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Ferrovia, selva e doenças: a construção da Estrada de Ferro Vitória a Minas

por redacao
setembro 19, 2021
dentro HARUF SALMEN
Reading Time: 5 mins read
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Ferrovia, selva e doenças: a construção da Estrada de Ferro Vitória a Minas
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por Prof. Haruf Salmen Espindola*

Vamos completar a história sobre “O Desbravamento das Selvas do Rio Doce”, do engenheiro Ceciliano Abel de Almeida (1878- 1965), publicado em 1959. No último artigo tratamos do engenheiro Nestor Gomes, responsável pelo serviço de alinhamento e topografia do terreno do trecho entre a atual Conselheiro Pena e Governador Valadares, que em 1907 era uma área de “febres sinistras”, que “campeavam, imobilizavam o chefe, os ajudantes e os jornaleiros”. O engenheiro e os trabalhadores foram obrigados a interromper os serviços e se recolher na vila de Figueira (Governador Valadares), devido aos ataques de doenças (malária e febre amarela). Porém, Nestor Gomes acabou falecendo em função da doença que contraiu no serviço, sendo o mais provável de febre amarela. Ele deixou o serviço pronto; porém, era preciso achar engenheiros e trabalhadores para fazerem a locação da estrada de ferro e dar início à construção, inclusive do pontilhão sobre o rio Doce, que permitiria que os trilhos chegassem a Figueira. A Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), no entanto, tinha um enorme problema: não encontrava engenheiro disposto a assumir o serviço e que se “atrevesse a penetrar a mata pestilenta, onde se sacrificara o Dr. Nestor Gomes”. 

A direção da EFVM pediu que o chefe da Divisão na qual trabalhava Ceciliano conversasse com ele para aceitar o trabalho na “região paludosa” (malária e febre amarela). Ceciliano, que esperava uma promoção e condições de trabalho que permitissem melhores condições para a família, conta que aceitou constrangido a proposta, e desabafa: “depusemos em Deus a nossa guarda”. Ceciliano recorreu ao médico da construção, João dos Santos Neves, pai do futuro governador do Espírito Santo, Jones dos Santos Neves (1943-1945 e 1951-1952). Ceciliano pediu que o médico “indicasse medidas preventivas contra o paludismo” (malária, também chamada de sezão e maleita). O médico aconselhou: “Evite os focos, não vá aonde houver a sezão, não vá embrenhar-se na mata, rio acima. Não seja imprudente.” O jovem Ceciliano apenas respondeu que já tinha se comprometido e que iria, apesar dos perigos. Mesmo aborrecido e desgostoso com a incumbência dada pela Companhia, incumbência que os outros engenheiros recusaram, ele foi e cumpriu a missão assumida.

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O primeiro trabalho foi organizar equipe composta por um ajudante, dois seccionistas, um feitor e trinta trabalhadores dispostos e bons de serviço. Ele transmitiu as recomendações do médico e, pessoalmente, procurou garantir que os operários usassem cortinados e tomassem as pílulas de sulfato de quinina. Um dos trechos mais assustadores correspondia ao distrito de Barra do Cuité, na foz do rio Cuité (atual rio Caratinga). No local estava localizado um do quartéis da Sexta Divisão Militar do Rio Doce, criada pelo príncipe regente Dom João para promover a ocupação do Vale do Rio Doce. Ceciliano conta que havia clareira na qual o “capim-gordura alastrava-se, refletida em cor esbranquiçada, como se estivesse permanentemente orvalhada”. Além dessa informação, a presença da atividade humana no local, ao ponto de a floresta não ter se regenerado, ele informa que encontrou “vestígio do quartel aí estabelecido pelo governo anterior”. Fora a pequena área desmatada e dominada pelo capim gordura, no restante da paisagem “imperava a mata virgem”. No começo, passados 10 dias, sem registro de casos de malária, parecia que “a coisa não é tão feia como se pinta”.

A tranquilidade durou pouco, pois os “febrentos” começaram a aparecer e “dia a dia se multiplicam os acessos de sezões que avassalam aqueles infelizes”. Segundo Ceciliano, havia noites em que o delírio simbolizava o paroxismo em seus sofrimentos e, quando a aurora rasgava, embora trôpegos, até à barranca do Cuieté se deslocavam alguns, que, encorujados, aguardavam os raios do sol”. Vou deixar falar o jovem engenheiro: “À noite, nas tarimbas de paus roliços, gemiam e tresvariavam os atacados pela febre, que recrudescia, e confissões inesperadas surgiam. A um pardavasco robusto, de musculatura de aço, ouvimos: ‘seu doutor, me perdoe, eu sou curpado. Eu sentia muito calor e por isso tirava o mosquiteiro e deixava as muruçocas picarem meus pés. Não obedeci ao seu doutor. Me descurpe seu doutor.’ Outro, negro de dentes alvos ornando gengivas ebâneas, revela-nos em soluços, e em lágrimas, que rolavam pelas faces azevichadas e ressequidas: ‘vosmecê punha a pila de sulfato na minha boca, mas eu não engolia, escondia debaixo da língua e atirava depois para longe, por mode eu não queria ficar surdo’.”

Esses homens “acossados de malária” indicavam a causa conforme a crença predominante na época: “o banho no rio, a água do brejo ou da lagoa, a fruta silvestre comida sem estar sazonada…” Segundo Ceciliano, os trabalhadores apenas “admitiam a transmissão pelo mosquito” na sua presença, para agradar e não contrariar o doutor engenheiro. Os últimos dez quilômetros que estavam na responsabilidade de Ceciliano foram “locados à custa da singular abnegação de homens cuja saúde está arruinada pela malária”. Além do inferno dos “carrapatos, mucuins, mosquitos, mutucas e, principalmente, os lambe-olhos, que, também, entram pela ocular da luneta, impedindo-nos de enxergar a baliza aprumada no picadão”. O desespero levou ao uso exagerado da quinina (remédio usado contra malária). No final, o serviço foi concluído, a custa da substituição dos trabalhadores cuja doença atingia ao ponto de não poderem continuar. “O termo de nossa tarefa sorri em um sábado esplendoroso, que contrasta com as faces embaciadas daqueles infelizes, sempre pacientes em esperar os terríveis acessos intermitentes, sempre em demasia agradecidos à pouca terapêutica, que lhes oferecíamos.” Depois desse serviço, contrariado, Ceciliano solicitou as férias, para visitar os pais e ir ao Rio de Janeiro. Chamado de volta, preferiu se demitir da Companhia.

foto ponte……..

Ponte sobre o rio Doce, abaixo da vila de Figueira, terminada em 1910. Registro fotográfico feito a partir da margem esquerda, podendo se ver a silhueta da Ibituruna ao fundo. Fotografado pelo engenheiro Álvaro da Silveira, em outubro de 1911, publicado no livro Memórias Chorographicas, pela Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, em 1922.

foto trem….

Trem de ferro parado na entrada da ponte sobre o “pestífero” rio Cuieté. Registro fotográfico do engenheiro Álvaro da Silveira, em outubro de 1911, publicado no livro Memórias Chorographicas, pela Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, em 1922.


* Professor do Curso de Direito da Univale; professor do Programa de Mestrado em Gestão Integrada do Território – GIT; doutor em História pela USP.

Tags: diariodoriodocedrdestradadeferrovitoriaaminasharufsalmen
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