Dileymárcio de Carvalho (*)
Assim como do ponto de vista da psicologia a personalidade não nasce pronta, com a personalidade profissional não é diferente. E cada pessoa pode se encontrar em um nível diferente de desenvolvimento, surgem então os grandes conflitos relacionais no trabalho. A grande diferença é que ao contrário da estrutura psíquica individual, a estrutura psíquica para as relações no ambiente de trabalho deve, precisa e pode ser desenvolvida como a busca de uma personalidade adequada para se relacionar com o “outro” profissionalmente, pela necessidade de adaptação.
E esse é sem dúvida o maior desafio individual dos profissionais e também dos líderes. Primeiramente entender de qual personalidade está diante. Muita gente vive ainda no básico do desenvolvimento da sua personalidade: suas reações, comportamentos e conduta mostram instintos básicos do ser humano, como impulsos não controlados, e a busca de necessidades básicas, que orientam os seus objetivos e passam por cima do outro.
Como analisar essas personalidades das pessoas no trabalho? Descobrindo o que elas buscam. Muita gente está mesmo no nível básico da existência humana, e não só por questão de sobrevivência ou dignidade, mas porque ainda não evoluiu em sua personalidade. O prejuízo para quem convive com elas é certo.
Um desenvolvimento um pouco melhor da personalidade mostra que algumas pessoas começam a passar dos desejos dominantes centrados na individualidade para reconhecer que existe um “outro” e que não é possível que o “outro” faça só aquilo que eu quero. Mas também aqui, o campo relacional ainda não é o adequado.
O entendimento de como a minha personalidade domina as minhas emoções, mostra que há sempre o “outro”. No ambiente corporativo é a ideia de que cada um tem sua história pessoal e não apenas habilidade e competências técnicas.
Em estado de desenvolvimento de personalidade eu consigo entender que o “outro” sofre e sente diferente de mim. E que uma emoção vivida se espalha por toda a minha existência, que não apenas a profissional.
Então, quando olho para alguém no ambiente de trabalho, preciso pensar em que estado de desenvolvimento e evolução de personalidade esse profissional se encontra. E isso faz toda a diferença, tanto para líderes, como individualmente. Mas é preciso agir no ambiente do trabalho para que a personalidade profissional seja cronologicamente a mais desenvolvida possível, ainda que a personalidade psíquica individual não tenha crescido.
Mas isso é possível? Sim! Comportamentos são aprendidos. Discriminar esses comportamentos é um reforçador importante para uma convivência saudável diante de personalidade em níveis tão diferentes.
Dileymárcio de Carvalho – Psicólogo Clínico Comportamental- CRP:04/49821 E-MAIL: contato@dileymarciodecarvalho.com.br
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