[the_ad id="288653"]

Fragmentos de uma caminhada terrena

por Luiz Alves Lopes (*)

De repente, mais do que de repente, tomamos conhecimento do texto da lavra de Paulo Machado de Tarso sintetizando toda a sua caminhada na TV valadarense por anos e anos, registrando agradecimentos, coisa rara nos dias atuais, e comunicando, se bem entendido, o encerramento de sua caminhada em termos de TV. É o que deu a entender.

De seus amigos e admiradores, como não poderia deixar de ser, recebeu elogios, reconhecimentos e agradecimentos, todos já saudosos de seus programas pela qualidade, afora espaço concedido aos mais diversos segmentos valadarenses.

Esse nordestino retado, amante de uma boa seresta, da rica comida de sua terra, de fala mansa, porém não menos contundente, portador do dom do agradecimento, fez e faz de Governador Valadares sua terra, fazendo inveja a muito filho legítimo da terra de Serra Lima.

Por anos e anos, as noites dos domingos nos reservavam um programa tido como esportivo, porém, recepcionando espaço para todos os tipos de clamores. As instituições assistenciais e filantrópicas que o digam. As associações de moradores, idem. Pequenos promotores de eventos, também. Artistas iniciantes ou pretendentes, sim senhor.

Por uma questão de justiça, diante de tantos nomes mencionados em seu comunicado, Hormando Leocádio à parte, há de se registrar o companheirismo e cumplicidade dos professores Levindo Braga e Matemático, suportes garantidores do programa Terceiro Tempo. Eita trio ‘parada dura’! Nem Carlos Thebit aguentava.

É de sabença geral que Paulo de Tarso ganhou a confiança do valadarense pela maneira correta, eficiente e transparente de noticiar os efeitos das enchentes, orientando sem estardalhaços. Seus dados e números eram oficiais.

Na cena política, não era e não foi diferente. Manteve-se sempre atualizado e dominava a legislação como poucos. Deve ter feito fortuna com as assessorias que prestava e que não eram poucas. E a marcha das apurações? Por demais eficientes.

No mundo da bola, convivendo com dirigentes, torcedores, funcionários de clubes, atletas de renome e pernas de pau, a todos dispensava o mesmo tratamento respeitoso, com uma paciência de Jó. Um apaixonado da Pantera e admirador do imperador da S.R.Filadélfia.

Em seu programa esportivo nas noites de domingo, “a boleirada e o seu ENCONTRO anual” sempre tiveram espaço em quantidade; a Associação Santa Luzia dele se utilizava para fazer seus pedidos de doações; e a APAC, às escondidas do Carlos Thébit, também teve todo tipo de receptividade. O coração do Paulo de Tarso sempre esteve direcionado em fazer o bem. E o fazia.

Por incrível que pareça, a pandemia, que insiste em perdurar, provocou mudanças e relacionamentos novos e diferentes, em especial nos virtuais. Paulo se aproximou dos doutores CATUABA e BATATA, filhos de gente grande, e ao lado de integrantes do andar de baixo, tem feito acontecer.

Para encurtar a conversa, integra ele nos dias atuais o Conselho Municipal do Idoso e demonstra entusiasmo incomum. Novos tempos à vista para instituições e abrigados é a meta dos conselheiros. Paulo de Tarso se mostra otimista.

Há diferentes formas de ver e viver a vida. Há aqueles que pregam um simplório recolhimento com o fechamento das cortinas sobre o palco. Outros, pelo contrário, mediante reflexão profunda, constatam que podem sim, e muito, continuar concorrendo
para a alegria do outro, principalmente quando este outro está prestes a sucumbir.

Pode ser sim que a televisão seja um pedaço da caminhada terrena de Paulo de Tarso Machado e que tenha ficado para trás. Mas sonhos outros e motivações certamente existem e permanecem na alma e coração deste nordestino porreta. O que será que o futuro nos reserva? Aguardemos.

Nós, os de idade avançada, em nossos tempos de atletas, não tivemos o privilégio de conviver com o entusiasmo e participação de Paulo de Tarso. Nossas histórias, nossas celeumas e nossas muitas conquistas não foram presenciadas e registradas pelo filho do Machadão. Delas tomou e continua tomando conhecimento através de bate-papos e narrativas de outros, ainda que muitos requentados. Fazer o quê?

O mundo esportivo de Governador Valadares e inúmeros outros segmentos reconhecem e são agradecidos a Paulo de Tarso Machado por tudo de bem que fez ou procurou fazer pelo esporte da cidade, instituições e sua gente. Certamente continuará fazendo e dando o seu melhor em novas frentes. Um fragmento ficou para trás. Outros estão pela frente. Vida que segue.


(*) Ex-atleta

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

[the_ad_placement id="home-abaixo-da-linha-2"]

LEIA TAMBÉM

Cuide do cap table da sua startup

🔊 Clique e ouça a notícia A distribuição de ações em uma startup pode influenciar significativamente seu potencial de investimento e a forma como ela é percebida pelos investidores. Inclusive,

Igreja viva

🔊 Clique e ouça a notícia Caros irmãos e irmãs, desejo que a ternura de Deus venha de encontro às suas fragilidades e os apascente de muito amor, saúde e

Se o esporte é vida e educação…

🔊 Clique e ouça a notícia Luiz Alves Lopes (*) Doutos, cultos e muitos que se dizem entendidos das coisas mundanas, enchem e estufam o peito para dizer que “o