemplo, a Barão do Rio Branco (1845-1912), que foi advogado, diplomata, historiador, Ministro das Relações Exteriores durante o governo de quatro presidentes e membro da Academia Brasileira de Letras – ABL.
A rua Dom Pedro II homenageia o príncipe que foi o segundo e último imperador do Brasil, reinando de 1840 a 1889, quando foi deposto e instituída a República. Importante para o desenvolvimento do país, Dom Pedro II era culto, promoveu significativos avanços na infraestrutura, economia, educação, artes, ciências e participou ativamente do movimento de abolição da escravatura. Nasceu no Rio de Janeiro em 1825 e morreu em Paris em 1891.
Já a rua Arthur Bernardes homenageia o mineiro nascido na cidade de Viçosa-MG, em 1875, e falecido em 1955 na cidade do Rio de Janeiro. Foi advogado, político, 12º presidente (governador) de Minas Gerais (1918-1922) e 12º presidente do Brasil (1922-1926). Em sua longa trajetória política, foi o principal líder do Partido Republicano. Como presidente (governador) de MG, fundou a Universidade Federal de Viçosa e se opôs ao investidor norte-americano Percival Farquhar, que pretendia explorar minério de ferro em Itabira, fundamentado em seu perfil nacionalista/municipalista.
Olegário Dias Maciel nasceu em Bom Despacho-MG, em 1855, e faleceu em Belo Horizonte, em 1933. Foi engenheiro e político, um dos líderes da Revolução de 1930, que conduziu Getúlio Vargas ao poder no Brasil, e presidente (governador) de Minas Gerais entre 1927 e 1930. Formado em engenharia, foi superintendente da Companhia Belga da Estrada de Ferro Pitangui-Patos, juiz de paz em Patos de Minas e, em sua homenagem, vizinha a esta cidade, foi criado o município de Presidente Olegário.
Ribeiro Junqueira (José Monteiro) nasceu em Leopoldina-MG, em 1871, e faleceu no Rio de Janeiro, em 1946. Foi advogado, magistrado, agropecuarista, banqueiro e político. Em 1894, elegeu-se deputado estadual, sendo reeleito em 1898. Foi prefeito de Leopoldina em 1903 e, nesse mesmo ano, elegeu-se deputado federal por MG, sendo reeleito sucessivas vezes até 1930. Em 1905, fundou a Companhia Força e Luz Cataguases-Leopoldina e, em 1933 e 1934, participou da Assembleia Nacional Constituinte. Em 1935, foi eleito senador e atuou também como secretário da Agricultura de MG.
(*) Crisolino Filho é escritor, advogado e bibliotecário | E-mail: crisffiadv@gmail.com | Whatsapp: (33) 98807-1877 | Escreve nesse espaço quinzenalmente
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